Valor: O seu governo fala numa tempestade perfeita na economia. O que é isso para Equador? Podese generalizar para toda a região?
Rafael Correa: A região está passando por um momento duro, mas não se pode generalizar a situação do Equador por um motivo simples: os demais países têm moeda nacional, e o Equador não. Nossas exportações desabaram, basicamente, mas não apenas, por causa do petróleo. Há o atum, o camarão, até a banana. Isso fez com que em 2015 perdêssemos US$ 7,4 bilhões em exportações, cerca de 7,4% do PIB. Além disso, perdemos fontes de financiamento externo.
Só isso já seria uma tempestade perfeita. Mas houve outros fatores naturais. Houve a erupção do vulcão Cotopaxi [em agosto de 2015], o fenômeno El Niño e o terremoto de abril deste ano. Só o terremoto implica uma queda do PIB de 0,7 ponto. Foi duríssimo. Houve ainda o colapso do mercado russo, um dos nossos principais mercados não petroleiros, e a desaceleração da China, um importante financiador do Equador. Frente a esses choques externos, o instrumento mais eficiente, mais imediato com que responder é a taxa de câmbio, o que não temos.
Valor: Quais são as vantagens de ter o dólar?
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