Jean Wyllys critica Cunha e fala em “chantagem barata”

Enviado por Anna Dutra

Por Jean Wyllys, via Facebook

O senhor Eduardo Cosentino da Cunha acaba de entrar para a história política brasileira como uma das personalidades mais carecedoras de respeito que já pisaram o nosso parlamento. Não há muito a se esperar de uma personalidade que não hesita em mentir, chantagear, ameaçar, ocultar, usar o cargo em benefício próprio e tomar o Executivo, o Legislativo e a República toda de reféns para salvar sua própria pele. Mas a chantagem barata de Cunha agora há pouco, acolhendo o pedido de impeachment da Presidenta no momento em que percebeu a real possibilidade da cassação de seu mandato, vai além do que jamais suporia Maquiavel.

Estou no Panamá, aguardando a conexão do meu voo de retorno ao Brasil, mas não queria deixar de me pronunciar sobre a situação de extrema gravidade institucional em que o réu da Justiça que preside a Câmara dos Deputados, formalmente acusado pelos crimes de corrupção, evasão fiscal e lavagem de dinheiro, tem colocado o país. Esse sujeito menor, eleito com a força da grana e das mais obscuras transações, esse representante dos “podres poderes” que ao longo do último ano impôs ao Congresso uma agenda de atraso civilizatório, perda de direitos, conservadorismo, ódio e preconceito, está agora colocando o país à beira do abismo institucional apenas por necessidade própria.

Estou extremamente indignado, como todo brasileiro e toda brasileira deveriam estar nesse momento, independentemente de sua opinião sobre o governo da presidenta Dilma Rousseff. Sim, independentemente disso.

Eu faço parte da oposição de esquerda ao governo Dilma e, embora tenha votado nela no segundo turno por considerar que o outro candidato era ainda pior, avalio o governo dela como a maioria do povo: é um governo ruim, cada vez mais afastado das expectativas e necessidades do povo que o elegeu. Mas não é isso que está em discussão. O instituto do impeachment não foi incluído na Constituição para destituir governos ruins. Quem avalia os governos é o povo, a cada quatro anos, quando vota, e ao longo de cada mandato constitucional, manifestando-se nas ruas se achar necessário. A democracia, esse sistema imperfeito, mas melhor do que todos os outros, supõe o respeito pelo mandato popular, gostemos ou não do resultado das urnas. O impeachment é um remédio drástico, só aplicável em última instância, quando existe crime de responsabilidade. E não é o caso.

A presidenta Dilma não está sendo acusada de qualquer crime e não há motivos constitucionais para sua remoção, gostemos ou não dela ou do seu governo. E aqueles que, como eu, não gostamos teremos a chance de oferecer ao país uma alternativa nas eleições de 2018. É assim que a democracia funciona.

O que Eduardo Cunha fez no dia de hoje chama-se chantagem. Diferentemente da Presidenta, ele está sim acusado de gravíssimos crimes. Não por mim, mas pela Procuradoria-Geral da República. Um bandido com contas na Suíça e um longo histórico de envolvimento em escândalos de corrupção desde que chegou ao poder junto a PC Farias e Collor de Melo está, há meses, valendo-se da ameaça do impeachment da Presidenta para negociar e chantagear ao mesmo tempo petistas e tucanos, usando o impeachment como moeda de troca com uns e outros para se salvar da perda do próprio mandato no Conselho de Ética da Câmara, no “leilão” mais vergonhoso da história da República.

Não contem comigo e nem com o PSOL para essa farsa!

Continuaremos fazendo oposição republicana e responsável ao governo Dilma, contra os ajustes e as concessões ao poder econômico e às corporações, mas jamais seremos cúmplices de um golpe institucional. E continuaremos denunciando a atitude do PT e do PSDB e seus respectivos aliados, que escolheram negociar com o Diabo em vez de enfrentá-lo e, por isso, também são solidariamente responsáveis por essa vergonhosa situação.

Fora, Cunha!

Redação

7 Comentários

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  1. Fascismo ou Democracia

    Ontem foi um dia ótimo, pois o Cunha fez um favor ao Brasil: colocou tudo às claras.

    Os fascistas golpistas estão todos alinhados com Eduardo Cunha.

    Os democratas estão do outro lado.

  2. E ………………………

    Jean, faço minha suas sábias palavras – ” Estou extremamente indignado, como todo brasileiro e toda brasileira deveriam estar nesse momento, independentemente de sua opinião sobre o governo da presidenta Dilma Rousseff. Sim, independentemente disso.”

    E acrescento, estes golpistas baratos, bandidos que querem levar o País a bancarrota, não passarão! Nosso País irá superar estas manipulações golpistas midiáticas/jurídicas/politicas e não iremos deixar que estraçalhem esta grande Nação !!!!!!!!!!!!!!!

    Nem que para isto tenha que correr muito sangue !!!!!!!!!!!!!!

  3. O que mais se escuta hoje em

    O que mais se escuta hoje em dia é que no Congresso Nacional e tambem no meio politico só tem bandido, não penso assim. O Deputado Jean Wyllys é um exemplo de parlamentar que exerce seu mandado com dignidade, penso  que existem outros (politicos) no quilate dele, pena que  suas vozes nem sempres são ouvidas.

    Infelizmente no meu Estado, não tenho a opção de poder votar em um deputado tão preparado para exercer um mandato de deputado federal, mesmo não tendo contribuido para seu mandato, Jean Wyllys, me representa.

  4. EXCELENTE SÍNTESE da situação

    EXCELENTE SÍNTESE da situação que (infelismente) o povo brasieliro vivência neste momento de nossa vida política. Parabéns Jean Wyllys!

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