Argentina: as justificativas do ex-presidente Maurício Macri ao apoio a Javier Milei

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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A decisão de apoiar Milei causou críticas internas no Juntos pela Mudança, coalizão que está prestes a se desintegrar após o anúncio

Milei e Macri: novo governo argentino deverá ter o histrionismo do eleito e a influência total do ex-presidente. Foto: montagem/fotos da campanha de Milei e Instagram de Macri

O ex-presidente da Argentina e líder da coalizão política de oposição Juntos pela Mudança, Mauricio Macri, justificou o apoio que deu ao candidato de extrema-direita Javier Milei, do A Liberdade Avança, como o “único caminho que a Argentina tem hoje”. 

A decisão de apoiar Milei causou incômodo e críticas internas no Juntos pela Mudança, coalizão que está prestes a se desintegrar após o anúncio. 

Programado para o dia 19 de novembro, no segundo turno das eleições presidenciais se enfrentam o peronista e atual ministro da Economia, Sergio Massa, o mais votado no primeiro turno, e Milei, que terminou em segundo lugar e há poucos anos decidiu entrar para a política. 

“Hoje quem lidera a proposta de mudança é Javier Milei”, disse o ex-presidente, em entrevista à Rádio Mitre, nesta sexta-feira (27) sobre a decisão anunciada na última quarta-feira (25) por Patricia Bullrich, a ex-candidata presidencial do Juntos pela Mudança que ficou em terceiro lugar no primeiro turno.

O ex-presidente negou ter forçado Bullrich a apoiar Milei, como apontaram alguns críticos da decisão. “Como podem continuar a faltar ao respeito quando ela já demonstrou a sua liderança? Ela comunicou o que sente a quem votou nela”, contra-argumentou Macri.

“Ela com sua visão e sua realidade confirmou algo ao qual aderi: somos a mudança ou não somos nada. Acreditamos que continuar com esta cultura sombria de poder na Argentina nos levará a mais pobreza e exclusão”, disse.

Resposta dos aliados

Gerardo Morales e Martín Lousteau, presidente e vice-presidente da União Cívica Radical (UCR), partido que faz parte do bloco, consideraram que Macri e Bullrich abandonaram a aliança, adotando uma posição “intolerável” e sem consultar o resto dos líderes.

A este respeito, na entrevista desta sexta-feira (27), Macri comentou que não explodiu o Juntos pela Mudança, ou pelo menos não a coligação que fundou.

“O Juntos pela Mudança não se desfez, pelo menos aquele que fundei. É a mesma, com os seus problemas, com os seus conflitos internos. Ainda está aí e enfrenta um novo dilema”, expressou.

Macri tomou como alvo da declaração Morales e Lousteau.

“Eles tiveram reuniões permanentes com Massa durante todos esses anos. Apoiaram todas as leis que Massa solicitou, contra a decisão da maioria: aumento de impostos, novas aposentadorias sem contribuições […] Morales, (o deputado da UCR , Emiliano) Yacobitti, Lousteau, o tempo todo negociando atrás de nós coisas que não beneficiaram o país”, observou.

Os insultos de Milei

Sobre os insultos que Milei proferiu a Bullrich ao longo da campanha, Macri comentou que ambos pediram desculpas um ao outro, “porque o bem maior é a mudança”.

“O que aconteceu na campanha aconteceu, vamos mudar e trabalhar juntos”, insistiu o ex-presidente.

Macri aproveitou a entrevista para atacar Massa. “Espero que um dia Massa me ligue, me prometa algo e isso se torne realidade. Pedi publicamente que ele parasse com a destruição que o governo de Alberto Fernández havia iniciado e o que ele fez para nós?”, disse ele.

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Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

3 Comentários

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  1. Macri trocou o seu apoio pela primazia de jogar a pá de cal se milei for eleito.
    Se quebrarem o sigilo de Macri, dali brotará a CIA mãe de todo fedapê vendido do mundo.

  2. Quanto mais a sanguessuga burguesia expropria uma sociedade, mais essa sociedade se fascistiza. Argentinos estão sendo brutalmente explorados pelo capital e em vez de se revoltarem contra essa burguesia quer empoderá-la ainda mais, elegendo esse Milei Idiota

  3. Essa direita disfarçada de moderada e democrática, não passa de um PSDB piorado, mas com os mesmos vícios. A Aécio de saias é tão perigosa e vingativa quanto o maluco que ela terminou por apoiar. São feitos do mesmo barro, o da perversidade. Quem acompanhou o caso Nisman sabe bem como essa cobra opera. Já o sacana que deixou de herança uma Argentina quebrada, sequer consegue disfarçar sua índole calcada no desprezo europeu à unidade latino-americana, bem como a disposição servil à dominação pelo mundo “civilizado”. A distinção de quem é quem no espectro dessa direita torna-se uma tarefa complexa com esses personagens.

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