Crise na Argentina: valor da cesta básica total em Buenos Aires sobe quase 60% em um ano

Estudo da prefeitura da cidade argentina indica que uma família de quatro pessoas precisa ter um rendimento mensal de 29.304,13 pesos por mês para escapar da linha de pobreza

Famílias que não possuem rendimento suficiente para adquirir a Cesta Básica Total são classificadas como pobres / Foto: Wikimedia Commons

do OperaMundi

Crise na Argentina: valor da cesta básica total em Buenos Aires sobe quase 60% em um ano

por Lucas Estanislau

A cesta básica total (CBT) em Buenos Aires, na Argentina, aumentou 3,4% no mês de abril de 2019 em comparação com o mês de março do mesmo ano, e 57,6% em 12 meses, segundo um relatório divulgado pela prefeitura da cidade nesta terça-feira (21/05). A capital serve como referência de índices econômicos para o país inteiro.

De acordo com a Direção Geral de Estatísticas e Censos (DGEeC), no mês de abril, uma família composta por duas pessoas adultas de 35 anos e duas crianças entre 6 e 9 anos precisaria ter um rendimento mensal de 29.304,13 pesos (R$ 2.630,03, no câmbio desta sexta, 24 de maio) por mês para escapar da linha de pobreza. O valor no mês de março era de $ 28.330,36 (R$ 2.542,64) e, em abril do ano passado, $ 18.597,17 (R$ 1.669,61).

O Instituto Nacional de Estatísticas e Censos da Argentina (Indec) usa dois tipos de cesta básica para determinar a pobreza da população: a Cesta Básica Alimentar (CBA), que compreende itens básicos de alimentação, e a CBT, que contém todos os itens da primeira mais bens e serviços não alimentares como transporte, roupas, educação etc.

Famílias que não possuem rendimento suficiente para adquirir a CBT são classificadas como pobres; as que não conseguem pagar a CBA, estão na situação de pobreza extrema.

De acordo com o documento, na cidade de Buenos Aires, a CBA aumentou 2,5% em abril em comparação ao mês de março, chegando aos 14.365,68 pesos (R$ 1.291,37) para um lar com dois adultos e duas crianças. Em relação a abril de 2018, o preço da CBA aumentou 61,1%.

Pobreza e inflação

Segundo os últimos dados do Indec, referentes ao segundo semestre de 2018, a pobreza na Argentina atinge 14,3 milhões de pessoas, 3 milhões a mais do que o mesmo período em 2017. Cerca de 32% da população do país é pobre.

Ainda de acordo com os números, 2,9 milhões de pessoas passaram para a situação de pobreza nas zonas urbanas do país. Comparado ao primeiro semestre de 2018, antes do governo pedir o empréstimo de 56,3 bilhões de dólares ao FMI, a pobreza aumentou 4,7%.

A inflação de abril deste ano ficou em 3,4% e, no acumulado de 12 meses, chega a 55,8%. Nos primeiros quatro meses de 2019, a alta é de 15,6%.

No final de abril, o presidente Mauricio Macri anunciou o congelamento dos preços de 64 produtos considerados essenciais para tentar conter a inflação. Quinze dias depois do início da medida, um levantamento realizado pela Defensoria Pública da província de Buenos Aires indicou que 49% dos produtos incluídos no congelamento estão em falta nos supermercados da região.

Redação

3 Comentários

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  1. Interessante que boa parte da Mídia Ocidental em especial a NorteAmericana, mas principalmente RGT (por que será?) passou todos dias do Governo Kichner, transmitindo de Buenos Aires. Para criticá-lo e a Argentina. Durante o Governo Macri, praticamente esqueceram da Argentina. Até as vésperas das eleições e o ressurgimento de Cristina. Agora tem duas notícias que é impossível esconder. A ascensão da ex-Presidenta e a tragédia do governo medíocre do NeoLiberal portenho. Uma espécie de Tucano dos Pampas. Excelente exemplo que a tal RGT deveria revelar em suas matérias para o vizinho tupiniquim. E é apenas a Venezuela que está à beira do caos?

  2. “O valor no mês de março era de $ 28.330,36 (R$ 2.542,64) e, em abril do ano passado, $ 18.597,17 (R$ 1.669,61). (…)
    De acordo com o documento, na cidade de Buenos Aires, a CBA aumentou 2,5% em abril em comparação ao mês de março, chegando aos 14.365,68 pesos (R$ 1.291,37) para um lar com dois adultos e duas crianças.”

    Essas comparações com preços de abril e março de 2018 na Argentina tinham que ser feitas pelo câmbio da época, coisa de 1 ARS = 0,16 BRL e não o câmbio atual de 1 para 0,09. Da forma como é feita essa comparação é completamente sem sentido.

  3. dificil entender o motivo, mas agora dá pra entender melhor…
    o general heleno deve ter percebido que
    na argentina os produtos já devem estar faltando e
    começa a inventar que não é na argentina que faltam
    mas na venezuela, onde falta por culpa dos eua
    e não pela incompetencia neonliberalista do macri……..
    então, pra não incriminar o guedes e o bolsonaro ou a
    si próprio, o general diz que o arroz e o feijão serão disputados a tapa, que nem na venezuela, sem se referir à argentina, onde tá
    faltando produtos e a política eocnomica igual a do guedes
    foi implantada há mais tempo ……..

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