Seminário Fiesp: 17 anos depois, o mesmo diagnóstico e maior desindustrialização, por Luís Nassif

No seminário, o diagnóstico foi o mesmo, mas em 2005 a desindustrialização era uma ameaça; e hoje em dia, uma realidade massacrante.

Fiesp, que apoiou impeachment de Dima e governo Bolsonaro, destituiu presidente próximo a Lula – Fiesp/Divulgação

Ontem, na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), em comemoração ao Dia da Indústria, houve um seminário relevante, dia todo, com a presença de Lula, vários ministros, vários especialistas em indústria, crédito, reforma tributária, pequenas e micro empresas.

Presidente do BNDES, Aloizio Mercadante anunciou linhas de financiamento para indústria, microempresas e inovação. MInistro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin falou do novo plano der industrialização, recém-anunciado. O presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva fez um belo discurso mostrando como a financeirização conduzirá o país para o fascismo, e como a única esperança seria o fortalecimento da indústria.

Na parte internacional, houve as palestras da italiana Mariana Mazzucato, do chileno Gabriel Palma e do chileno Mário Cimoli, ex-Secretário Executivo Adjunto da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina). Todos fizeram profissão de fé na indústria, deram receitas sobre políticas industriais, preparando o terreno para o encerramento, com o discurso de Lula em defesa da indústria.

Aí um velho amigo me envia o link de uma matéria minha de 30.11.2005, na mesma Fiesp, no mesmo seminário “Industrialização, Desindustrialização e Desenvolvimento”. Participei de uma mesa que contava, entre outros, com os mesmos Gabriel Palma, Mário Cimorelli, mais o maior industrialista brasileira, Antônio Barros de Castro.

O conteúdo das falas é o mesmíssimo de 2005, com 17 anos em que a desindustrialização aumentou ainda mais.

Trecho do artigo:

“Teve marciano no pedaço no seminário “Industrialização, Desindustrialização e Desenvolvimento”, promovido pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e pelo Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) na segunda-feira passada, em São Paulo. Era o cadáver da economia brasileira sendo dissecado pelos especialistas estrangeiros e brasileiros.

Da Universidade de Cambridge, o chileno Gabriel Palma se espantava: “Como nossos bancos centrais podem falar em equilíbrio macroeconômico com desemprego e câmbio apreciado aqui e no Chile? Com a taxa de juros do BC e o capital de giro a 60% ao ano, existe equilíbrio macroeconômico?”.

As excentricidades da economia da jabuticaba não ficaram nisso. Alan Greenspan utilizou toda arte e sabedoria para praticar o minimalismo nos juros. Aumentava as taxas em 0,25 ponto percentual e convencia o mercado de que era uma bomba atômica. Conseguiu a eficácia absoluta de mover o mercado a poder de franzir as sobrancelhas. Aqui, praticou-se o “machomonetarismo” -como Palma definiu-, com Gustavo Franco enfrentando a primeira volatilidade ao aumentar em 20 pontos percentuais os juros. Depois disso, matou qualquer possibilidade de induzir o mercado com movimentos pequenos. Deixou a economia refém dessa loucura”.

No seminário de ontem, o diagnóstico foi o mesmo, sobre os juros do Banco Central, a necessidade de se investir em tecnologia e inovação. Mas em 2005 a desindustrialização era uma ameaça; e hoje em dia, uma realidade massacrante.

Luis Nassif

2 Comentários

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  1. Desde a década de 1980 esse processo está em curso no mundo ocidental, a migração da manufatura para a Ásia, especialmente para a China, mas não só, também para a Coréia do Sul, Indonésia, Vietnan, Tailândia e outros, todos eles oferecendo produtos mais baratos do que os fabricados nas Américas e na Europa. Como se salvar desse processo histórico eu não sei, só sei que com certeza não será montando pela quarta vez uma indústria naval no Rio de Janeiro, apenas para esperarmos pela quarta falência seguida, ou dando bilhões em subsídios para montadoras espertas produzirem carros depenados e miseráveis de tecnologia. Um Lula velho e cansado tem isso para oferecer, filmes velhos, já vistos outras vezes aqui mesmo, com cenas finais que todo mundo já conhece. Interessante seria saber que saídas para esse problema mundial outros países buscaram. Algum país teve sucesso em barrar o curso da história?

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