Afinal de contas, impeachment é golpe?

Do Audiovisual pela Democracia, via facebook

 

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Afinal, impeachment é golpe?

Sem spoilers nos comentários, hein?(Juca Kfouri cedeu sua narração gratuitamente. Este vídeo não foi criado nem financiado por nenhum partido político, empresa offshore, federação de indústria ou organização vinculada.)

Publicado por Audiovisual pela Democracia_SP em Quinta, 31 de março de 2016

 

 

 

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Em 2016, uma questão paira sobre o Brasil: impeachment é golpe ou não é?

Um lado parece dizer que sim.

O outro lado perguntou a um figurante do Piratas do Caribe e alguns juízes, que parecem dizer que não.

Afinal, qual lado está com a razão? Se parece difícil dizer, é por um motivo muito simples: os dois não estão falando sobre a mesma coisa.

Já que todo mundo fala sobre “Fla-Flu político”, vamos usar o futebol para demonstrar.

A política brasileira hoje é um jogo de várzea bem feio, empatado em zero a zero, mas o mandante ainda tem a vantagem, porque venceu a partida anterior.

Os dois times estão jogando na canelada, mas o atacante do adversário extrapola: já cometeu umas dez faltas dignas de expulsão.
O juiz, infelizmente, ao invés de expulsá-lo de uma vez, continua só dizendo “estou de olho, hein?”. O que deixa uma parte da torcida furiosa – com toda a razão.

Eis que esse atacante, o mais antiesportivo da partida, juntou todo seu time pra exigir a expulsão da capitã adversária – por ironia, a única que ainda não cometeu falta em campo. O motivo pra expulsá-la?

Ela pisou na linha cobrando uma lateral.

Uma falta leve, que se fosse motivo pra expulsão mesmo, ia ter que tirar uns 16 jogadores de campo.

Agora pense: como você reagiria se quisessem expulsá-lo por uma lateral, que um monte de gente já cobrou exatamente do mesmo jeito sem problemas? Você diria que a expulsão é um absurdo, claro. (Ou “golpe”, pra deixar mais dramático.)

Aí os comentaristas do jogo, que ainda fingem não torcer pra ninguém, chamam um especialista para dizer que não, a expulsão não é absurda, porque o cartão vermelho existe e está previsto nas regras.

Percebe que não é a mesma coisa que se está falando?

Ninguém disse que todas as expulsões são ilegais. Um lado só está dizendo que essa expulsão, sem existir falta grave, é ilegal.

Já o outro está respondendo que essa expulsão não é ilegal, porque o jogo prevê expulsões. Ponto.

É como dizer “ei, você não pode prender alguém por levar vinagre na mochila e usar lenço hipster no pescoço!”

E o Eros Grau te responder “desculpa filho, tá escrito na lei aqui que a polícia pode prender pessoas”. 

Não é a mesma coisa, deu pra entender?

Então essa é a situação do jogo. Se você torce pra um time ou outro, ou quer mesmo que os dois sejam eliminados, é totalmente seu direito.

Só não esqueça que vitória roubada não é legítima. Que se as regras não forem respeitadas, nenhuma partida será mais possível. E que uma expulsão ilegal, a essa altura do campeonato, vai fazer as torcidas quebrarem tudo no estádio, com grandes chances de tragédia.

Se você acha que vale a pena arriscar tudo isso só pra ver seu adversário derrotado… Sinto dizer, mas não estamos no mesmo time.

(Juca Kfouri cedeu sua narração gratuitamente. Este vídeo não foi criado nem financiado por nenhum partido político, empresa offshore, federação de indústria ou organização vinculada.)

Redação

3 Comentários

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  1. É GOLPE – por Walter Bom Braga
    O impeachment, é um mecanismo previsto na constituição, que é acionado quando um agente público, pratica algum ato COMPROVAMENTE ilícito, durante a vigência do mandato. Então, para justificar o impeachment da Dilma ela tem que ter cometido comprovadamente, algum delito de 01/01/2015 em diante. A regra é bem clara, como diz Arnaldo. A constituição, a carta magna que rege nossa democracia não permite arroubos de fúria ou deformações plásticas, para atender a vieses ideológicos e partidários. Quais são as acusações que embasam o pedido de impeachment da Dilma? Até agora, a única coisa que pesa contra Dilma, é que ela teve as contas do ano de 2014 rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Segundo o TCU, a Dilma cometeu pedaladas fiscais em 2014. As pedaladas fiscais, também conhecido como contabilidade criativa, é o ato de deixar um débito em aberto no banco (Caixa Econômica Federal-CEF), para utilizar o dinheiro presente no caixa do governo para cumprir a meta de superávit fiscal. A lei de responsabilidade fiscal, dizia que o governo era obrigado a poupar 1,1% do PIB para fazer o superávit primário necessário para pagar os juros da dívida pública. O TCU afirma que o governo em 2014 não cumpriu essa obrigação, pois embora tivesse o dinheiro no caixa durante o exercício fiscal, o governo também possuía débitos nos bancos, que descontando do valor presente no caixa do governo, não atingia o valor estabelecido pela lei pela de responsabilidade fiscal. As pedaladas fiscais não causaram danos aos cofres públicos, porque, mesmo mantendo um longo período de débito em aberto, o que propiciaria juros para os bancos, e com isso aumento do gasto do governo, os empréstimos foram realizados na CEF, que é uma intuição totalmente pública. Ou seja, nesse período o governo pagou juros para ele mesmo. Sem perdas. Essas transferências de fundos do governo para a CEF eram realizadas para pagar os programas sociais, que em determinado período de tempo oscilava entre positivo e negativo. Segundo o governo, o saldo final foi positivo (atravessando o período fiscal) que significa que a CEF pagou mais juros para o governo que o contrário, mas isso pouco importa. O problema é que quase todos os governos federais, estaduais e municipais, alguma vez, já praticaram as chamadas pedaladas fiscais e isso nunca foi considerado delito. Dos militares, passando por FHC e por Lula, todos também fizeram isso. O governador Pezão, do Rio de Janeiro, governa atualmente a base de empréstimos bancários, pedala mês a mês para pagar as contas. A oposição, conseguiu a reprovação no TCU, coisa que os outros nunca fizeram. Fruto da sanha revanchistas dos derrotados nas urnas. Tudo bem. Vamos considerar o parecer do TCU como verdadeiro. Mesmo assim, isso não justifica o impeachment da Dilma por uma série de questões, que irei explicar a seguir. Primeiro que o TCU é um órgão auxiliar. Não é ele que aprova ou desaprova as contas do governo federal. Ele apenas indica um parecer. As contas são aprovadas em uma sessão conjunta da Câmara dos Deputados com o Senado Federal. As contas de 2014 ainda não foram julgadas por ambas as câmaras do poder legislativo. Portanto o parecer do TCU não é definitivo. Segundo. Mesmo que os poderes legislativos desaprovem as contas de 2014, isso não serve para o impeachment, pois esse ano fiscal é referente ao mandato que se encerrou, não ao que ela exerce atualmente. Como a vontade de derrubar a Dilma é muito grande, eles anexaram ao pedido de impeachment, um parecer parcial indicando que as pedaladas fiscais também ocorreram em 2015. Só que existem alguns detalhes bem interessantes. O TCU não julgou as contas de 2015, então, esse parecer parcial não tem validade para o pedido de impeachment já aceito por Eduardo Cunha. Como explicado anteriormente, as competências para julgar as contas do governo são das câmaras do poder legislativo. Se não foram julgadas nem as de 2014, quiçá as de 2015. O mais interessante vem agora. O governo antes de fechar o ano fiscal de 2015 alterou a lei de responsabilidade fiscal, (aprovada pelo legislativo) reduzindo a obrigação do superávit de 1,1% para 0,5% do PIB e também quitou todos os débitos em abertos. Dessa forma, sabe-se lá quando, o TCU ou as câmaras do legislativo forem analisar o ano fiscal de 2015, não encontrarão as pedaladas fiscais, durante o período vigente do referido ano fiscal. Essa análise só pode ser realizada balizada pelo exercício fiscal do período integral, jamais parcial. Não se tratou de manipulação ou de esconder evidências, pois o governo tem todo período fiscal para se adequar, de uma forma ou de outra. O impeachment é quase um elemento quântico (tal qual, o gato de schrodinger), que alterna entre a legalidade e o golpismo. Pedir o impeachment, não é golpe. Eu ou qualquer cidadão desse país pode requerer o impeachment de qualquer político. É necessário escrever um documento discorrendo sobre as motivações, acrescentar as provas e protocolar na respectiva câmara legislativa. O presidente da câmara, terá que aceitar ou recusar, com base nas denúncias e nas provas apresentadas e principalmente, em obediência com a constituição federal. Forçar a barra para engendrá-lo por motivações políticas abjetas, sem embasamento conclusivo e concreto é golpe. Os políticos de oposição conhecem muito bem esses argumentos que eu apresentei, os analistas da grande mídia também, mas gostam de tergiversar, sob a frágil alegação de que o impeachment é um processo político. Não senhores, isso é mentira. O impeachment é um processo político que deve obedecer estritamente a premissa jurídica de que houve comprovadamente, algum ato ilícito praticado de forma dolosa pelo mandatário em questão, durante o mantado vigente. Não existem argumentos que subtraia o substitua essa necessidade. O pedido de impeachment acolhido pelo Eduardo Cunha, definitivamente não cumpre a necessidade SINE QUA NON para ir a diante, pois se apoia em fatos parciais e ainda não conclusivos e, portanto, legalmente, não deveria sequer, ter sido aceito. As motivações políticas foram o que permitiram essa brecha, através da criação de uma atmosfera altamente explosiva, de ódio e de iminente violência e coerção, alimentada por uma mídia parcial e historicamente sem compromisso com a democracia.

     

  2. A falta da Dilma não é tão

    A falta da Dilma não é tão levinha assim não, apenas cobrar lateral pisando na linha. Tá mais para uma cotovelada sem bola. E com histórico de entradas duras nas divididas.

  3. Parabéns

    A voz parece ser Juca Kfouri. Parabéns pela didática e pela postura e independência diante da CBN da Globo, maldosamente ontrária ao govwerno.

    Parabéns !

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