Salve, São Jorge!, por Mara L. Baraúna

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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23 de abril, dia de São Jorge

por Mara L. Baraúna

É o santo padroeiro em diversas partes do mundo: Inglaterra, Portugal, Geórgia, Catalunha, Lituânia, Sérvia, Montenegro, Etiópia, das cidades de Londres, Barcelona, Génova, Reggio di Calabria, Ferrara, Friburgo em Brisgóvia, Moscou e Beirute, extra-oficialmente, da cidade do Rio de Janeiro (título oficialmente atribuído a São Sebastião) e da cidade de São Jorge dos Ilhéus, além de ser padroeiro dos escoteiros e da Cavalaria do Exército Brasileiro. Há uma tradição que aponta o ano 303 como ano da sua morte. Apesar de sua história se basear em documentos lendários e apócrifos (decreto gelasiano do século VI), a devoção a São Jorge se espalhou por todo o mundo.

A lenda medieval que fala de São Jorge, o dragão e a princesa.

Jorge era filho de Lorde Albert de Coventry e sua mãe teria morrido ao dar à luz. O recém nascido Jorge teria sido roubado pela Dama do Bosque para que pudesse, mais tarde, fazer proezas com suas armas. O corpo de Jorge possuía três marcas: um dragão em seu peito, uma jarreira em volta de uma das pernas e uma cruz vermelho-sangue em seu braço. Ao crescer e adquirir a idade adulta, ele primeiro lutou contra os sarracenos e, depois de viajar durante muitos meses por terra e mar, foi para Sylén, uma cidade da Líbia.

Nesta cidade, Jorge encontrou um pobre eremita que lhe disse que toda a cidade estava em sofrimento, pois lá existia um enorme dragão cujo hálito venenoso podia matar a todos. Sua pele não poderia ser perfurada nem por lança e nem por espada. O eremita informou que todos os dias o dragão exigia um sacrifício de uma bela donzela e que todas as meninas da cidade haviam sido mortas e agora só restava a filha do rei, Sabra, que seria sacrificada no dia seguinte ou dada em casamento ao campeão que matasse o dragão.

Ao ouvir a história, Jorge ficou determinado em salvar a princesa. Ele passou a noite na cabana do eremita e quando amanheceu partiu para o vale em busca do dragão. Ao chegar lá, viu um pequeno cortejo de mulheres lideradas por uma bela moça vestindo trajes de pura seda árabe. Era a princesa, que estava sendo conduzida pelas mulheres para o local do sacrifício. Jorge se colocou na frente das mulheres com seu cavalo e convenceu a princesa a voltar para casa.

O dragão, ao ver Jorge, sai de sua caverna, rosnando tão alto quanto o som de trovões e acaba morto por Jorge, que enterra sua lança na garganta do bicho.

O rei teria que dar sua filha em casamento a Jorge, mas como não queria casá-la com um cristão, envia o guerreiro para a Pérsia e ordena que seus homens o matem. Jorge se livra do perigo e rapta a princesa Sabra levando-a para a Inglaterra, onde se casa e vive feliz com ela até o dia de sua morte, na cidade de Coventry.

Conheça as representações de São Jorge em diferentes culturas 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

10 Comentários

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  1. Interessante o destaque que o

    Interessante o destaque que o blog deu a São Jorge, não sei por que? Imagino que seja porque S.Jorge tenha sido sincretizado pelas religiões africanas, só pode. Ademais, o cristiaismo tem um ou 10 santos para cada dia, no catolicismo tem inflação de Santos, vai de São Francisco a Santo Inácio, passando pela Santa Paulina de Nova Trento, SC, Brasil….
     
    Antes das pedras, digo que  ninha falecida mãe era devota (católica mas camdoblesista)  de São Jorge, na nossa sala de estar era muito boniito um quadro do Santo Guerreiro..

     

  2. Nassif,
    Anos atrás você

    Nassif,

    Anos atrás você sempre abria espaço de relatos de cenas do interior brasileiro. Eram relatos interessantes sobre causos e ocorrências de cenas pitorescas de gente simples, base da sociedade brasileira, para lembrar do saudoso Darci Ribeiro. O leitor já está de saco cheio com o factual (notícias e comentários sobre Politica, Economoa, etc.).Que tal quebrar essa monotonia com relatos pitorescos sobre o interior do Brasil. As futuras gerações hão de agrdecer-le. De um brasili de brasilidade, Otavio Barros

    1. Mano Jair, na Bahia o

      Mano Jair, na Bahia o sincretismo de São Jorge é com Oxóssi, o caçador de uma só flecha, irmão mais novo de Ogum que tem um talento nato com o arco e flecha. Ogum entre os baianos é sincretizado com Santo Antônio, também um santo guerreiro. Embora cada vez mais os adeptos mais tradicionalistas das religiões de matriz africana repudiem o sincretismo, ele ainda é muito presente na cultura popular.

    2. É Òssowisí

        Na musica “Cavaleiro de Aruanda” , composta pelo Toni Osanah ( se eu não me engano um argentino ), ele se refere a uma variedade do Òri´sa Oxossi, que na cosmogonia yorubá daomeana, adaptada ao Brasil ( Bahia, Pernambuco, Maranhão), como um cavaleiro, um ginete caçador, que nas rodas de santo, nas nações ketu, gege, gege-nago, é conhecido como Oxossi – Ibualama.

         Esta variedade de “caçador” ( em algumas casas de santo é conhecido como Odé – Ibo ), quando da a saída no “santo”, o toque é de Oxossí, mas ele vem com chapéus de vaqueiro,  adereços em couro crú, dançando como se estivesse em cima de um cavalo, e ao contrario da dança das outras variedades de Oxossí, seu arco sempre deriva na caça para baixo, como se procura-se a caça de cima de um cavalo – em “saídas de santos” com varios Oxossis, Oguns e Xangos, o filho de Ibualama, sai por ultimo, e como é “velho”, “dança” ( faz o “xirê” ) acompanhando os “daomeanos”, e Oxalá – Lufã.

          No sudeste, o culto a esta variedade de Oxossí, é raro.

           P.S. A “lenda” :  Foi voz corrente nos terreiros de São Paulo, final dos anos setenta, que o Toni fez o “Cavaleiro de Aruanda” sob encomenda do Ronnie Von, pois este sofreu uma doença grave, e quem auxiliou em sua recuperação foi um Pai de Santo que se dedicava a Ibo, e que Ronnie ( ” O Principe ” ), é filho de Oxossí – Ibualama – portanto um chato.

      1. Valeu, junior50. A lenda que

        Valeu, junior50. A lenda que conheço, e difundida pelo próprio Tony Osanah, é a seguinte: Tony estava na pior, em SP, quando encontrou um camarada na rua que lhe disse pra ir a um terreiro. Ele foi, ficou impressionado, inspirado, foi pra casa e fez a música, que Ronnie Von gravou e foi o maior sucesso: tocou direto nas rádios do Brasil todo, e vendeu muitos discos. Foi assim que um guitarrista de rock argentino fez um dos hinos da umbanda no Brasil. 

    3. São Jorge

       

      Como os santos católicos são bem numerosos, existem divindades que são identificadas com mais de um santo. Por exemplo: Oxóssi, o rei da caça, é associado a São Jorge e a São Sebastião.

      A Umbanda, considerada por muitos como fundada em 1908, é expressão do sincretismo ocorrido no Brasil em razão da perseguição religiosa aos cultos africanos. Por reunir elementos africanos, espiritualistas e cristãos, a figura de Oxóssi pode aparecer, muitas vezes, misturada à figura católica de São Sebastião, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e estados do demais centro -sul do Brasil, e São Jorge, no estado da Bahia.

      SANTO CATÓLICO: Santo Antônio e São Jorge

      Para a umbanda e o candomblé, Ogum é o orixá da guerra, capaz de abrir caminhos na vida. Por isso, costuma ser identificado com Santo Antônio, o “santo casamenteiro”, ou com São Jorge, santo guerreiro que é representado matando um dragão.

           

    4. O sincretismo S.Jorge / Oxossi / Ogum

      Não sou um expert no assunto, mas sei que no sincretismo que estabeleceu a co-relação entre os Santos Católicos e os Orixás Africanos em todo o Brasil, houve uma única troca, ainda que justificada. Na Bahia, São Jorge é Oxossi. No Rio é Ogum e vice-versa. E a justificativa é que, ambos são guerreiros e/ou caçadores. Um reina nas matas. O outro os campos e caminhos.

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