Jack Vasconcelos, carnavalesco da Tuiuti, dá o seu recado

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – A escola Paraíso do Tuiuti ganhou o Carnaval seja qual for o resultado dos juízes. Foi o assunto mais comentado nas redes sociais, ganhou espaço em todos os portais e blogues de esquerda, e de direita também. Arrebanhou uma legião de fãs. Pois o enredo da Paraíso do Tuiuti foi obra do carnavalesco Jack Vasconcelos. E, em entrevista ao jornal O Dia, Jack conta a que veio e a intenção da escola com o tema.
 
Jack Vasconcelos é formado em Belas Arte, pela UFRJ, e diz que a função da arte é proporcionar o pensamento, a reflexão e, sem isso, ela não tem função. O carnavalesco entende que seu enredo foi uma forma de retornar à sociedade o que recebeu, em sua formação, desde sempre em ensino público. Afirma que, no Carnaval, as pessoas colocam para fora o que sentem, e foi isso o que fez pois que seu trabalho representa os anseios de uma comunidade.

 
Instado a responder sobre ter alcançado seus objetivos, Jack foi longe. Alertou as pessoas sobre a necessidade de ficarem mais espertas quanto ao que chega de informação, que deixem de comprar ideias e repassar como se fosse verdade, sem se dar o trabalho de ouvir outra fonte, ideia ou visão. É esta postura que mantém sistemas que as prejudicam, e não percebem. O desfile deste ano teve esta função, e se perceberam então valeu a pena.
 
Leia a matéria a seguir.
 
de O Dia
 
Carnavalesco Jack Vasconcelos: ‘Tem que se posicionar’
 
Com críticas à Reforma Trabalhista, enredo da Paraíso do Tuiuti foi o mais comentado da Avenida
 
Por Bruna Fantti
 
Rio – Com críticas à Reforma Trabalhista, ala chamando manifestantes pelo impeachment de fantoches e um ‘presidente vampiro’, o enredo da Paraíso do Tuiuti foi o mais comentado da Avenida. Confira a entrevista com o carnavalesco da escola, Jack Vasconcelos.
 
O DIA: Seu desfile teve tom crítico à política vigente. O senhor é filiado a algum partido político ou um cidadão inconformado o atual governo?
 
Sou um inconformado por natureza, todo artista tem esse inconformismo dentro dele. Se a arte não proporcionar o pensamento, a discussão, ela não tem muita função.
 
O presidente vampiro do neoliberalismo foi entendido por todos como sendo Michel Temer. A última ala como uma crítica à Reforma Trabalhista. Foi um posicionamento político?
 
Sou formado pelo ensino público, fui uma criança de escola pública, me formei em uma federal, em Belas Artes. Então, a população ajudou a me formar, foi dinheiro público que ajudou a pagar meus estudos e a manter as instituições em que me formei. Preciso de alguma forma retribuir para a população esse investimento. É a maneira que eu posso prestar o serviço a ela (à sociedade), através da minha arte. Acho que é bom as pessoas se posicionarem mesmo. Acho bacana que o Carnaval tenha esse espaço e papel.
 
Acha que a Sapucaí é um bom espaço para isso?
 
No Carnaval as pessoas liberam aquilo que guardam dentro delas durante o convívio social educado e civilizado no resto do ano. E o Carnaval sempre foi o espaço para esse tipo de ideia, para as pessoas colocarem para fora o que sentem, aquilo que elas querem gritar. E na verdade o que eu sou é uma antena. Vou captando essas ideias, anseios à minha volta e construindo o meu trabalho. Porque o meu trabalho representa uma comunidade, os anseios de parte da população.
 
Qual sua ala favorita e por quê?
 
Eu não tenho uma ala preferida. Todas elas tinham uma função e é uma sequência natural de outra. Mas sei das alas que causaram e cada um terá sua preferida por conta das suas convicções. O último setor que eu falo da escravidão ou da exploração da mão de obra dos mais desvalidos, dos mais pobres, o último setor foi o mais bacana. Exercitei minha cidadania.
 
A recepção do público e os comentários na internet foram grandes. O senhor atingiu o seu objetivo?
 
As pessoas precisam aprender a ficar mais espertas ao que chega de informação para elas, que vão comprando ideias e repassando isso como se fosse verdade, sem se dar o trabalho de ouvir outra fonte, ideia ou visão. E esse poder dessa propaganda forte que vai disseminando uma ideia a ser replicada. E nisso as pessoas vão mantendo sistemas que as prejudicam e não percebem. Acho que o desfile desse ano teve esse conceito no seu interior, na sua raiz. Se as pessoas conseguiram perceber isso de alguma forma, valeu a pena.
 
Algumas pessoas disseram que se sentiram desrespeitadas. O senhor teve esta intenção?
 
Sinto muito (se alguém se sentiu ofendido). Seria bom as pessoas pararem para pensar antes de tomar a decisão de seguir uma moda ou algo que uma campanha de jornal ou de TV diga para elas fazerem.
 
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

17 Comentários

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  1. O enrêdo e o desfile da

    O enrêdo e o desfile da Paraíso do Tuiuti foi um verdadeiro “Pra não dizer que não falei das flores”, versão 2018. Não será estranho que a censura atinja novos patamares a partir de agora.

  2. A movimentação política
    A movimentação política dentro da LIESA deve está sendo grande. Deve ter pressão do governo, tudo para evitar que a Paraíso do Tuiuti volte nos desfile das Campeãs.

    Logo mais veremos.

    Torço para que volte. E coloquem o logo da Globo , na mão da ala Fantoche. Pois a emissora foi a grande manipuladora dos dos patos amarelos.

    1. pessoal acompanhou de perto a guarda dos envelopes…

      se acontecer de ser rebaixada, terá sido por vontade dos julgadores

      ou quebra da “incomunicabilidade” durante e após desfile

    2. Ganhando ou perdendo
       

      A Paraiso não aparece mais na globa.

      Tuiuti é uma batalha vencedora, mas o inimigo é a globo.

      Ganha-se a batalha mas perde-se a guerra.

       

  3. Paraíso do Tuiuti…

    Paraíso do Tuiuti..,… comunidade na região do Morro da Mangueira e cuja origem lembra a  de um quilombo…como tal,  soltaram na avenida um grito represado por séculos…deu pra ver nos componentes este signficado

    “A ocupação do Morro remonta às primeiras décadas do Século XX. Após as reformas urbanísticas promovidas pelo então prefeito do Rio, Pereira Passos, em que cortiços do centro da cidade foram derrubados, seus moradores, formados majoritariamente por ex-escravos e migrantes de outras partes do país, buscaram abrigo em morros desabitados como o Tuiuti, iniciando seu processo de ocupação.”

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Para%C3%ADso_do_Tuiuti

    1. maioria fugindo da marcação da elite paulista…

      recém-libertos, mas não aceitos como livres ou tendo que aturar, por lá, ofertas de empregos só para brancos

  4. O cara fala mal assim ou eh

    O cara fala mal assim ou eh erro de transcricao???  Pai detetive, talves???

     A unica pergunta que ele respondeu foi sobre ala favorita!

  5. Coitado dos “patos.” Mas,

    Coitado dos “patos.” Mas, infelismente é muito difícil tratar com esses pequenos animais. Vejam que alguns já se manifestam aborrecidos com um provável desrespeito(?). Na avaliação que fazem, faltou respeito do carnavalesco da Paraíso do Tuiuti para com os pobres patinhos.

    Mas como?

    Quem os colocou naquela ridícula patifaria, digo melhor, p a t a q u a d a ,  ou, se preferir, patuscada. Foram os picaretas da Fiesp. Até churrasco distribuiram, nem respeito tiveram com o alimento preferido dos patos que, pelo que se sabe, preferem comer milho.

    Não vai demorar, e vão atribuir às iniciais do nome da escola de samba Paraiso do Tuiuti, a senha para desvendar a origem da contudência da crítica aos indefesos patinhos do criatório do Paulo Skaf da FIESP.

    Orlando

    1. com milicos funcionou muito bem…

      com os “pasquins’ e as peças teatrais clandestinas, mas sempre lotadas e com a presença dos que lutavam de verdade,

      não só para aparecer como não traidor da causa

    1. cara……………..que beleza de colocação

      parabéns mesmo, tudo a ver como que aconteceu

      só espero que outros sejam trazidos à lume da mesma forma…………………………

      já se fala que cairá muito bem, para o próximo carnaval, se escancararem as safadezas da mídia bandida,

      principalmente da Globo

  6. Nunca vi
     

    descrição mais eloquente.

    Todos os tons de discurso materializados na avenida sobre a sempre escravização da humanidade pelos seus “semelhantes”, demonstrando que, na verdade, quem escraviza o outro não é nada semelhante.

    Semelhante é o Jack Vasconcelos, aquele que se importa e enxerga os outros como a si mesmo.

     

  7. Agora o golpe é oficial!

    Há coisas que precisam serem inauguradas para que possam passar a existir!

    Milhares de pessoas dizem que já viram Óvnis.

    A história da humanidade faz referências, induz a existência de ET’s.

    A ciência busca por vida fora da terra.

    Mas nada disto é considerado verdadeiro, apesar de haver relatos desconcertantes…

    Não é oficial ou seja lá o que isso signifique…

    A minha aceitação é insuficiente…

    O golpe era coisa de esquerdopata…

    Depois do desfile da Tuiuti, o golpe agora é oficial!

    O golpe agora é real!

    Já podemos falar dele abertamente!

    Quem não falar é quem está mentindo!

    O lugar do golpe no discurso agora mudou…

    Obrigado a todas as escolas de samba…

    Obrigado ao samba, mostrou que é genuinamente brasileiro!

    O samba é nacionalista!

    Este foi o maior protesto cultural até agora!

    Obrigado jack Vasconcelos.

    Obrigado escola de samba Tuiuti!

     

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