Codevasf destinou quase R$ 100 milhões para aliados do governo

A Controladoria Geral da União (CGU) contatou uma série de irregularidades envolvendo a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), estatal usada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) para beneficiar o centrão com doações de até R$ 100 mil por hora para a compra de equipamentos para aliados antes da eleição.

Feitas sem critérios, estudos técnicos ou acompanhamento, as doações da Codevasf eram destinadas à compra de veículos para prefeituras, mas também distribuiu kits de panificação, freezers, barcos de alumínio, furgões, caminhões, tratores, motoniveladores e retroescavadeiras a entidades particulares.

A farra das doações, também sem qualquer fiscalização, chegou ao ponto de que fosse criado um catálogo de bens para que políticos indicassem onde, como, quando e para quem seriam destinados os recursos, criando assim vantagens indevidas para parlamentares e aliados.

Bahia

Um dos casos que mais chama atenção na apuração divulgada pela CGU é o conjunto de doações que somam quase R$ 100 milhões feita pela unidade de Bom Jesus da Lapa, na Bahia. A região é área de influência do deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil), responsável pela indicação do presidente nacional da Codevasp e também o superintendente regional da estatal na Bahia.

Um equipamento destinado à Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Cubículo, sediada em Cocos, também na Bahia, foi encontrada na propriedade de Gregson Luz, presidente da associação, vereador pela União Brasil e aliado de Nascimento.

À Folha, Luz justificou a presença das doações em sua propriedade por ser um local seguro, com câmeras e caseiro, tendo em vista que a região sofre com furtos. Ele disse ainda que o veículo não estava em sua propriedade, mas sim na propriedade dos associados.

Além de indicar as casas para as instalações de cisternas pagas pela Codevasf (que coincidentemente exibiam adesivos de Elmar Nascimento) em Juazeiro (BA), o deputado federal também destinou mais de R$ 700 mil em doações à Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Cubículo, verba usada na compra de um caminhão bastulante, tubos e kits de irrigação, de acordo com levantamento da Folha.

Conclusão

“Diante das situações expostas, considera-se que a ausência de elementos de controle pela Codevasf leva a existência de condições para que sejam materializados os riscos de uso ineficiente dos recursos do programa, de desvios de finalidade e até mesmo de que particulares eventualmente se apropriem dos objetos das doações”, argumentaram os auditores da CGU.

Com informações da Folha de S. Paulo.

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