O governo da meritocracia não quer competição escolar

Por Luis Nassif

Esqueça a discussão entre modelos de governo, a ilusão de que o governo Temer é uma alternativa liberal a um suposto modelo intervencionista petista.

Com Fernando Haddad, o MEC (Ministério da Educação) instituiu uma competição de mercado, ao definir o ENEM com divulgação de classificação entre as escolas.

Agora, é  óbvia a intenção do Ministério da Educação de eliminar a classificação das escolas no ENEM.

Nas últimas décadas proliferaram os grupos que entregam alunos por fornada, investindo pouco na qualidade e muito na publicidade. Há grandes grupos buscando algum nível de excelência. E, especialmente, escolas menores com grau de excelência.

A maneira das escolas sérias de contornar a barreira publicitária é o ENEM. Através da lista de classificações do ENEM, pais se informam para escolher os melhores locais de ensino para os filhos.

O Ministro da Educação Mendonça Neto é estreitamente ligado a grupos educacionais do nordeste. A Secretária Executiva do MEC, Maria Helene Guimarães,  conseguiu o feito de, sendo uma das gurus do modelo educacional paulista, conseguir uma regressão nas notas de ensino, mesmo no período fiscal áureo do estado e do país.

Ao eliminar a classificação das escolas, o que pretendem é acabar com a competição pela melhoria do ensino é transformar a rede pública e privada em um enorme armazém de secos e molhados.

Temer não representa neoliberalismo, mercadismo ou o que seja. É um governo de negócios.
 

Luis Nassif

17 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. RECONHEÇO que com Hardadd a

    RECONHEÇO que com Hardadd a educação melhorou  ..em qdade e qualidade

    Agora  ..com todo seu prestígio  ..seu maior pecado foi não ter instituído uma PADRONIZAÇÂO nacional de ensino basica e secundario

    Hoje, a proposta colocada pro 2o grau  EXIGIRÁ que o adolescente, precocemente, decida em que área deverá se dedicar  ..fazendo com que inúmeras disciplinas deixem de ser abordadas e absorvidas a titulo de conhecimento essencial a qq profissional que se pretenda ter uma visão geral

    Exemplo ..a reforma preve portugues, matemática, e inglês obrigatórios  ..dá como opcional filosofia, sociologia, artes e ginástica  ..mas NÂO faz mensão a biologia, fisica, quimica, historia e geografia

    Sinceramente, pra quem apregoa curso integral, e diante de tais matérias, já dá pra intuir o nível de gente que iremos formar

    No mais é aquilo, cada governo se inspira no educador que melhor se identifica

    http://s2.glbimg.com/tJGT2r6inTw5OoNkjs_9yPmq1Bw=/645×388/i.glbimg.com/og/ig/infoglobo1/f/original/2016/05/25/alexandre_frota.jpg

  2. Escola Balcão de Diplomas

    Essa é a conquista máxima das oligarquias: um país sem educação. Uma população sem cultura, sem instrução, destituída de valores humanistas, incapaz de refletir e questionar. É essa realidade que explica a pasividade geral. Pode-se afirmar que esse atraso está na raiz do todos os males: sociais, econômicos, culturais e políticos. Para sintetizar a matéria do Nassif, o que os golpistas almejam é uma Escola Balcão de Diplomas. Não difere dos anseios da plutocracia. 

  3. e que tipo de “negócios”

    todos com viés escuso. é uma quadrilha.

    só larápios; só vigaristas.

    em tempo: onde estão os juízes nas denúncias da odebrecht?

    ~por que não apareceu nenhum?

  4. ” É um governo de

    ” É um governo de negócios”.

    Por isso e por outras “coisitas” mais, o homem tá grudadíssimo na cadeira que surrupiou.

    Difícil, muito difícil set “abdicado” desse “trono”.

  5. Neoliberalismo é isso
    Neoliberalismo é justamente retirar poder da sociedade (estado/povo) e entregar a grupos econômicos, nao sendo objetivo fomentar competição ideal (estaria mais na teoria do liberalismo clássico de Smith). Aliás, como diria o PHA, esse exemplo se encaixa perfeitamente no “Neolibelismo” nacional.

    1. É ISSO QUE EU IA DIZER!

      Nesse caso a força e a fraqueza das análises do Nassiff ficaram muito evidentes. Ele percebeu, com sagacidade, que a ocultação (sem a menor justificativa plausível!) das notas vai favorecer alguns grupos econômicos em detrimento de outros. Certo, porém ele perdeu de vista que isso representa um passo na desregulamentação do mercado de escolas, e inversamente a medida do ministro Haddad, nos governos anteriores, reforçava a regulamentação. E assim os grupos financeiros mais predatórios no setor saem ganhando com uma competição menos regulamentada, pois pode explorar seus métodos desleais com maior desenvoltura.

      Convenhamos: neoliberalismo só se distancia do “corporativismo” na propaganda ultraliberal. Neoliberalismo não é promoção irrestrita de meritocracia (isso era promovido pelo positivismo social). É um Estado que fomenta o que há de mais brutal e violento no capitalismo, um Leviatã que mata e deixa morrer.

  6. Meritocracia pressupõe a

    Meritocracia pressupõe a vontade de competir.  No Brasil da “Ponte para o Futuro” não se quer competição.

    Quando os governos do PT criaram as condições de expansão do ensino técnico e universitário, chegando ao interior do Brasil e adentrando no universo das classes C e D, onde, o filho do trabalhador braçal pôde, numa primeira vez, deixar de seguir o destino de ser apenas uma reprodução da profissão dos pais, onde esse filho poderia competir, poderia adentrar pela porta da frente no Mercado de Trabalho a sociedade de castas brasileira desesperou.

    A classe média viu no retrovisor novos competidores por vagas nos postos de comando, de maior qualificação e melhores salários. A casta do “Capataz do Burguês” poderia ser destruída.

    A sociedade de castas estava se embaralhando e a alta camada da pirâmide social média (detentora dos postos de trabalho de intermediação entre a Burguesia e Proletariado) passou a aceitar novos agentes, para além dos 25% de incluídos até a Era FHC, agentes vindos das classes C, preferencialmente, e D.

    O brasileiro da classe média, então, aderiu ao discurso irrefletido da Rede Globo & Cia. e aderiu a tese de corrupção sem medida nos governos petistas e de que cotas, Prouni, Fies, Pronatec é dar o “peixe” e não ensinar a pescar, aderiu ao Golpe por uma defesa de classe social, para impedir que chegassem ao Mercado de Trabalho mais qualificado e antes destinado, exclusivamente, a classe média tradicional os filhos dos pobres, que ascendiam socialmente nos governos Lula e Dilma.

    O medo da competição de uma classe social que defende, mas não pratica meritocracia e a Elite Midiática com medo de perder sua hegemonia econômica e de formação de opinião nos legaram Temer.

    Temer tem um propósito apenas no Governo Federal: a ele foi dada a tal “Ponte para o Futuro” e suas cinco premissas básicas:

    1) Alienação total da Petrobrás e do Pré-Sal e demais riquezas naturais do País, incluindo até terras agricultáveis e nossa biodiversidade, em prol do Imperialismo;

    2) Prevalência do Mercado sobre o Estado, jamais auditoria da Dívida Pública e Reforma Tributária com tributação dos ricos + PEC do corte dos gastos;

    3) Escola sem partido (Reforma do Ensino Médio). 

    4) Reforma da Previdência.

    5) Fim da CLT.

    Executou o pacote pode fazer o que quiser do resto do Estado e de seu patrimônio público.

    E, Temer e seus apaniguados aproveitam para vender a Saúde, a Educação (fim de qualquer ensino crítico capaz de questionar/destruir a “Ponte para o Futuro” e o que mais vier. Apaniguados dentro e fora do Governo Temer e beneficiários imediatos. E, entregar a Previdência dos brasileiros para os bancos privados, claro, que sem a oportunidade da maioria do brasileiro comum chegar ao tempo de receber sua aposentadoria.

    Temer só tem a missão da “Ponte para o Futuro” em troca de não ser incomodado pela Justiça brasileira aliada do Golpe e livre está para fazer o que bem entender, para além de entregar os 5 itens acima, previamente acordados, com as forças que lhe colocaram no Poder.

    O problema é que a missão de Temer & Cia. é sem nenhuma organização e sem nenhuma legitimidade e estudo das consequências para o Brasil, sua economia e sua população e atinge a todos, menos aos mentores do Golpe e quem, por dar ao Golpe possibilidade concreta (no Executivo, Legislativo e Judiciário), se safam de qualquer responsabilidade ou condenação e até podem se favorecer nos negócios, escudados são pela dobradinha mídia oligopólica e Judiciário aliado.

    A Miami da classe média tradicional retornou ao Guarujá ou apenas ao diferenciado de ter um Shopping pra chamar de seu. Ainda não caiu a ficha. Talvez, numa situação maluca, se sinta mais tranquila em ser Miami um projeto de vida inteira da classe média, e não uma realidade de todas as férias, contanto que não se misturem brasileiros de todas as classes sociais em aeroportos, hotéis e atrações da América.

    Da possibilidade de cosmopolitismo e protagonismo do Brasil e dos brasileiros para a sociedade do carro popular para quem tinha carrão e do transporte coletivo para quem tinha carro 1.0.

    Eis o Brasil do Golpe!

    O individualismo do cada um por si venceu retrocedendo as conquistas materiais de todos os educados para o consumo e o Status Social!

    E dentro da sociedade, instaurado o individualismo como única possibilidade de convívio social, podemos dizer que não há futuro possível!

  7. se fosse um país sério

    se fosse um país sério existiria apenas escolas públicas. seguiria o exemplo da dinamarca onde um jovem principe estuda em escola publica. eu nao quero competição. mas uma sociedade  mais fraterna.

  8. E vcs acham q tiraram a Dilma

    E vcs acham q tiraram a Dilma pq ?Por causa da educação!

    Políticos.judiciário,bandidagem,ficaram  “transtornados”por causa do dinheiro

    do pré-sal q iria p a educação,seria a grande revolução,por isso  tb q  sou fã dela !!

    Vejo na periferia de SP muitos jovens só se preocupando em beber,bagunçar e usar drogas,

    nem praticar esportes, muitos querem mais,aí me vêm uma reforma destas q irá desestimular

    mais ainda eles em estudar e pior,partindo de uma pessoa ligada a empresários do ramo !!

    Temer é só negócios,negócios,negócios e depois Dilma e Lula q ñ prestam,pobre povo iludido !!

  9. Ao invés de simplesmente
    Ao invés de simplesmente acabar com o ranking seria melhor dividi-lo por faixas de quantidade de alunos que fizeram o Enem. Assim acabariam aqueles “colégios” reduzidos criados apenas para propaganda.

  10. Todo meu 2º grau e as duas

    Todo meu 2º grau e as duas tentativas de cursar Economia foram na privada… educação!

    Pagava e então “passava de ano”. Simples assim! Queria o diproma, craro! Mas larguei os estudos para poder trabalhar mais e ganhar mais.

    Parentes e conhecidos compraram seus diplomas.

    Se nos anos de 1970 e 1980 já era assim, imaginem nessa sociedade de sociopatas de agora?

    Professores, de verdade, me dizem:  “Todos alunos que conheço só pensam em ganhar dinheiro”.

    Por que será que no ranking da privada “folha de são paulo” (minúsculo, sim) as privadas universidades só aparecem a partir da 20ª posição?  E entre as 500 melhores, 500, no mundo nenhuma privadinha?

    É que nas “privadinhas” só interessa o  $$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$  e  QSF todos!

     

  11. Governo da Meritocracia…

    Nassif,

    leio seu blog todos os dias e divulgo a maioria das matérias que leio por considerar que você consegue além de informar competentemente, ainda formar opinião com muita qualidade.

    Todavia estranhei esse seu artigo, pois se é verdade que também nutro todas as disconfianças com relação a qualquer ato desse governo golpista, independente dos motivos que levaram a não mais divulgar a nota do ENEM por escola, a medida é correta.

    Havia um equívoco continuado em fazer aquela divulgação, pois o formato do ENEM não comporta atribuição de nota a escola. Era uma nota falsa que era divulgada. 

    Que se necessite de modelos avaliativos nacionais que dêem conta de permitir comparações, mesmo que limitadas, penso ser fácil de concordarmos, mas não é o caso da forma como ocorria essa comparação.

    Submeto minha opinião à sua análise e, permita-me fazer sugestão de um texto de outro colega aqui da UnB que pode, com mais competência que eu, explicar essa questão:  http://revistathema.ifsul.edu.br/index.php/thema/article/view/408/243

    Respeitosamente

    Pedro Gontijo

    Departamento de Filosofia – UnB

     

  12. o governo da meritocracia não quer competição escolar…

    Prezado Nassif

    Leio seu blog todos os dias e divulgo a maioria dos artigos seus que leio, pois são feitos com qualidade informativa e formativa.

    Estranhei esse seu posicionamento sobre a não divulgação das notas por escolas no ENEM, pois ao analisar o instrumento adequadamente não obtive nenhum indício que o ENEM permita fazer aquela divulgação como vinha sendo feita. Sempre estranhei que o Haddad avaliasse positivamente, pois o ENEM não se presta a fazer essa comparação de forma adequada. Não há parâmetro no ENEM que permita fazer comparação de uma escola com outra. Ele é um exame onde o estudante participa voluntariamente. Numa escola pode ser que somente 1% dos estudantes participe e sejam os que tem melhor rendimento. Em outra escola pode ser que 18% participe e tenhamos uma turma mais heterogênea em termos de rendimento. As amostras são formadas sem critério não permitindo uma comparação.

    Podemos dialogar sobre a necessidade de instrumentos que consigam fazer esse tipo de comparação. Talvez seja necessário.

    Também tenho todos os motivos para desconfiar de qualquer iniciativa do governo golpista de plantão e não tenho nenhum motivo para acreditar que a decisão de não divulgação tenha sido em função de concordância com minha avaliação, mas nesse caso, penso que a medida é acertada. Recomendo a leitura de um artigo do prof. Ricardo Gauche aqui da UnB sobre o assunto que é bem mais competente que eu para explicar esse posicionamento: http://revistathema.ifsul.edu.br/index.php/thema/article/view/408/243

    Atenciosamente

    Pedro Gontijo – Dep. Filosofia/UnB   

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador