Entrevista com Carlos Alberto Leréia

“Não dedo nem meus inimigos”, diz tucano amigo de Cachoeira

Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) fala com exclusividade ao iG. Ele diz que sabia que amigo bicheiro atuava em jogo ilegal

Citado nas investigações da Operação Monte Carlo, o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) afirmou ao iG que sabia que o bicheiro Carlinhos Cachoeira era empresário de jogos de azar mas afirma que não tinha função de denunciá-lo.

“Não é minha função denunciar jogatina. Não sou juiz e não sou promotor. Não tenho estabilidade como polícia. Não dedo nem meus inimigos ainda mais meus amigos”, disse o tucano, que conversou com o iG enquanto tomava um suco de cupuaçu no café da Câmara.

 

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Leréia comentou ainda reportagem do iG, publicada ontem, que mostrou a prática de jogo ilegal na Esplanada dos Ministérios, inclusive ao lado do Congresso. “ Isso Mostra que não precisa de dedo duro para fazer jogatina. Ela está nas ruas, em todo canto”, afirmou.

O tucano afirmou que já prestou explicações à cúpula do PSDB. “Estou tranquilo”, disse. Leréia afirmou que vai assinar a Comissão Parlamentar de Inquérito que irá investigar as relações de Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários.

“Eu vou assinar. Se for uma CPI para investigar a questão do jogo, a questão da corrupção de uma maneira geral… Não pode ter uma CPI em cima de Goiás. O jogo não começou em Goiás. Quem iniciou o jogo foi o Rio de Janeiro. Para fazer teatro, não conte comigo”, afirma

Veja o vídeo ao lado ou leia o resumo da conversa abaixo:

Amizade com Cachoeira – Desde 1987, eu sou amigo dele. Nós temos, mais ou menos, a mesma idade. Amizade longa. Me apoiou muito na campanha. Fez reunião para mim. Eu tive por parte dele apoio político. Não deixarei de ser amigo dele, mesmo sabendo que ele errou.

Pedidos – Projeto nunca pediu. Eu já arrumei estágio em laboratório dele. Ele já me pediu emprego e eu busquei ajudar. A pessoa está trabalhando, ganha média R$ 2 mil. Não vejo problema nisso. O Carlinhos tem um lado humano. Tem uma família extraordinária. Continuarei amigo dele e da família dele.

Quebra de decoro – Pode ter certeza que nenhuma das ações interfere no que é decoro parlamentar. Não é minha função denunciar jogatina. Não sou juiz e não sou promotor. Não tenho estabilidade como polícia. Não dedo nem meus inimigos ainda mais meus amigos. Não me venha cobrar isso.

Grampos – Como o Carlinhos foi grampeado esse anos todos, se não aparecesse meu nome (nos grampos), estava errado. Sou amigo dele, converso com ele sobre os assuntos mais variados.

Explicações ao PSDB – Estive com as lideranças do partido, conversei com o presidente Sérgio Guerra, com o líder Bruno Araújo e estou à disposição do partido. Estou muito tranquilo. Quero dar explicações que eu der conta. Que eu não souber não tem jeito.

Arapongagem – Eu não convivo nesse meio. Não posso falar. Eu convivo com muita gente. Chego para uma mulher, convivo com ela, pergunto a idade, não quer me falar. Eu vou insistir? É deselegante

Apoio financeiro – Financeiramente só me ajudou em outras ocasiões. Não em campanha. Ele me ajudou com pesquisa eleitoral em eleição municipal. Ele sempre me mostra pesquisa. A minha campanha está prestada conta e aprovada. Eu tive boas doações de campanha.

Apoio de governadores – Ele mexia com jogo em Goiás. Tanto é que ele teve um contrato que durou dez anos. Pessoa que falar que ele não mexia com jogo é hipócrita. O ex-governador Maguito Vilela, do PMDB, aliado do presidente Lula, é que assinou com ele (Cachoeira), em 1995. Depois, o Marconi Perillo (PSDB) em ganhou o governo, em 1998, e continuou. Que eu saiba estava dentro da legalidade, os bingos.

Jogo ilegal – Jogo do bicho nunca foi autorizado, o que é outra besteira. No Brasil, autoriza em apostar em cavalo, que é coisa de rico, e o jogo de bicho, não. 

Legalização do jogo – Vivemos uma hipocrisia em relação a jogo no Brasil. O dia que legalizar o jogo, não com proliferação, organizadamente, muitas dos que estão no jogo deixarão o mercado. Porque daí eles vão ter de pagar imposto. O jogo dá mais lucro no Brasil que na Argentina, no Paraguai e no Uruguai. Lá paga imposto aqui não paga

Redação

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