Delegado é afastado da investigação de estupro coletivo

Jornal GGN – O delegado Alessandro Thiers não é mais o encarregado por investigar o estupro coletivo da adolescente carioca violentada por 33 homens. A promotoria atendeu ao pedido da advogada Eloisa Samy Santiago, que reclamou da conduta do delegado por considerar sua linha de questionamento “machista e misógina”.

A advogada disse que o delegado conduziu o depoimento da vítima tentando culpabilizá-la pelo ocorrido. “Ele perguntou à vitima se ela tinha por hábito participar de sexo em grupo. A uma vítima de estupro”, disse. Ela também questiona por que os responsáveis pela divulgação do vídeo e das fotos não foram presos em flagrante. “Isso também que me causa estranheza. O delegado citou o Estatuto da Criança e do Adolescente, que trata da exposição do abuso sexual de menor. Dois dos investigados estavam na delegacia e assumiram que fizeram o compartilhamento do vídeo, e não foram presos em flagrante, não receberam voz de prisão”.

O caso agora vai passar para a Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV) e a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), do delegado Alessandro Thiers, ficará encarregada de investigar apenas o vazamento das imagens nas redes sociais.

Do Valor Econômico

TJ-RJ: Delegado não é mais responsável por investigar estupro coletivo

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou, na madrugada deste domingo (29), o desdobramento do inquérito sobre o estupro coletivo da jovem de 16 anos ocorrido no Rio. Assim, a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), cujo titular é Alessandro Thiers, ficará encarregada de investigar o vazamento das imagens do estupro nas redes sociais, enquanto que o caso envolvendo o estupro coletivo da menor vai para a Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV).

A advogada Eloisa Samy Santiago, que defende a menor de 16 anos que sofreu estupro coletivo há uma semana no Rio, comemorou nas redes sociais. “O delegado Alessandro Thiers, da DRCI, não é mais o encarregado pela investigação do estupro coletivo!”, disse, em post no Facebook, sob o título “Vitória das Mulheres”.

O estupro coletivo ocorreu há cerca de uma semana, no morro São José Operário, em Jacarepaguá, na zona oeste da cidade. Um vídeo mostrando o crime foi divulgado na última quarta­feira (25), na internet, por um dos 33 homens que participaram da violência. Eloisa Samy Santiago defende a menor junto com a advogada Caroline Bispo.

Em entrevista, Alessandro Thiers disse que investigava “se houve consentimento dela [menor], se ela estava dopada e se realmente os fatos aconteceram”.

Eloisa Samy afirma que Thiers conduziu o depoimento da vítima de forma a culpabilizá­la pelo ocorrido. “Ele perguntou à vitima se ela tinha por hábito participar de sexo em grupo. A uma vítima de estupro”, disse a advogada.

Outra crítica de Eloisa foi o fato de que os responsáveis pela divulgação do vídeo e das fotos da vítima não tenham sido presos em flagrante. “Isso também que me causa estranheza. O delegado citou o Estatuto da Criança e do Adolescente, que trata da exposição do abuso sexual de menor. Dois dos investigados estavam na delegacia e assumiram que fizeram o compartilhamento do vídeo, e não foram presos em flagrante, não receberam voz de prisão.”

Ministério Público

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP­RJ) já havia se manifestado favoravelmente ao desmembramento do inquérito. Na noite de ontem, sábado, os promotores do MP se reuniram com as advogadas da adolescente, que fizeram questionamentos em relação às investigações da Polícia Civil e a forma como o delegado Alessandro Thiers vinha atuando no caso, segundo elas “de forma machista e misógina”.

Os promotores atenderam a três dos pedidos das advogadas, inclusive sobre a necessidade de desmembramento do caso, mas não se posicionaram contra o afastamento do delegado por entender que essa era uma atribuição da polícia civil.

Na nota, o MP disse que “Independente da decisão judicial”, o promotor de Justiça Bruno Lavorato iria expedir ofício pedindo que a investigação sobre o estupro seja conduzida “apenas pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV)” e que as investigações fossem desmembradas, “remetendose para a DCAV, Delegacia de Polícia especializada em crimes desta natureza, a investigação do delito de estupro, ficando a cargo da DRCI apenas o delito de divulgação do vídeo referido”.

O Ministério Público também determinou que uma medida cautelar assecuratória, em favor da vítima, por analogia às medidas protetivas da Lei Maria da Penha, “tendo em vista o temor à sua integridade física, moral e intelectiva, certo que há notícias de que um dos possíveis autores, denominado de Rafael Belo, vem se aproximando da mesma, a fim de intimidá­la e, com isso, dificultar o andar das investigações”.

O órgão também se mostrou favorável a que se averigue se o delegado da DRCI infringiu, durante o depoimento, o artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

(Agência Brasil e Folhapress)

Redação

13 Comentários

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  1. Não justifica, mas afinal

    Não justifica, mas afinal justifica, segundo o que você mesmo diz sr. edson tadeu. Você é daqueles que acreditam que prostituta não pode ser estuprada, asim como a esposa. É de homens como você que a sociedade NÃO PRECISA.

  2. Machismo Brasileiro

    Num país em que em grave e bom tom,  em público para o mundo todo ver e ouvir,  elite manda uma mulher ir “Tomar no C…” ? Estupro é coisa menor.

     

  3. ESTUPRO CONSENTIDO

    O caso dessa menina está sendo levado às últimas consequências para desviar a atenção de todos para os fatos realmente sérios ocorridos na semana passada, que foram as gravações de Sérgio Machado incriminando a alta cúpula do governo ilegítimo de Temer.

    Além do mais, essa situação, na verdade,  encobre a falsa preocupação da imprensa golpista , do governo e do ministro truculento da justiça em resolver problemas relacionados à violência contra a mulher.

    Acusado de sexista por não nomear sequer uma mulher para ocupar uma pasta ministerial, o governo Temer e a imprensa fanfarrona viram no caso da menor uma forma de se redimirem diante da presença de um Alexandre Frota no ministério da educação bem como da reportagem da Veja que elogiava os atributos físicos e o recato da primeira dama, fatos que corroboram a ideia de que estamos diante de um governo que além de golpista, enxerga a mulher como ser de segunda classe e despreparado para funções de mais destaque no governo.

    Com certeza a alta cúpula do PMDB quer requentar esse caso triste que ocorre em todas as periferias do país para abafar seu caráter preconceituoso, dando a falsa impressão de que se preocupa com estupros ou com outro tipo de violência praticado contra as mulheres.

    Quem tem “feministas”  como Aécio Neves, Pedro Paulo, candidato a prefeitura do RJ, além de Alexandre Frota Bolsonaro  como coloaboradores, não tem a mínima preocupação em defender uma pobre e miserável menor, abandonado pelo estado e pela sociedade, lembrada somente para servir como boi de piranha em um país assaltado por sacripantas, cujo povo, letárgico, se deixa estuprar todos os dias  por uma imprensa e governo covardes.

  4. Asco

    Edsontadeu, esse seu comentário é asqueroso, machista e vergonhoso.

    “se passou é porque não tinha uma vida dentro da lei”. Em outras palavras, se fosse linda, recatada e do lar não teria acontecido. Então a culpa foi dela por andar com bandidos. Ou seja, toda mulher que mora na favela e anda com bandidos merece ser estuprada por um bando de canalhas.

    Nojento…

    1. As redes sociais estão inundadas com comentários semelhantes.

      São a prova cabal da existẽncia da cultura do estupro na sociedade brasileira. O reacionarismo que graça os novos tempos criou um primor de conceito do duplipensar, expressado assim na novilíngua: Estupro Consentido.

  5. Foi afastado mesmo ?
    http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-05/tj-nega-afastamento-de-delegado-que-investiga-estupro-coletivo

    TJ nega afastamento de delegado que investiga estupro coletivo

    
    URL: 
    http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-05/tj-nega-afastamento-de-delegado-que-investiga-estupro-coletivo
    Versão para impressão
    29/05/2016 16p8Rio de Janeiro
    Nielmar de Oliveira – Repórter da Agência Brasil
    O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) negou ter determinado o afastamento do delegado Alessandro Thiers, da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, que está a frente das investigações do caso envolvendo uma adolescente de 16 anos estuprada por 33 homens na favela do Morro São José Operário, no Rio.

    Em nota, o tribunal informa que o Plantão Judiciário remeteu o pedido da advogada da vítima – solicitando o afastamento do delegado, para a Vara Criminal sob responsabilidade da juíza em exercício, Angélica dos Santos Costa. A juíza, por sua vez, determinou hoje (29), a distribuição do requerimento da advogada a uma vara criminal, “o que só deverá ocorrer nesta segunda-feira”.

    A informação sobre o afastamento do delegado Thiers foi dada e comemorada em uma rede social por uma das duas advogadas da menor, Eloisa Samy Santiago. Em sua página no Facebook, sob o título Vitória das Mulheres, a advogada escreveu a notícia desmentida pelo tribunal.

    “O Delegado Alessandro Thiers não é mais o encarregado pela investigação do estupro coletivo! A medida foi determinada pela juíza do plantão noturno do Tribunal de Justiça, a qual determinou o desmembramento do inquérito para que as investigações sejam, daqui por diante, conduzidas pela Delegacia da Criança Vítima”, anunciou Eloisa Samy Santiago.

    Segundo a nota do TJ-RJ, consta a informação que a Angélica dos Santos Costa, ao justificar a sua decisão, alegou que “apenas uma peça do inquérito foi apresentada pela advogada da vítima ao Plantão Judiciário: um dos termos de declaração da vítima, o que impossibilita uma melhor avaliação de qualquer medida judicial a ser tomada em sede de plantão noturno”.

    “Ressalte-se que a única peça acostada pela advogada foi o termo de declaração da menor prestado em sede policial no dia 27 de maio do corrente ano. Verificando a referida peça constato que se trata de um segundo termo de declarações onde a menor se nega a responder algumas perguntas da autoridade policial aconselhada pela patrona. Assim, não foi possível uma aferição das medidas postuladas em sede deste plantão, eis que não foi juntado, sequer, o termo de declaração inicial prestado pela vítima”, relata a juíza.

    O processo que investiga o estupro da adolescente na zona oeste da cidade corre “em segredo de justiça”, conclui a nota. O estupro coletivo da menor aconteceu há cerca de uma semana, mas o vídeo com o crime só foi divulgado na Internet, por um dos 33 homens que participaram da violência, na última quarta-feira (25).

    Procurada pela Agência Brasil, a advogada Eloisa Samy Santiago não atendeu ao chamado do telefone, nem retornou as ligações.

    1. ““Ressalte-se que a única

      ““Ressalte-se que a única peça acostada pela advogada foi o termo de declaração da menor prestado em sede policial no dia 27 de maio do corrente ano. Verificando a referida peça constato que se trata de um segundo termo de declarações onde a menor se nega a responder algumas perguntas da autoridade policial aconselhada pela patrona. Assim, não foi possível uma aferição das medidas postuladas em sede deste plantão, eis que não foi juntado, sequer, o termo de declaração inicial prestado pela vítima”, relata a juíza”:

      NAO NAO NAO NAO NAO.  Ja estamos falando de uma SEGUNDA vez onde a vitima foi “interrogada” enquanto nem sabemos ainda quais as perguntas do delegado e quantas foram elas!

      Ora, ja virou salada judicioide hemorroide!  Em uma SEGUNDA “inquisicao” a vitima AINDA nao tinha obrigacao de dizer se gosta se ser chupada ou de dar chupada, se gosta de chocolate ou de vanila, se vende ou usa drogas, etc, etc, etc, etc.

      O judiciario eh tao miope, mais miope, ou menos miope que delegados de policia????

      E nessa historia ja estamos laaaaaaaa na frente sem nem saber o que o exame de rape kit (acho que eh corpus delitus em portugues) resultou!

      QUE BAGUNCA EH ESSA AGORA????

      Nao tem profissional no Brasil mais nao?????

    1. (entre outras coisas erradas,

      (entre outras coisas erradas, nao existe grupo de 30 homens que estupram uma mulher desacordada por estar dopada.  Eh perto de impossivel.  E que houve estupro nao resta duvida pra mim por enquanto, mas… ja temos ate juiz enfiado no meio embora a investigacao nao esteja nem perto de terminada…)

       

  6. Não sei

    Mas parece que quem não está mais no caso é justamente a midática advogada Eloisa Samy Santiago, totalmente despreparada para o caso.

     

  7. Ao que parece foi afastado da
    Ao que parece foi afastado da investigação sobre o estupro mas continua na investigação sobre vazamento dos dados.

    http://www.sul21.com.br/jornal/delegacia-da-crianca-assume-investigacao-de-estupro-coletivo-no-rio/

    Delegacia da Criança assume investigação de estupro coletivo no Rio

    
    Da Agência Brasil
    A Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou nota no início da noite deste domingo (29) informando que a titular da Delegacia da Criança e do Adolescente, Cristiana Bento, assumiu a investigação do estupro coletivo sofrido por uma adolescente de 16 anos, há uma semana, na zona oeste da capital fluminense.
    Segundo a nota, a medida visa “evidenciar o caráter protetivo à menor vítima na condução da investigação, bem como afastar futuros questionamentos de parcialidade no trabalho”. A decisão foi tomada depois de críticas à conduta do delegado Alessandro Thiers, da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática.
    Segundo a nota, a delegada Cristiana Bento está analisando as provas colhidas até o momento, incluindo depoimentos e outras diligências feitas pela Polícia Civil, “para definir os próximos passos da investigação”.
    Com a decisão da Polícia Civil, as investigações sobre o estupro serão desmembradas como queriam as advogadas da vítima. O delegado Alessandro Thiers cuidará das investigações relativas ao vazamento do vídeo divulgado na internet, detalhando o estupro da jovem por 33 homens da favela do Morro São José Operário.
    No início da manhã, sob o título de Vitória das Mulheres, uma das advogadas da adolescente, Eloisa Samy, chegou a comemorar a troca da coordenação das investigações na internet.
    “O delegado Alessandro Thiers não é mais o encarregado da investigação do estupro coletivo”, escreveu a advogada em uma rede social. Segundo Eloísa, a decisão foi tomada pela juíza do plantão noturno do Tribunal de Justiça, que determinou o desmembramento do inquérito para que as investigações sejam, daqui por diante, conduzidas pela Delegacia da Criança Vítima.
    Tal informação foi desmentida no início da tarde pelo Tribunal de Justiça do Rio. O pedido da advogada para afastamento do delegado será analisado nesta segunda-feira (30).

  8. Essa advogada é uma excelente

    Essa advogada é uma excelente militante. De processo penal não sabe nada. Confissão não justifica prisão em flagrante. Ainda bem que o Delegado não deu ordem de prisão, senão estaria cometendo abuso de autoridade. Sobre a condução do inquérito, é muito difícil falar sem ter visto. Dependendo como foi conduzido o depoimento da vítima, a pergunta pode ter sido inadequada mesmo. Mas Delegado não investiga caso para fazer textão no facebook. Ele reúne provas, que devem ser suficientes para que o Ministério Público monte um caso sólido. Melhor reunir detalhes do caso durante a fase da investigação, do que ser surpreendido por eles durante o processo.

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