Pessoas que ganham maiores salários doam menos para caridade

Jornal GGN – Uma pesquisa feita por economistas da Universidade de Southampton, no Reino Unido, mostrou as pessoas que recebem os salários mais altos são menos propensos a doar a instituições de caridade – ao contrário daqueles que têm os rendimentos mais baixos.

Além disso, a pesquisa concluiu que as pessoas com os melhores salários tendem a atribuir seu sucesso financeiro a uma relação de meritocracia, mesmo que sua posição seja resultado de outros fatores aleatórios, como indicação ou sorte.

“Nossos resultados sugerem que o recebimento de salários mais elevados devido a boa sorte não está gerando uma forte necessidade de ‘dar de volta à sociedade’. Isto acontece provavelmente porque as pessoas instintivamente atribuem seu alto salário ou bônus como uma forma de recompensa puramente ligada às suas próprias habilidades e esforço, mesmo que haja realmente um elemento de sorte envolvido. Assim, eles se sentem no direito ao dinheiro”, afirma Mirco Tonin, um dos pesquisadores envolvidos no estudo.

A pesquisa foi financiada pelo Conselho de Pesquisa Econômica e Social, instituído para analisar se as pessoas que ganham uma renda maior são mais propensas a doar quando colocadas em um ambiente em que os lucros dependem de sorte, mas não de uma forma que seja tão óbvio de notar. Os pesquisadores recrutaram 104 pessoas para executar uma tarefa de entrada de dados por um salário fixo de 5 Euros por hora, além de um bônus de desempenho.
Apesar do desempenho muito semelhantes entre todos os participantes, metade deles receberam um bônus inferior – de 2 Euros por hora –, enquanto a outra metade recebeu um bônus mais elevado: 6 Euros por hora. Nenhum dos participantes estavam cientes de que o valor do bônus de desempenho recebido havia sido determinado aleatoriamente. Depois de completar o trabalho quatro horas, todos os participantes foram questionados se eles queriam doar alguns dos seus ganhos para caridade.

Do total, 37% dos que receberam um bônus inferior decidiu doar uma parte para a caridade. Já entre os que receberam até três vezes mais em bônus, 21% decidiu fazer o mesmo. Os doadores dos dois grupos deu uma parte similar de seus ganhos para caridade: 9%.

“Os psicólogos têm bem documentado a tendência humana de atribuir bons resultados às suas próprias ações, ao invés de fatores externos, como a sorte. No nosso caso, é possível supor que o grupo de alto bônus atribua seus elevados ganhos ao seu próprio esforço, mesmo que na realidade isso não seja o caso. Por sua vez, este sentimento distorcido do direito pode levar os indivíduos do grupo ganhador como tendo mais moral, e não agir com mais generosidade”, afirma Tonin.

Os pesquisadores destacam ainda que, de uma perspectiva de captação de recursos, o estudo sugere que a caridade não deve direcionar seus esforços para pessoas com rendimentos elevados e desconsiderar pessoas de baixa renda, mas sim espalhar seus esforços por toda a sociedade.

Com informações do Phys.org

Redação

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