Lira versus Lula: como o descontentamento do líder da Câmara deve impactar os rumos do país

Abertura de CPIs prejudicam trabalho da Câmara e votação de projetos importantes para o Executivo, além de influenciar o resultado das eleições

Crédito: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) está descontente com os rumos do governo Lula, que não atende as suas demandas (algumas delas, inclusive, pessoais) e manda recados constantes ao Planalto por meio de ações à frente do parlamento. E a irritação de Lira trava o andamento dos trabalhos de interesse do Executivo na Câmara, cria desgastes à imagem do Planalto em pleno ano de eleições municipais e pode influenciar o resultado do pleito a favor da oposição.

Com isso, Lira anunciou que vai destravar projetos da oposição. Nesta terça-feira (16), por exemplo, entraram na pauta do dia em caráter de urgência requerimentos de projetos anti-MST, em que os ruralistas almejam a proibição de ocupantes e invasores de propriedades rurais e urbanas recebam qualquer auxílio federal, também devem ser vetados de programas sociais ou nomeados para cargos públicos.

Outro projeto almeja garantir o uso de força policial para retirar os invasores, mesmo sem ordem judicial.  

“Isso não pode acontecer. É quebra de acordo. É ruim para o funcionamento do Parlamento. Isso não pode. O governo e a maioria orientam ‘não’. Eu apelo a Vossa Excelência para deixar cumprir o acordo. Não era para votar isso como primeiro item da pauta”, disse o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), dirigindo-se a Lucio Mosquini (MDB-RO), 4º secretário da Câmara que abriu a ordem do dia. 

Ao chegar na sessão, Lira retirou os requerimentos da ordem do dia, afirmando se tratar de um erro da Mesa Diretora. 

Na última segunda-feira (15), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou o programa Terra da Gente, em que a estratégia é ampliar e agilizar a reforma agrária.

Demandas pessoais

Para Arthur Lira, Alexandre Padilha, ministro de Relações Institucionais, é um incompetente. O presidente da Câmara admitiu que Padilha é um desafeto pessoal.

Em resposta, Lula garantiu que o ministro deve permanecer por muito tempo na pasta “só de teimosia”, porque “não tem ninguém mais preparado para lidar com a diversidade dentro do Congresso Nacional”.

Quem não permaneceu no cargo, no entanto, foi César Lira, primo de Arthur, dispensado nesta terça-feira da superintendência do Incra no Alagoas – reduto eleitoral do presidente da Câmara. 

À TVGGN, o editor-chefe e fundador do “De Olho nos Ruralistas” Alceu Castilho afirmou que a saída de César já estava em andamento, pois o primo de Lira quer se candidatar à Prefeitura de Maragogi (AL).

Para não criar rusgas, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, deu a Arthur Lira a prerrogativa de indicar os sucessores para o cargo. 

CPIs

Após os embates, Lira anunciou que deve abrir até cinco Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) em reunião do colégio de líderes, realizada também nesta terça-feira. 

A Câmara tem oito requerimentos para a instalação de CPIs, entre eles o abuso de autoridade de ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF); tráfico infantil e exploração de crianças e adolescentes no Brasil e na Ilha do Marajó; compra de energia da Venezuela; e aumento do uso de crack no país.

Com as comissões, o andamento das pautas na Câmara fica prejudicado. A apuração de denúncias (fundamentadas ou não – a exemplo da CPI do MST) em ano de eleições municipais pode influenciar o resultado do pleito. 

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Camila Bezerra

Jornalista

3 Comentários

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  1. Contratar uma agência de detetives para confirmar o boato que o Lyra teria 110 fazendas, seria um bom começo?
    E as denúncias feitas pela ex esposa do elemento, foram verificadas?
    Tratar chantagista com as próprias armas tem algum sentido?

  2. Bem, em 2016, a culpa do golpe foi da vítima, assim como acontece com os estupros.

    Apesar do fato da economia ostentar, na época, dados e números muitíssimos melhores que os anos que se seguiram, com os golpistas Temer e Bolsonaro, apesar das chamadas “pedaladas” terem sido repetidas, e depois legalizadas, enfim apesar de tudo, a culpa foi da vítima.

    Foi culpa dela o 2013, e não dos EUA e das primaveras dos golpes.

    Foi culpa dela o Cunha.

    Pois bem.

    A pergunta agora é: no nosso Cunha ou do de Lula?

    Sim, agora ele terá o seu Cunha, o Lira, e toda a sua obediência ao deus-mercado de nada valerá.

    Trabalhadores e aplicativos? No Cunha.

    Revisão da vida toda? No Cunha.

    1º de Abril do golpe de 64? Cunha de novo.

    Tributação dos ricos? Ai, meu Cunha.

    E mesmo assim, todo mundo agora corre para socorrer o pobre do Lula, porque está enfrentando o seu Cunha da vez, o Lira.

    Uai, não foi culpa de Dilma?

    E agora vão tirar o Cunha de Lula da reta?

  3. Parece surreal que o capricho de um unico patrício prejudique mais de 200 milhões de plebeus. Pensei que o culto à personalidade tivesse sido enterrado com o Stalin. Se o foi, exumaram-no e agora seu cadáver perambula no Parlamento Brazuca, pronto para entrar em ação se seus desejos não forem plenamente satisfeitos. E que foda-se a Plebe Rude. Merda

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