Empresa contratada para atacar Lava Jato rompe acordo e Câmara perde R$ 1 milhão

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – A Kroll, empresa de espionagem internacional contratada pela CPI da Petrobras para investigar nomes envolvidos na Operação Lava Jato, anunciou nesta quinta-feira (13) que não pretende renovar a parceria com os deputados e, assim, aprofundar os resultados obtidos com a primeira etapa do trabalho, realizada entre abril e junho passados. Dessa maneira, segundo a Folha de S. Paulo, a Câmara perdeu mais de R$ 1 milhão investidos no primeiro contrato com a consultoria – que informou em nota ter desistido do novo acordo porque a CPI desrespeitou “termos contratuais”.

Segundo o Estadão de hoje, a Kroll tomou essa decisão após a lista de investigados definida pela CPI ter sido divulgada. A contratação da empresa de espionagem gerou intensos debates na comissão parlamentar. Isso porque alguns deputados passaram a questionar a falta de transparência em relação aos nomes que entraram na mira da Kroll a pedido do presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB). 

A Folha escreveu que foi o deputado e presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), o responsável por articular a contratação da Kroll. Cunha é investigado na Operação Lava Jato por, entre outros motivos, ser acusado de cobrar pessoalmente 5 milhões de dólares em propina, em 2011, valor que seria usado em campanha eleitoral.

O papel da Kroll era de encontrar contas no exterior ou outras informações de delatores da Lava Jato que não foram entregues à Justiça ou ao Ministério Público. Dessa forma, a Câmara poderia entrar com um pedido de anulação dos acordos de delação premiada e beneficiar os denunciados pelos réus delatores. Eduardo Cunha seria um deles.

“Após ficar sabendo do cancelamento, Hugo Motta disse que a Kroll já vinha demonstrando insatisfação com a repercussão negativa do contrato com a empresa. Segundo ele, a CPI ainda vai discutir o que fará agora em relação à investigação da Kroll. ‘Os indícios não são conclusivos. É um trabalho que está sendo interrompido pela metade'”, publicou a Folha.

O trabalho da Kroll, se concluído, poderia custar à Câmara cerca de R$ 10 milhões. A empresa, segundo relatos de deputados, “também exigiu da CPI um cheque-caução para o pagamento de possíveis indenizações que podem ser solicitadas pelas pessoas que foram investigadas”.

Consta na lista da Kroll os seguintes nomes:

Stael Janene, viúva do ex-deputado José Janene
João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT
Renato Duque, ex-diretor da Petrobras
Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras
Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras
Alberto Youssef, doleiro
Augusto Mendonça, empresário
Julio Camargo, lobista
Eduardo Leite, executivo da Camargo Corrêa
Dalton Avancini, executivo da Camargo Corrêa
Julio Faerman, ex-representante da SBM
Ricardo Pessoa, dono da UTC

Apenas Janene, Vaccari e Duque não toparam delação premiada com o Ministério Público Federal.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

16 Comentários

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  1. Não é o caso de uma ação

    Não é o caso de uma ação civil pública, para que o contratante, responsável por esse prejuízo seja acionado para ressarcir o Congresso?

    1. Sérgio;
      Perfeitamente e mais

      Sérgio;

      Perfeitamente e mais no processo sugerido por você deveriam ser questionados os no mínimo os pontos abaixo:

      a) Houve licitação pública para a definição da empresa vencedora?

      b) Qual a justificativa da contratação de uma empresa privada e ainda não nacional?

      c) Qual é o escopo da contratação?

      d) Qual é o valor do contrato?

      e) Já houve algum pagamento? 

      f) Quem aprovou e assinou o referido contrato?

      Se a sociedade brasileira deixar passar em branco este escândalo, sem buscar com urgência o responsável, tudo será possível, não há mais jeito.É o nosso dinheiro que está sendo queimado por criminosos politiqueiros.

      A bancada do PT na Câmara deve assumir esta luta.

      Genaro

    2. O palhaço da Câmara ou a Câmara do palhaço?

      Quanto a isso, não há a menor dúvida. Uma Ação Civil Pública é a medida cabível. Além disso, Cunha já angariou motivos de sobra para ser posto porta a fora. Será que estão aguardando que ele apareça com um machado na mão e atacando a todos? Esse sujeito já demonstrou estar entrando no campo da esquizofrenia. Quer salvar a pele arrancando a dos demais. Nem vou me ater ao fato dele estar, com suas atitudes, prejudicando os trabalhos da Câmara, cuja constituição foi estabelecida para servir a motivos diversos daqueles aos quais Cúnha quer imprimir. A Câmara, por seus princípios históricos e de formação, deve ser um local de debates, em que todos, como representantes do povo, discutem e formulam livremente os projetos legais para o país, de modo a colaborar com seu avanço, seja no aspecto econômico, social, político, de costumes e  cultural. O que tem sido a Câmara nos últimos tempos, além de um maluco no palco que deseja roubar a cena de todos os outros deputados, não dando espaço aos eleitos para servirem aos seus eleitores? Pois que apresentem um projeto para renomear a Câmara para CÚNHA, o lamentável palhaço que até o pior circo desprezaria, pois não faz rir, a não ser àqueles que desejam prejudicar a Democracia. Ao contrário, provoca o espanto e o temor daqueles que prezam o nosso país.  

      Palhaço vil, deprimente e decadente.

      O Brasil necessita do seu Congresso, livre, soberano e apontando para o bom futuro de todo o nosso povo.

  2. Traducao:

    “que informou em nota ter desistido do novo acordo porque a CPI desrespeitou “termos contratuais”:

    Traducao:  “alguem” pediu aa Kroll que fizesse uma ou duas ou meia duzia de coisas ilegais e a Kroll ja ta careca de saber que seu filme ta um pouquinho mais que “estorricado” no Brasil.

    Ah, se eu fosse morinho de merda do Parana…  Oferecia delacao premiada pra eles agora e ja!

    O item nao faz uma puta gota de sentido sem o que significa “CPI despeitou termos contractuais” sem isso e voces sabem muitissimo bem disso.Li ate o fim e nao faz uma goticula de sentido sem isso.Quer dizer que a putada da CPI pediu aa Kroll pra fazer ilegalidades?

    Mesmo?

    Jura?

    QUEM, PRECISAMENTE QUEM era o contato dessa putada com a Kroll?????????

    Ninguem esta vendo a ilegalidade aqui, gente?

    Eu devo ser briliante!  So posso ser!

  3. O país atravessando um mar de

    O país atravessando um mar de dificuldades e esses irresponsáveis safados brincando de investigação, jogando no mato o dinheiro do já escorchado contribuinte.

    Não caberia aí uma Ação Judicial contra os mentecaptos envolvidos na qual se pediria o retorno para a Fazenda Pública dos recursos desviados para satisfazer interesses privados? 

    Nesses momentos é que se faz necessária uma imprensa realmente independente para denunciar de forma estridente descalabros da espécie. 

    1. E para beneficiar a pessoa

      E para beneficiar a pessoa dele. Nós trabalhamos e ele gasta do dinheiro público para se defender. Esse sujeito tinha que ser preso.

  4. Incidentalmente…

    Não é um prodígio a Folha? “Trabalho (,,,) interrompido pela metade”? Tudo menos isso! Caberia, simplesmente, “interrompido”; também poderia ser “interrompido na metade” ou “deixado pela metade”. Mas nada disso melhoraria o jornalismo da Folha nem restituiria o dinheiro jogado fora, nem livraria o Brasil do Cunha – ou do outro Cunha.

    1. OFF TOPIC

      Como diria Moacir Jupiassu, “considerado”, Janistraquis explica:

      – “É que o trabalho da Kroll foi mais ou menos interrompido. Interromperam mas continuam trabalhando. Entendeu?”

  5. Logo a Kroll?

    Já é mais do que recebeu, por exemplo, o Almirante Othon….

    Alguém investigue em que termos se deu o contrato. Teve licitação?

    Por quê a Kroll / CIA  e não outra?

    Essa empresa de arapongagem ainda presta serviço a Daniel Dantas?

    1. Lavar a Câmara, uma boa!

      Tony, e no título dizem que a câmara perdeu um milhão, como se o dinheiro da câmara fosse lá dela.

      Quem perdeu fomos nós, e continuamos perdendo feio, com aquele grupão de desmiolados.

      Suas observações são precisas: quem vai investigar e punir pela contratação? O juiz Moro? A PF vai dar a tal operação que nome? – Cunhagem? Dantesco?  Cianeto? 

  6. O CONTRATO

    já era errado. Eles agiam de forma particular, para atender seus interesses pessoais, para saber se estavam sendo investigados e como estava a situação, assim devia agir a empresa KROLL.  PORTANTO, tudo devia ser pago com dinheiro dos próprios parlamentares e não com o “rico dinheirinho do contribuinte”.

       

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