Lula não se valeu da morte de Marisa para lhe fazer imputações, por Janio de Freitas

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Foto: Ricardo Stuckert
 
Jornal GGN – Em sua coluna de hoje (14) na Folha de S. Paulo, o jornalista Janio de Freitas refuta a tese, defendida pela imprensa, de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se valeu da morte de Marisa para lhe fazer imputações.
 
Janio conta um caso de sua experiência pessoal sobre a personalidade de Marisa, que seriam coerentes com a iniciativa de negociações por um apartamento, bem como a insistência contra a recusa de Lula pelo imóvel. 
 
“Com Marisa ainda saudável, os mesmos que apontam a exploração de sua morte publicaram, como vazamentos e entrevistas, esta informação agora relegada: a compra e pagamento por Marisa, em uma cooperativa de bancários, de cotas de um futuro imóvel”, ressalta Janio.

 
Leia a coluna abaixo: 
 
Da Folha
 
 
Janio de Freitas

Os procuradores que acusam Lula na Lava Jato não ficaram satisfeitos com o resultado do interrogatório feito pelo juiz Sergio Moro. E o que vem agora não lhes promete melhor apoio à acusação: a defesa pede uma perícia financeira para constatar a que patrimônios o apartamento de Guarujá já pertenceu e pertence.

A frustração dos procuradores sobressai da nota que emitiram sobre o interrogatório. As “diversas contradições” de Lula encontradas pela acusação têm três referências. Uma é a “imputação de atos à sua falecida esposa”; outra é “sua relação com pessoas condenadas pela corrupção na Petrobras”; por fim, é “a ausência de explicação [por Lula] sobre documentos encontrados em sua residência”.

Nenhuma das três alegações expõe contradição. Além disso, e a começar da última, documentos apócrifos não servem nem para comprovar que estavam onde a acusação diz tê-los encontrado. A segunda alegação precisou ser ainda mais vaga: “relação com pessoas condenadas”.

Que relação? Muita gente tem “relação” com corruptos da Petrobras, sem que isso as implique em ilegalidades. Os autores da nota não se sentiram com elementos para indicar o tipo de relação, o que mais expõe fragilidade do que segurança.

Por uma experiência pessoal, vou na contramão da ideia, difundida pela imprensa/TV e adotada como “contradição” na Lava Jato, de que Lula necessariamente valeu-se da morte de Marisa Letícia para lhe fazer imputações.

Pouco depois da disputa eleitoral de Lula e Collor, André Singer me convidou para escrever a apresentação do seu livro-álbum “Sem Medo de Ser Feliz – Cenas de Campanha”. Dei ao pequeno texto o título “A estrela de Lurian”, filha da primeira companheira de Lula e atingida pelas acusações pagas de sua mãe a seu pai. Levado à casa de Lula um dos primeiros exemplares, Marisa quis vê-lo. A menção a Lurian enfureceu Marisa, que ali mesmo proibiu a distribuição do livro. Não precisei estar lá para saber que Lula, diante da nova cena, manteve absoluta passividade.

Voluntariosa, autoritária, a partir dali Marisa me fez atentar para muitas confirmações da sua tendência, necessidade talvez, de afirmação. Seriam bem coerentes com esse temperamento tanto a iniciativa de negociações por um apartamento, como a posterior insistência contra a recusa de Lula. Nenhum dos ingredientes domésticos desse enredo nos é alheio, por vê-los ou vivê-los.

A perícia pedida pela defesa de Lula já existe. Feita, no essencial, pela Lava Jato. A Polícia Federal não foi mandada à casa e ao instituto de Lula senão para buscar documentos não encontrados na papelada da OAS, para confirmar o presente de um apartamento em retribuição a contratos na Petrobras.

Com Marisa ainda saudável, os mesmos que apontam a exploração de sua morte publicaram, como vazamentos e entrevistas, esta informação agora relegada: a compra e pagamento por Marisa, em uma cooperativa de bancários, de cotas de um futuro imóvel. Negócio não concluído, pretendendo Marisa a devolução dos dois mil e tal que pagou.

Se a Lava Jato silencia sobre suas verificações, é porque não a favorecem. O que torna provável a recusa, por Sergio Moro, da perícia pedida. Nela está, no entanto, a possibilidade de esclarecer, em definitivo, se houve, compra, presente ou nada disso.

BRASILEIRINHAS

1- Bela manchete: “Inflação é a menor em 10 anos”. E o desemprego é o maior.

2- Obra anual de Meirelles-Temer: a inflação acumulada nos 12 meses até abril ficou em 4,08%. No mesmo período, os preços de saúde e gastos pessoais subiram 8,91%. Os preços da educação, 8,12%. Ambos mais do dobro da inflação.

3- Em indireta com má pontaria, o ministro Gilmar Mendes disse haver pessoas que “ao envelhecerem passaram de velhos a velhacos”. Sem esquecer, por favor, os que assim abordam a velhice porque assim já eram. 

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Redação

8 Comentários

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  1. Essa lava desemprego, sem

    Essa lava desemprego, sem vergonhice, tem a cara de pau de apresentar, documentos rasurados e sem assinatura, para incriminar.

  2. Imputação é acusação feita a alguém, com ou sem fundamento

    Tentar comprar um imóvel e, durante as negociações, desistir da compra é crime?

    Se não é crime, Lula não fez imputações à Dona Marisa.

  3. O Jânio de Freitas revelar

    O Jânio de Freitas revelar agora um fato desabonador da D. Marisa, do qual apenas tomou conhecimento (não presenciou), era dispensável. Poderia ter contestado a versão da imprensa e da Lava Jato sem recorrer a esse recurso, sem revelar um incidente que, repito, não presenciou, de natureza familiar. Foi infeliz e num momento que essa família vive os seus piores dias.

  4. O papel de u bom jornalista

    O papel de u bom jornalista é, primeiro não ter lado político para desenvolver qualque tema, doa em que doer. Assim faz Jânio, com suas convicções sobre fatos.

    Dona Marisa assinou um contrato com a BANCOOP para financiamento de um apartamento nesse prédio de Guarujá, pagando as primeiras cotas, e posteriormente desistindo da compra. Esteve no prédio por duas vezes, numa delas em companhia de um dos filhos. Foi isso que ficou estampado em todas as manchetes desde os primeiros movimentos desse que mais parece um dramalhão. Houve também testemunhas que dizem ter visto Lula no condomínio uma vez.

    A maior prova de que foi Dona Marisa quem assinou o contrato e pagou cotas foi sabermos que ela, embora tendo desistido da compra, não recebeu de volta o investimento com o distrato. Aliás, foi Lula quem disse que Moro lhe devia essa grana.

    O que sobra dessa história é especulação mesquinha, covarde, de quem não quer enxergar a verdade, por estar cego de ódio e de desejo de ver Lula encarcerado. Fora isso, não há argumento que se sustente nessa patacoada.

     

  5. As dúvidas dos juvenís Dallagnóis da Vaza Jato!!!!..by Jânio/FSP

    “imputação de atos à sua falecida esposa”….antes de falecer Dona Marisa Letícia, conforme farta divulgação na mídia nacional, já haviam declarações, documentos e até depoimentos que afirmavam ser a ex-primeira dama a única compradora da cota no empreendimento da Bancoop no Guarujá e, por via de consequência, a única pessoa habilitada a continuar participando ou desistir do empreendimento, como se provou que efetivamente o fez…

    “relação com pessoas condenadas”…Moro se relaciona, tucano que efetivamente o é, com Aécio, ou com Serra, ou com Alckimin…..sem nenhuma preocupação se estes,multidelatados ainda com foro, um dia chegarão a ser julgados na Vara de Curitiba, mais que isso, se estes convivem tranquilamente com um Eduardo Azeredo, já condenado no Mensalão Tucano-Mineiro, a aguardar cinicamente uma nunca emitida decisão de segunda instância federal mineira até que complete 70 anos (em 2018!) ou que prescreva o crime por ele cometido, do mesmo porte que condenou Zé Dirceu, Zé Genoíno e outros….e para piorar, toda a corja tucano-peemedebista que anos passados proclamava “Somos todos Cunha!”…o mesmo Cunha já condenado por Moro a mais de 15 anos de cadeia….

    “ausência de explicação sobre documentos encontrados em sua residência”…curto e grosso, sem me preocupar em citar centenas de casos de policiais que “plantam” evidências em flagrantes de supostos criminosos, quase sempre negros e pobres e favelados, sem se importarem com as sempre presentes câmeras de vídeo de sistemas de segurança ou celulares nas mãos de pessoas presentes ao fato, a reação cínica dos Dallagnóis me recordou de um notório detetive ou policial midiático que fazia a festa no Programa Flávio Cavalcanti, na extinta TV Tupi do Rio de Janeiro, com o mesmo estardalhaço de um Datena ou um Marcelo Rezende, realizando “flagrantes montados” ao abordar jovens rapazes nas areias da então rica Copacabana, com passagens por Leblon e Ipanema, onde plantavam drogas ou armas nos pertences dos incautos e desprevenidos abordados sob as vistas das câmeras televisivas….e longe delas, como fora preparado, abordavam as famílias dos jovens, previamente selecionadas entre as de maiores posses….um dia a casa caiu, o detetive sumiu, Flávio Cavalcanti continuou até que a Globo tomasse conta do pedaçõ com seu “Show da Vida”…

  6. Preto no Branco
    Os procuradores tem que provar com documentos oficias, escritura registrada em cartório, tem que ser PRETO NO BRANCO. Apresentar um contrato sem estar assinado como prova é um absurdo.

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