Violência no Rio é tema na capa do The Guardian

Criminosos teriam incendiado pelo menos 36 ônibus, quatro caminhões e um trem em retaliação pelo assassinato de um alto líder paramilitar

O jornal inglês The Guardian, traz em sua capa a ação de milícias no Rio de Janeiro. Foram 36 ônibus incendiados em bairro da zona oeste em retaliação pela morte de um miliciano pela polícia. A reportagem traz, ainda, as declarações do governador do Rio de Janeiro e do prefeito. A escalada de violência pode estar apenas começando, já que o governador prometeu prender os criminosos. Leia a matéria a seguir.

no The Guardian

Gangues paramilitares no Brasil incendeiam mais de 35 ônibus em ataques no Rio de Janeiro

por Tom Phillips

O governador do estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, prometeu contra-atacar o crime organizado depois que gangsters paramilitares lançaram um ataque sem precedentes ao sistema de transporte público do Rio, incendiando dezenas de veículos no que o político chamou de “atos terroristas”.

Criminosos teriam incendiado pelo menos 35 ônibus, quatro caminhões e um trem na segunda-feira, durante o que a mídia local descreveu como um dos maiores ataques criminosos da história do Rio.

Os ataques teriam sido uma retaliação pelo assassinato de um líder paramilitar chamado Matheus da Silva Rezende pelas forças especiais da polícia. “Ele era conhecido como ‘o Senhor da Guerra’”, afirmou o governador de direita do Rio em uma entrevista coletiva de emergência na noite de segunda-feira, enquanto as forças de segurança e os bombeiros lutavam para responder à onda de ataques no oeste do Rio.

Enlutados com caixão

A erupção da violência – dramática mesmo para um estado que passou décadas a lutar contra o crime que ceifa milhares de vidas todos os anos – paralisou partes da cidade mais famosa do Brasil e forçou o encerramento de pelo menos 45 escolas, afetando milhares de estudantes.

O jornal O Globo declarou “Rio sitiado”. A Prefeitura pediu aos cidadãos que evitem as áreas afetadas em decorrência da “ocorrência de alto impacto”.

“A zona oeste está em chamas”, tuitou a especialista em segurança Cecília Olliveira, fundadora de um grupo de monitoramento da violência chamado Fogo Cruzado.

Imagens compartilhadas nas redes sociais mostraram dezenas de passageiros se atirando de um ônibus enquanto criminosos se preparavam para atear fogo nele e espessas nuvens de fumaça preta subiam para o céu.

Os ataques teriam ocorrido em pelo menos nove áreas diferentes – Cosmos, Campo Grande, Inhoaíba, Guaratiba, Madureira, Paciência, Santa Cruz, Sepetiba e Recreio dos Bandeirantes – onde vivem cerca de um milhão de pessoas.

Autoridades do governo e relatos da mídia atribuíram a violência às temidas milícias (milícias) – grupos de estilo mafioso com conexões políticas que tomaram o controle de grandes áreas do Rio nas últimas duas décadas.

No ano passado, a Fogo Cruzado reivindicou que as milícias – que começaram como grupos comunitários de autodefesa formados por agentes da polícia e guardas prisionais fora de serviço antes de se transformarem em máfias criminosas assassinas – controlavam agora uma área quase do tamanho de Birmingham, a segunda maior cidade do Reino Unido. onde vivem mais de 1,7 milhão de pessoas.

O governador Castro disse que 12 criminosos foram presos em conexão com os ataques de segunda-feira e serão acusados ​​de “atos terroristas”. “Não tenho dúvidas de que amanhã será um dia muito mais ordeiro e calmo”, disse aos jornalistas, prometendo travar uma “luta dura” contra estes criminosos “24 horas por dia, sete dias por semana”. “O Mal não prevalecerá sobre o Bem”, declarou Castro, alertando os grupos do crime organizado para não ousarem desafiar o Estado.

Mas especialistas em segurança descreveram os ataques de segunda-feira como uma ofensiva descarada contra as autoridades do Rio, que expôs o fracasso dos sucessivos governos em controlar o crime organizado.

A violência ocorreu horas depois do assassinato de Rezende, 24 anos, que é supostamente sobrinho de um dos mais notórios líderes criminosos do Rio, Luis Antonio da Silva Braga, um chefe paramilitar apelidado de Zinho. Rezende teria sido morto a tiros durante uma operação policial em Três Pontes, uma favela de tijolos vermelhos que é um notório reduto da milícia.

Redação

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