Com ajuda de Aécio, Temer tenta salvar a pele de Eduardo Cunha

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Enrolado até o pescoço com a Lava Jato e sob risco de perder o mandato no plenário da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB) demandou ajuda do interino Michel Temer (PMDB) para emplacar o sucessor na Casa e, dessa maneira, continuar controlando aliados e aumentar suas chances de reverter a cassação. Solidário, Temer acionou “pessoalmente” o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, para cumprir a missão de salvar a pele do correligionário.

Segundo informações da Folha de S. Paulo desta quinta (30), esse foi o motivo da visita de Cunha ao Palácio do Jaburu, no último domingo. Mas edição de O Globo diz que Temer conversou com Aécio sobre o assunto já na semana passada.

A ideia, de acordo com fontes anônimas ouvidas pelos dois jornais, é que a antiga oposição ao governo Dilma Rousseff deixe de tentar eleger um sucessor para Cunha e apoio o nome sugerido pelo PMDB. Este nome, claro, deve agradar a Cunha e aliados – uma maneira de manter a influência do presidente afastado da Casa pelo Supremo Tribunal Federal.

Se conseguir fazer valer a demanda, Temer também evitará uma disputa “fraticida” em sua base em torno da presidência da Câmara – indesejável para um presidente interino que aguarda o desfecho do processo de impeachment.

Segundo O Globo, “Temer explicou a Aécio que desejava ajudar na eleição de um presidente da Câmara que não trabalhe pela cassação do mandato de Cunha. O nome que melhor se encaixa nesse perfil, na análise do Planalto, é o do deputado Rogério Rosso (PSD).”

“Segundo relatos, Temer demonstrou preocupação com Cunha, que tem buscado a ajuda do governo para não ter o mandato cassado”, acrescentou o periódico.

Aécio, de acordo com os jornais, sinalizou que o bloco formado por PSDB, PPS, PSB e DEM só deixaria de entrar na disputa atual pelo sucessor de Cunha caso o PMDB apoio um nome indicado por eles para presidir a Câmara no mandato 2017-2018.

A negociação ainda sofre resistência de parte do próprio PSDB, que teme associar sua imagem à eventual salvação de Eduardo Cunha – que precisa manter o mandato para ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Caso contrário, seus inquéritos na Lava Jato, entre outros, serão remetidos à primeira instância.

Pela edição da Folha, uma ala do PSDB está “desconfortável” não só com o pedido para abrir mão da disputa pela presidência da Câmara agora, mas com a pressão para salvar o mandato de Cunha no plenário caso o parlamentar renuncie. Ao O Globo, um tucano não identificado disse que o partido não apoia essa parte da negociação.

Na próxima semana, a antiga oposição ao governo Dilma se reúne para debater o desfecho da história.

“A ideia é ter um acordo o mais breve possível, já que a renúncia de Cunha à presidência da Câmara está prevista para o próximo mês. Interlocutores de Cunha dizem que ele está disposto a apresentar sua renúncia em 11 de julho, antes da votação do relatório sobre o processo de cassação do seu mandato na Comissão de Constituição de Justiça”, endossou o jornal.

Se Cunha renunciar à presidência, seus processos no Supremo deixariam de ser apreciados pelo plenário – prerrogativa de presidente da Câmara – e passariam para a Segunda Turma, presidida por Gilmar Mendes.

Além disso, ele ganha a chance de angariar votos a seu favor para quando seu processo de cassação chegar ao plenário. Seus aliados dizem que sem a renúncia, é impossível votar contra a cassação, dado o prejuízo com a população em pleno ano eleitoral para muitos deputados que querem concorrer ou emplacar aliados em prefeituras.

Resta saber o que Temer ganha – ou deixa de perder – salvando a pele de Eduardo Cunha.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

14 Comentários

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  1. Tenho saudades dos tempos em

    Tenho saudades dos tempos em que a gente achava que o Brasil voltou a ser uma repúbliqueta de bananas. Agora a gente constata que o Brasil virou mesmo foi uma cleptocracia.

    1. “Virou” uma cleptocracia,

      “Virou” uma cleptocracia, não… sempre foi! Lembra do tempo dso 300 picaretas denunciados pelo Sr. Lula da Silva lá pelos idos de 1980? O que se vê de novo é a emergência das vísceras da nação e a completa ausência de pudor dos atores dessa peça –  que se antes era imoral,  agora é amoral –  que é a política nacional. Até rimou…

  2. BANDIDOS

    Os partidos citados na materia comandados por Aécio já estão defendendo o Cunha desde sempre afinal a maioria dos deputados fazem parte da tropa de choque do Cunha e foram segundo a imprensa comprados ou seja estão naquele grupo dos 150 que poderiam ser delatados numa eventual delação de Cunha.

  3. Inacreditável como a mídia

    Inacreditável como a mídia trata do assunto assim, como se fosse algo normal na “política”:  um deputado,  que já  é réu, à procura de  “salvação  de  sua pele”. Procura “ajuda” para evitar a  cassação do mandato ou indicar um sucessor para “continuar atuando. Busca  “ajuda” de outro parlamentar que por sua vez poderá ajudá-lo  desde que obtenha “apoio” para indicar e ganhar!, repita-se: indicar e ganhar uma “eleição” para o próximo  cargo.

    Francamente….É incrível!

    Mais não é só isso!

    Vamos  supor que essa mídia esteja certa, isto é, que o deputado réu, envolvido com corrupção, com contas fora do país, desvio de dinheiro e os cambau – conforme já publicado – tenha realmente procurado o vice- presidente da república atualmente presidente interino,  para tentar “salvar a sua pele” desse rolo todo.

    Pense nisso.

    Pensou bem?

     

    Imagine agora  você envolvido com desvio de dinheiro público, fraude, sonegação de tributos, etc etc etc. 

    Aí você procura quem para lhe ajudar? Ajudar em que? Não ser condenado? É possível esse tipo de “ajuda”?

    Que “ajuda” é essa perante a “justiça” que é cega?

     

    Ora, ora, ora, senhores isso é  um escárnio total, um menosprezo absoluto ao povo que trabalha, paga tributo  e que é obrigado a votar nisso aí.

    Realmente, como administrado,  dá vontade de soltar vários palavrôes ao mesmo tempo,  diante do sentimento de impotência que me domina  agora. 

    Como podemos permitir uma coisa dessas? Ou: como podemos resolver e acabar com manobras desse tipo?

    Com  o voto? Nas urnas? Aqui no Brasil? Ah conta outra vai…

    Aliás, isso aí  é “política”? Salvar a pele de quem já é réu e está prestes a ser condenado por diversos crimes? Política é também livrar-se de condenações?

    Francamente senhores, enquanto povo, somos realmente um bando de otários, bobocas, imbecis, para falar o mínimo.

     

    Por outro lado, engula aí o AUMENTO DE “SALÁRIOS” do  judiciário, do SENADO diante de uma “crise” e de um ‘desemprego”  de mais de 11 milhões de pessoas. 

     

    Isso é realmente inacreditável!

     

     

     

     

    1. Lamentàvelmente é não só verossímil, como provável.

      Mogisenio,

      O que foi exposto na reportagem (que eu já havia relatado em comentários anteriores sobre o assunto e que voltei a fazer aqui) é não só verossímil, como muito provável de vir a contecer.

      E como você pode constatar, não apenas as instituições e poderes políticos estão apodrecidos. O Judiciário, o MPF e a PF estão na mesma lama, fazem parte da quadrilha do golpe e estão todos (incluindo rodrigo janot e sérgio moro) empenhadíssimos em salvar e empoderar os tucanos (representantes da plutocracia oligárquiaca, privatista e entreguista, subordinada ao alto comando internacional do golpe – que fica nos EUA) e para isso não medem esforços e fazem concessões como a que foi mostrada, ou seja, salvar o mandato e permitir que EC seja absolvido no STF.

       

  4. Será que os….

    Ilmos. dr. Janot e o Moro, que são tão intelgentes, não percebem isso ? Ou será pq o PSDB está metido até a alma nesta lambança.

    Ou será esta mesmo a missão deles? .

    1. Eles fazem parte da quadrilha do golpe.

      Lenita,

      Não vou discutir de janot ou moro são, ou não, inteligentes. O que sei é que eles são o PSDB; e o PSDB é o golpe.

  5. DESEJO

    Bem que na tentativa de  salvar o amigo , os dois podiam rolar precipício abaixo junto com ele. 

    É o que desejo ardentemente a essa trinca , do fundo de meu coração . 

  6. A reportagem confirma minha tese.

    Prezados,

     

    Mais de uma vez expus aqui o roteiro para salvar o mandato e absolver Eduardo Cunha no STF. Dada a gravidade e importância do tema, vou resumi-lo mais uma vez.

    Passo 1 – Eduardo Cunha renuncia à presidência da Câmara antes que o processo de cassação do mandato dele vá a plenário;

    Passo 2 – Fora da presidência da Câmara, Eduardo Cunha atrairá menos holofotes e, teòricamente, terá menor influência; na prática EC continuará dando as cartas, tanto na casa legislativa como no governo golpista;

    Passo 3 – O MPF, que já mostrou desinteresse em que EC delate não só deputados do ‘baixo clero’, mas políticos graúdos dos partidos de direita (em especial do PMDB, PSDB, DEM, PPS, PSD, PSC, PP, ect.), rejeitará, em definitivo, qualquer acordo de delação premiada com o delinqüente Eduardo Cunha. Com isso os tucanos graúdos da quadrilha política serão preservados;

    Passo 4 – Renunciando à presidência da Câmara, mas preservando o mandato, Eduardo Cunha será julgado não pelo plenário do STF, cuja composição e votos prováveis são mostrados a seguir.

    Composição da segunda turma do STF

    1) Gilmar Mendes, presidente – voto certo pela absolvição de Eduardo Cunha;

    2) Dias Toffoli, pupilo de GM – voto certo pela absolvição de Eduardo Cunha;

    3) Celso de Mello, aquele que, segundo o jurista Saulo Ramos “é um juiz de merda” – voto provável pela absolvição de Eduardo Cunha;

    4) Cármen Lúcia, a verborrágica e cínica cooptada pela globo – o voto dela é uma incógnita;

    5) Teori Zavascki, o lento, que ‘dormiu’ por mais de quatro meses sobre o processo contra Eduardo Cunha, que pedia o afastamento do deputado não só da presidência da Câmara, mas do exercício do mandato; Teori esperou que EC fizesse o serviço sujo, admitindo e conduzindo a votação pela admissibilidade do golpeachment – este deve votar pela condenação de Eduardo Cunha.

    Portanto, caros leitores, podemos concluir com base na reportagem e no esquema que acabei de expor, que a trama para salvar o mandato e absolver Eduardo Cunha continua vivíssima.

    O jantar oferecido por Gilmar Mendes (que além de uma cadeira no STF hoje preside o TSE) aos apoiadores do golpe serviu para apararar arestas e lubrificar as engrenagens da máquina do golpe de Estado e preparar  a ‘equipe de salvamento’ do delinqüente Eduardo Cunha.

     

     

     

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