Apoio de Eduardo à embaixada ainda enfrenta resistência no Senado

Três meses depois de anunciar indicação, adesão ao nome do filho de presidente permanece em 15 senadores, bem abaixo dos 41 votos necessários

Foto: Agência Brasil

Jornal GGN – Para conseguir a aprovação do filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, ao posto de embaixador brasileiro nos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro precisa da aprovação de 2/3 dos senadores, ou seja, 41 votos dos 81.

Dois levantamentos realizados pelo jornal O Estado de S.Paulo, o primeiro no início de agosto e o outro na semana passada, revelam que o Senado está resistente à indicação de Eduardo à embaixada nos Estados Unidos.

Nos dois levantamentos, apenas 15 senadores disseram que votarão pela aprovação de Eduardo. Na pesquisa mais recente, um terço (27) dos 81 parlamentares disseram que vão votar contra a indicação. Outros 8 disseram que estão indecisos e 31 não quiseram responder.

No primeiro levantamento, feito em agosto, além dos 15 que declararam votos a favor da indicação, 29 responderam que votarão contra. Outros 36 não revelaram o voto, sendo 29 deles porque não quiseram responder e 7 porque estavam indecisos.

No levantamento mais antigo, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre disse que não iria votar, ainda que o regimento permita. Já no questionário mais recente, o parlamentar respondeu ao jornal que aguardará o resultado da sabatina de Eduardo para tomar sua decisão.

Bolsonaro anunciou pela primeira vez sua intenção de indicar o filho em 11 de julho, mas até hoje não oficializou o pedido no Senado. Depois que esse procedimento for feito, Eduardo será submetido a uma sabatina na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, formada por 21 parlamentares.

Em votação secreta, os membros da comissão vão decidir se aceitam ou não a indicação de Eduardo. Se passar, o nome do deputado será submetido à apreciação no plenário da Casa, também em votação secreta, onde precisará do apoio de, no mínimo, 41 senadores.

Em entrevista ao Estadão, divulgada no domingo (6), ao ser questionado sobre a demora na indicação de Eduardo ao Senado, Bolsonaro disse que espera passar a votação da reforma da Previdência. “Não tem pressa não”. O jornal lembra que, após a divulgação do levantamento em agosto, o presidente afirmou que estava aguardando o “momento certo” para oficializar a indicação.

A indicação de Eduardo Bolsonaro ao posto mais importante da diplomacia brasileira foi recebida com críticas não apenas pela oposição ao governo Bolsonaro, mas também por especialistas e técnicos.

Em entrevista ao G1, em julho, o ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos Rubens Ricupero orientou os senadores a rejeitarem a escolha.

“Não sei como o Senado reagirá. Penso, contudo, que deveria rejeitar a indicação, em cumprimento a seu dever constitucional de velar pela aprovação dos indicados à chefia de missões diplomáticas por voto secreto”, disse.

“Há precedentes de recusa. Por exemplo, em junho de 1961, durante o governo Jânio Quadros, o industrial José Ermírio de Morais, indicado como embaixador do Brasil em Bonn, Alemanha Ocidental, foi rejeitado pela plenário, apesar de aprovado na Comissão de Relações Exteriores”, completou Ricupero.

Ele ainda destacou que “não há dúvida nenhuma” de que a indicação do presidente Bolsonaro se caracteriza nepotismo.

“O nepotismo ocorre quando o agente político pratica ato para favorecer parente próximo. Viola os princípios de impessoalidade, moralidade e igualdade”, explica.

“No caso de Eduardo Bolsonaro, é público e notório que se trata de pessoa sem as qualidades de experiência, maturidade, preparo intelectual, exigidas para o cargo de embaixador na mais importante das missões brasileiras. Basta lembrar que ocuparam antes a função personalidades como Joaquim Nabuco, Domício da Gama, Oswaldo Aranha, Walter Moreira Salles, Roberto Campos e outros desse nível”, prosseguiu.

Em agosto, a consultoria legislativa do Senado divulgou um parecer afirmando que a indicação de Eduardo à embaixada configura nepotismo. Entretanto, logo depois, a Advocacia do Senado emitiu um parecer técnico avaliando que a indicação não configura nepotismo.

Já o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), entrevistado pelo Estadão, questionou a capacidade de Eduardo Bolsonaro. “A questão que deve ser posta é se ele está à altura de um posto que já foi ocupado por Joaquim Nabuco. Eu acho que não está. Se ele não fosse filho do presidente, quem cogitaria nomeá-lo?”, observou.

Logo quando saiu a notícia de sua indicação pelo pai, ainda em julho, Eduardo Bolsonaro defendeu a sua capacidade de assumir o posto da seguinte maneira: “Não sou um filho de deputado que está do nada vindo a ser alçado a essa condição, tem muito trabalho sendo feito, sou presidente da Comissão de Relações Exteriores, tenho uma vivência pelo mundo, já fiz intercâmbio, já fritei hambúrguer lá nos Estados Unidos”.

Redação

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