O comportamento das empresas em tempos de golpe, por Matê da Luz

O comportamento das empresas em tempos de golpe

por Matê da Luz

Recebi hoje cedo uma newsletter de uma empresa que muito me agradava pelo conteúdo, que relaciona economia com sustentabilidade e, sinceramente, trazia artigos bacanas sobre minha área de atuação. Gostava dos bichinhos. 

Daí que ao abrir minha caixa de emails hoje, me deparo com o subtítulo: “um ano sem o governo Dilma, PARABÉNS!”. Chocada, resolvi abrir pra ver se era algum tipo de teaser para insitigar a leitura do conteúdo, algo parecido com uma ironia de certa forma perigosa mas, sério, sério mesmo, era apenas um subtítulo “engraçadinho”. Nenhum conteúdo interno dava conta da chamada, quer dizer, nenhuma linha a mais sobre o que mais chama atenção antes da abertura do email, nada, nadica, apenas aquela celebração que, aos meus olhos, comemora um golpe. 

Imediatamente, cliquei em desativar recebimento e, no campo que dá conta dos motivos, escrevi: adorava o conteúdo de vocês, fazia diferença pra mim mas, já que são uma empresa que festeja a derrubada ilegal de um governo que pode ter sido desagradável mas que foi eleito legitimamente, não mereço investir energia intelectual em vocês. Golpistas não passarão!

Contei pra algumas amigas que deram risada e perguntaram se eu acho que minha opinião terá alguma relevância pra essa empresa, essa mesma que parabeniza o golpe em um email marketing. Individualmente, com honestidade, acho que não. Aliás, acho que quem recebe estes emails vai também comemorar que eu saí da lista deles porque obviamente não compartilhamos a mesma opinião. Mas daí, como empresária, surgiram alguns questionamentos:

– uma corporação deve manifestar posicionamento político quando não está diretamente relacionada ao governo, seja esta posicionamento em favor de ou contra a? 

– qual o limite das opiniões pessoais de um gestor?

– qual o real impacto deste posicionamento nas vendas de uma empresa? o consumidor realmente pensa neste tipo de psicionamento no momento da compra e/ou aquisição de serviços? 

Como empreendedora, faço valer a máxima de que futebol, religião e política não se discutem e, enfim, não manifesto minhas opiniões pessoais no conteúdo que produzo, incansável, para minhas empresas. Aliás, este é um dos meus maiores desafios, já que uma delas anda de mãos dadas com minha veia religiosa, esta que tanto celebro e compartilho sem medo de ser feliz na vida pessoal. Mas penso que, assim como eu, meus potenciais clientes também mantém posicionamento e preferências que podem não ter nada a ver com meu produto ou serviço e, então, não são sequer interessados em conhecer minhas opiniões sobre estes assuntos. 

Como cliente, confesso, vou estar mais atenta a este tipo de conduta e cortar da lista de compra as marcas que se posicionam contra meus ideais. Já que eles escolheram um posicionamento público, eu também posso – e devo! – me manifestar contra ou a favor desta ou daquela opinião, não é mesmo? 

Mariana A. Nassif

23 Comentários

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  1. A matéria me reportou pra

    A matéria me reportou pra outro que li há pouco. 

    Um logista de Ipanema/RJ colocou na entrada do estabelecimento uma placa vermelha com legenda de outra cor, com a seguinte proposta: “Quem entrar na loja e disser Fora Temer vai ganhar 20% de desconto na compra”. 

    Política sempre insinuou polêmicas, contrapontos, e até discórdias, mas depois da Internet podemos dizer que jamais vimos aqui no Brasil tanto ódio por causa da política. Eu faço o que dita minha consciência e mesmo me arriscando a perder grandes amizades, escuto o que tem pra me falar, mas falo o que sinto, sempre dizendo a todos que não me dobro a ideias de ninguém. 

    1. Esse caso eh diferente porque

      Esse caso eh diferente porque so poderia ter partido dos donos, Maria.

      O caso que Mateh esta falando foi sabotagem “voluntarista” de algum idiota e tem que ser exposto ao publico.

      Lembra do facebook da artista norte americana falando em “candidatura” ao invez de “candidacia” em eleicao brasileira?  Somente poderia ter sido escrito por algum “voluntario” brasileiro, pois nao existe americano que falaria em “candidatura”, isso nao eh nem ingles.  Ou seja, em ambos esse caso e o da Mateh estamos falando de “conspiracia”.

      TEM que ser exposto sim.

  2. O item eh muito mais

    O item eh muito mais inefetivo do que poderia ser se voce publicasse o nome da compania, Mateh, estsa aa beira do impossivelmente inefetivo.

    A razao eh simples:  alguem que esta plenamente em seu direito de sustentar sua opiniao publicamente nao tem direito de usar o nome de uma compania pra o fazer.

    Eh o tal de “accountability”, minha cara.

    Agora…

    Nome da compania.

    1. Nao sei a respeito de

      Nao sei a respeito de “Riachoelo” -nao lembro de absolutamente nadinha sobre ela.  Mas pra se sentir tao aa vontade e tao alegremente passeando em cavalinho na chuva, a pessoa que sabotou o marketing dessa compania (que eh o que estou apostando) nao tem sequer contato com companias de outros paises pois saberia muitissimo bem das consequencias empregaticias.

      Eu quase entrei em uma loja no Village nos anos 80, precisava de alguma coisa ou outra que ja nao lembro o que era.  Cheguei na soleira e estava escrito bem na porta de vidro que a minha preciosa mao iria encostar que o “Mayor Koch nao eh bem vindo nessa loja por causa disso, daquilo, e daquiloutro, etc, etc, etc”…  E olhe que eu sempre detestei esse sujeito.  Mas nao achei que a porta valia a pena ser encostada pela minha preciosa mao.

      Mateh, a empresa era a Avon?

      Ja tive deals com eles antes mas nunca diretamente -isso eh, documentados sob meu proprio nome.  Uns 120 dolares de maquiagens, ja nao lembro, portanto, nada memoravel.  Lidei com lunaticos extremistas de direita, todos de Sao Paulo (nem a compania deles proprios em sua propria compania eles conhecem, como sao analfabetos!)  Nunca mais comprei nada deles no Brasil:  eu NAO compro baton pra escutar sua opiniao lunatica sobre politica, seus merdas!

      Mas o baton ficou lindo em mim…  (kkkkkkk)

  3. Comentário.

    Matê da Luz parte de uma tese preconcebida – futebol, religião e política não se discutem – como se fosse cláusula pétrea. Afinal, uma empresa, a não ser que eu esteja em outro mundo, está dentro do sistema capitalista e, mesmo que não opine sobre ele, nele se constitui e ela o constitui.

    Ela defende uma neutralidade de empresa que não existe, por princípio.

    Este tipo de neutralidade é a mesma que poderia, sem opinar em nenhum dos temas citados, levar a uma empresa petrolífera a abocanhar um poço de petróleo como, sei lá, do pré-sal, e não se importar se há um golpe de Estado em curso. Ora, não se discute sobre o tema, política é um dos temas que não se discute. E a empresa, mesmo que não discuta aqueles temas, afeta a nossa vida de modo irremediável.

    É por estas e outras que nem o papo de “responsabilidade social da empresa” cola.

     

     

     

     

     

    1. “Garcon, uma salada indigesta

      “Garcon, uma salada indigesta de conceitos indigestos, indigeriveis, e indigentes, com bastante fel e sal, por favor”…

  4. Qual o nome da empresa?

    Não entendo o porquê de preservar o nome da empresa, pois se ela se arriscou a perder clientes com a posição política de seus administradores, deve estar disposta a pagar o ônus de seu declarado partidarismo. Aliás, a atitude de preservar o nome da empresa é até contraditório com o próprio texto, onde a articulista declara que não se posiciona politicamente na própria empresa, para não melindrar possíveis clientes com opiniões contrárias.

    Eu sou ateu e sempre que tenho que escolher uma empresa para uma compra ou serviço, excluo automaticamente qualquer delas que faça constar na sua propaganda textos bíblicos, tais como “em deus confiamos” ou outras bobagens. Penso que se os administradores de tais empresas imaginam com tais menções cristãs atrair seus adeptos, devem também estar preparados para perderem o público não-cristão, como muçulmanos, judeus, ateus, budistas, etc.

    1. Mostra Matê

      Uma das primeiras providencias da Matê deveria ser mostrar o nome da empresa já no inicio do artigo. Não é crime, visto que ela recebeu material impresso da mesma, é castigo. Não compro mais nada da Riachuelo e Habbibs, alem da Vivara, comprava de todas antes. De repente a empresa que ela “protege” me fornece algum produto ou serviço e eu ia ficar muito desgostoso com isso.

    2. Irresponsáveis

      O país mergulhando no caos (ainda não chegamos ao fundo do poço) por consequência do golpe e esses irresponsáveis estão dando os parabéns pelo que?!? Também gostaria de saber o nome dessa empresa.

      Ainda não entendi o que pessoas que pensam assim têm na cabeça, é uma defornação de caráter que extrapola a loucura.

  5. Empresa incógnita

    Qualquer empresa que hoje comemore o golpe tem os seus dias contados.

    A crise não poupará ninguém.

    Assim, por que e preocupar?

    Aquele que comemora hoje chorará amanhã.

     

  6. Empresas são pessoas

    Empresas são pessoas jurídicas. Empresas não votam, não assumem cargo eletivo nem por indicação nem por concurso.

    Há pessoas que se escondem, se escudam e aproveitam do poder econômico das empresas nas quais trabalham – seja como dono ou empregado – para colocar suas opiniões pessoais. Mas é fundamental ter-se consciência de que a opinião é sempre da pessoa, nunca da empresa. Por exemplo, a firma “Globo” não tem opinião política. Seus donos e empregados, sim. Pessoas usando de empresas a que têm acesso para dar opinião política é o fundamento da corrupção das naturezas das empresas e das pessoas. O poder econômico é de natureza diversa do poder político, têm orientações, missões e misteres totalmente diferentes.

    Perder os fundamentos é o primeiro passo para a perda da própria identidade.

  7. Ambev

    Nessa mesma linha, eu por exemplo não bebo nenhuma cerveja da Ambev do bandido bilionário suiço brasileiro Jorge Paulo Lemann desde quando fiquei sabendo do seu entrelaçamento com o golpe financiando o MBL.

    Sou alvo de brincadeiras em casa pelos meus filhos, nora e até amigos meus mais próximos.

    Mas o efeito, pelo menos, no meu entorno tem sido positivo, apesar das brincadeiras.

    Até porque, depois que passei a beber a Heiniken, pude perceber que as cervejas da Ambev são verdadeiros lixos.

  8. Boicote mesmo esses

    Boicote mesmo esses  golpistas , eu já  estou fazendo isso a muito tempo cancelei 2 cartões da RIACHUELO , e tive a grata surpresa deles me ligarem para  falar o motivo  … Não deu outra  POR CAUSA DO GOLPE  QUE OS EMPRESARIOS AJUDARAM  A  APLICAR NO PAÍS …….. E assim esta sendo com  os que me  ligam oferecendo cartões , automoveis , imoveis etc   ….

         O faturamento da Riachuelo caiu 40 %   , deu no Valor  a um tempo atrás…. Sinto muito pelos funcionarios que não merecem isso pois  são os  primeiros a pagar o PATO 

  9. MAIS UMA TV QUE NÃO ASSISTO

    Agora, com as chamadas comerciais vendendo  que a Previdência sem reforma ( melhor dizer sem a sua extinção ) irá levar a quebra ao Brasil, resolvi, claro, mesmo com os programos infantis e cantores do Raul Gil, descartar, de vez, o SBT. Assim, está difícil sintonizar alguma TV neste País, infelizmente.

    Há algum tempo, tenho mudado meus hábitos e busco a internet, onde a informação é plural e onde posso encontrar conteúdos, programas, assuntos, diversão, lazer, máxime no Youtube, que são oferecidos, praticamente, sem propagandas e onde, com muito mais dificuldade, a propaganda governamental Joseph Goebbels pode atingir.

    Assim, hoje comunico que desliguei para sempre e sempre a rede SBT da minha sala. Penso que individualmente não irei obter quase nada. No entanto, se todos se unirem e fizerem como eu,  a TV aberta irá falir ou mudar o que pretende a sua manipulação.

  10. O nome da empresa

    A empresa chama Econoleigo, teoricmente do mercado de sustentabilidade – não é das grandes, mas me afetou porque o conteúdo é bizarro e intimamente ligado a postagens sem nexo e de ataque, fugindo absurdmente do que a empresa propôs no início de sua existência, a economia para leigos. 

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