Ex-militares chilenos são condenados pelo assassinato de Victor Jara

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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O Supremo Tribunal do Chile decidiu condenar os sete ex-oficiais do Exército a penas de 8 a 25 anos de prisão pelo assassinato de Jara

Victor Jara é um dos principais músicos e compositores da América Latina e se tornou uma figura lendária, símbolo de luta e poesia

Em uma decisão histórica e comemorada no Chile, a Suprema Corte do país condenou nesta segunda-feira (28) sete militares aposentados a penas de 8 a 25 anos de prisão pelo sequestro e assassinato do cantor e compositor Víctor Jara.

Os condenados, com idades entre 73 e 85 anos, responderam ao processo em liberdade e devem ser levados à prisão.

O sequestro ocorreu na capital Santiago logo após o golpe de Estado de Augusto Pinochet, em 11 de setembro de 1973, que terminou com o assassinato do presidente Salvador Allende. 

A Corte Suprema decidiu condenar os sete ex-oficiais do Exército chileno a penas entre 8 e 25 anos de prisão pelo assassinato de Jara e também de Littré Abraham Quiroga Carvajal, advogado e militante do Partido Comunista Chileno, então diretor-geral de prisões do governo Allende.

No caso do assassinato de Jara, um artista conhecido em seu tempo, este se tornou um dos crimes mais simbólicos deixados pela última ditadura a cair na América do Sul.

Corte atesta fatos 

A Corte entendeu que os fatos sobre o assassinato de Víctor Jara são reais, demonstram que ocorreram em determinado local e horário e estão comprovados, legalmente credenciados.

Os magistrados descartaram assim os argumentos da defesa dos réus contra a decisão do Tribunal de Apelações, de novembro de 2021, que condenou Raúl Jofré González, Edwin Dimter Bianchi, Nelson Haase Mazzei, Ernesto Bethke Wulf, Juan Jara Quintana e Hernán Chacón Soto a 25 anos de prisão pelo assassinato e sequestro do músico e também de Littré.

No caso de Jofré, Dimter, Haase, Bethke e Jara, estes deverão pegar 15 anos pelo assassinato de Jara e Littré, além de 10 anos por ambos os sequestros, segundo a decisão. Enquanto isso, o policial reformado Rolando Melo recebeu pena de oito anos como cúmplice.

Outro dos acusados ​​como autor material, Pedro Barrientos, precisa ser extraditado dos Estados Unidos.

Estádio do Chile: local do martírio 

O cantor e compositor Víctor Jara foi transferido e torturado no Estádio Chile, onde foram trancafiados mais de 5 mil presos. Ele foi morto com 44 tiros após ser preso na Universidade Técnica do Estado, onde trabalhava como professor.

A ditadura de Pinochet, apoiada pelos Estados Unidos e por economistas ultraliberais, entre eles o ex-ministro brasileiro da Economia Paulo Guedes, deixou 3,2 mil vítimas, entre mortos e desaparecidos.

Os restos mortais do cantor foram encontrados em um terreno próximo ao Cemitério Metropolitano de Santiago, em 16 de setembro de 1973, junto com outros quatro presos políticos, entre eles Littré.

Em dezembro de 2009, 36 anos após sua morte, a Justiça chilena ordenou a exumação de seus restos mortais, o que permitiu que Víctor Jara fosse sepultado em cerimônia oficial.

Com informações da TeleSur e The Clinic

LEIA MAIS:

https://operamundi.uol.com.br/especial/82235/o-golpe-no-chile-pelo-olhar-brasileiro-capitulo-1-nao-queremos-sua-sociologia-aqui

Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

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