No horizonte… uma nova temporada de mártires de esquerda, por Victor Saavedra

Derrotas dos conservadores na América Latina se tornam cada dia mais comuns e instigam violações aos Direitos Humanos e a subserviência aos EUA

No horizonte… uma nova temporada de mártires de esquerda

por Victor Saavedra

Não são apenas as cargas lacrimogêneas as que percorrem os céus Latinoamericanos, tratando de deter os radicalizados esquerdistas que estão nas ruas para lutar por direitos. Os conservadores e fãs do capitalismo liberal perderam a noção do respeito e humanismo, agredindo jornalistas ao vivo e sequestrando políticos.

Rightwing columnist smacks journalist Glenn Greenwald on Brazil radio show – The Guardian

Prefeita boliviana é sequestrada e espancada por milícias fascistas de Camacho – Carta Maior

Brasil

O soco desferido pelo comentarista da rádio Jovem Pan, Augusto Nunes, nos estúdios de sua empregadora, foi exaltado nas redes sociais por aqueles que ainda acreditam na violência em nome da honra. Os defensores dos bons costumes e da família apoiam até hoje um militarista separado duas vezes e que tem filhos com três mulheres, que gesticula armas com crianças e traiu seu próprio partido.

O mesmo golpe causou indignação em todo o mundo, mas principalmente daqueles que aplaudiram o britânico Glenn Greenwald quando ganhou merecidamente o prêmio Pulitzer (o maior reconhecimento para um jornalista em todo o mundo) por denunciar os abusos do exército estadunidense ainda no governo Obama.

O país, que pela primeira vez votou a favor do embargo dos EUA a Cuba, viu nessa mesma noite sua corte suprema votar contra a prisão em segunda instância, gerando as condições para que o ex-presidente Lula possa ser libertado da prisão após 580 dias.

Hoje livre, o ícone da esquerda brasileira reúne milhares nas ruas, e se apresenta como uma alternativa ao neoliberalismo radical do governo.

Bolívia

A situação no país está se deteriorando gradativamente, devido à falta de diálogo entre o governo e a oposição, que não aceita a auditoria dos resultados da eleição presidencial por parte do Tribunal Superior Eleitoral, com acompanhamento da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Para os apoiadores de Carlos Mesa, que reclama da falta de transparência, é necessário realizar novamente as eleições, já que não reconhece que o presidente Evo Morales alcançou uma vantagem superior a 10% dos votos, o que lhe daria a vitória no primeiro turno.

Prova dessa tensão foi a agressão à Patricia Arce, prefeita de Vinto, que esteve três horas nas mãos dos conservadores. Nesse período foi espancada, teve seus cabelos cortados, corpo pintado de vermelho, e como se fosse pouco, teve que caminhar descalça por cerca de três quilômetros. Mesmo após a tortura a que foi submetida, ela não renunciou e reiterou sua disposição de dar sua vida pelas transformações que lidera Morales no país andino.

Frente aos disturbios o presidente Evo Morales convocou novas eleições.

Chile

Sebastián Piñera está gastando o seu último capital político ao propor uma agenda de combate à violência causada pelas manifestações, com o apoio da coalisão oficialista. A resposta do governo aos protestos, que já são diários e se realizam em todo o país, tem sido criticada não só pela oposição, mas também pela população que em sua grande maioria não apoia os saques e incêndios, mas reconhece que eles refletem o descontentamento de toda a sociedade e a falta de dignidade no tratamento da população.

A esquerda chilena, que não consegue capitalizar os frutos dessa explosão das ruas, tem se esforçado para impor suas pautas e destacar a incompetência do presidente, que em mais uma demonstração de descontrole convocou pela primeira vez em cinco anos o Conselho de Segurança Nacional.

Esse órgão assessor do governo, composto pelos presidentes das câmaras legislativas, os comandantes das Forças Armadas, o general diretor de Carabineros (polícia), o procurador geral da república e o presidente, tem como função assessorar o governo frente a fatos e temas que ponham em risco as bases da institucionalidade.

Em entrevista ao jornal El País, Piñera afirmou ter recebido muita informação sobre a influência estrangeira, e negou a possibilidade de convocar um plesbicito ou de uma nova constituição, ignorando uma das principais demandas dos manifestantes (que também pedem sua renúncia).

 

No Uruguai o Frente Amplo está no segundo turno, mas enfrentará o bloco de direita que claramente está em vantagem. Para combater esse avanço dos conservadores no país, foi anunciado que o ex presidente e recém eleito senador, Pepe Mujica, assumiria um posto no gabinete ministerial.

Na Argentina a situação está definida, com a vitória no primeiro turno da chapa Fernandez Fernandez, onde a ex-presidente Cristina Fernandez assumirá como vice-presidente da nação. A expectativa é de que o presidente eleito Alberto Fernandez assuma a liderança de esquerda no continente, agora ao lado de Lula.

Redação

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