Observatorio de Geopolitica
O Observatório de Geopolítica do GGN tem como propósito analisar, de uma perspectiva crítica, a conjuntura internacional e os principais movimentos do Sistemas Mundial Moderno. Partimos do entendimento que o Sistema Internacional passa por profundas transformações estruturais, de caráter secular. E à partir desta compreensão se direcionam nossas contribuições no campo das Relações Internacionais, da Economia Política Internacional e da Geopolítica.
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Lula: cenas dos próximos capítulos, por Felipe Bueno

A posição firme, coerente com o passado geopolítico do presidente brasileiro, tem sido invariável, independente de interlocutor ou cenário

Ricardo Stuckert

do Observatório de Geopolítica

Cenas dos próximos capítulos

por Felipe Bueno

O Brasil falará oficialmente em nome do Mercosul até dezembro de 2023.

Refiro-me ao fato de que o país está assumindo a presidência formal do bloco, não à liderança natural que exerce, para o bem e para o mal, com a Argentina como coadjuvante.

Há cerca de um mês, como destacamos aqui nesse espaço, a presidente da União Europeia, Ursula von der Leyen, esteve no Brasil e mostrou publicamente, ao lado de Lula, sorrisos e boas intenções acerca do acordo, cujas tratativas começaram em 1999, entre os países do Cone Sul e o Velho Continente.

O anfitrião, no entanto, mostrou reservas sobre o tema e, nos dias seguintes, ao retomar o assunto, reforçou que tem interesse sim em apertar as mãos dos líderes d’além-mar, mas não vai admitir imposições e perdas só para ter a parceria ratificada.

Pesa contra o presidente o fato de que insistir em qualquer tópico do acordo que envolva a expressão meio ambiente – e esta é a pendência do momento – pode levá-lo a receber o apoio, oportunista, claro, de uma facção do agronegócio que na maior parte do tempo quis, quer e quererá vê-lo pelas costas. Politicamente, pelo menos.

De qualquer forma, a posição firme, coerente com o passado geopolítico do presidente brasileiro, tem sido invariável, independente de interlocutor ou cenário, e merece ser observada com atenção pelos seus homólogos do Mercosul.

O cálculo parte de uma pergunta simples e vale para os membros plenos e associados: o que conseguirei negociar melhor sozinho na comparação com o que posso obter em grupo?

Não obstante, temos que admitir que a união dos integrantes do Mercosul por causas maiores é frequentemente interrompida por fantasmas, sendo Nicolás Maduro a assombração do momento.

As tomadas de posição de Lula sempre que aparece o termo ditadura, em casos específicos, também não ajudam a aparar arestas. Sem falar na mais recente polêmica da “democracia relativa”, que fez aumentar em 100% a atividade de intelectuais self made nas redes sociais brasileiras. No mar de águas naturalmente agitadas da política do Cone Sul, cada uma dessas polêmicas tem o efeito de um comprimido efervescente de um quilômetro de diâmetro.

Muita atenção! A novela continua e os próximos capítulos vêm aí.

Felipe Bueno é jornalista desde 1995 com experiência em rádio, TV, jornal, agência de notícias, digital e podcast. Tem graduação em Jornalismo e História, com especializações em Política Contemporânea, Ética na Administração Pública, Introdução ao Orçamento Público, LAI, Marketing Digital, Relações Internacionais e História da Arte.

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected]. O artigo será publicado se atender aos critérios do Jornal GGN.

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