Colunista do Telegraph denuncia “fraude” na cobertura do caso SwissLeaks

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Enviado por Pedro Penido dos Anjos

do Observador

CASO SWISS LEAKS

Colunista do Telegraph denuncia “fraude” na cobertura do caso SwissLeaks devido a publicidade

por Catarina Falcão

Peter Oborne, principal comentador político do Telegraph, abandonou o jornal e denuncia agora que os jornalistas foram impedidos de investigar o HSBC no passado devido a contratos de publicidade.

Supressão de investigações jornalísticas em benefício de anunciantes, despedimentos injustificados de jornalistas, trabalhar para o clique abordando temas sensacionalistas e dar cabo da secção de cobertura de temas internacionais, são apenas algumas das acusações que Peter Oborne, colunista, faz ao Telegraph (que no seu portal online informação do Daily Telegraph e do Sunday Telegraph), jornal para o qual trabalhou nos últimos cinco anos. Oborne acusa mesmo o jornal de “fraude” para com os seus leitores.

Peter Oborne era o principal colunista político do jornal britânico Telegraph e depois de ter saído do jornal em janeiro, acusa-o agora de ter impedido várias investigações ao banco britânico HSBC – que esteve nas noticias durante a semana assada devido à ocultação de conta na Suíça, no caso Swiss Leaks. Numartigo publicado no site OpenDemocracy, o colunista diz que estas investigações nunca aconteceram porque a administração do jornal temia que o HSBC retirasse a publicidade.

“A conta do HSBC, segundo me foi dito por uma pessoa extremamente bem colocada na administração do jornal era muito valiosa. Segundo um executivo me disse, o HSBC ‘era um anunciante que não se podia ofender’”, escreveu Peter Oborne.

Oborne conta mesmo que a equipa de investigação do jornal recebeu informação sobre contas do HSBC na ilha de Jersey mas que passados três meses e apenas com seis artigos publicados, foram ordenados a destruir todo o material relacionado com a investigação. O HSBC suspendeu a publicidade no jornal, voltando a anunciar nesta publicação passados 12 meses. Depois deste episódio, o colunista diz que o próprio administrador do Telegraph Media Group, Murdoch MacLennan, passou a analisar todos os artigos ligados a este banco e qualquer referência ligada a lavagem de dinheiro no HSBC foi “completamente banida”.

Outra evidência desta conivência com o banco, segundo Oborne, é a atual cobertura do escândalo SwissLeaks. “Era preciso um microscópio para encontrar a cobertura do Telegraph: nada na segunda-feira, seis parágrafos na terça-feira […] O Telegraph só prestou atenção quando o escândalo começou a envolver personalidades do Partido Trabalhista”, escreveu o antigo colaborador. O tema no Reino Unido contagiou o debate político já que muitos dos contribuidores para a campanha dos Conservadores tinham contas na Suíça, fugindo aos impostos no Reino Unido.

Oborne, que diz ter ficado entusiasmado ao ser convidado para escrever neste jornal há cinco anos por ser um jornal conservador de referência, refere ainda vários despedimentos, nomeadamente do editor Tony Gallagher e de vários jornalistas que cobriam a situação internacional – o colunista diz mesmo que esta secção do jornal foi “dizimada” – como exemplos de queda de qualidade do jornal.

No ano passado, com a chegada do novo editor Jason Seiken – que se tornou também gestor de conteúdos – iniciou-se a cultura do clique em que as “histórias pareciam já não importar, assim como a sua precisão e interesse para o jornal”, dando como exemplo o relato de uma mulher com três mamas. Segundo Oborne, um administrador admitiu que já sabia que a notícia era falsa antes de ser publicada e diz ter a certeza que foi publicada para criar tráfego para o site.

“Eu não digo que o tráfego online não é importante, mas a longo prazo, estes episódios acabam por fazer um dano incalculável à reputação do jornal”, afirma Oborne.

O colunista diz ainda que questionou oficialmente o Telegraph sobre estas questões, mas que a resposta oficial não coincidiu com a prática: “Nós queremos dar aos nossos parceiros comerciais um variedade de soluções de publicidade, mas a distinção entre publicidade e os nossos artigos que ganham prémios é fundamental para o nosso negócio. Nós refutamos qualquer alegação em contrário.

A investigação sobre o SwissLeaks, levada a cabo por jornais como o Guardian e outros meios de comunicação em todo o mundo, fizeram com que o HSBCsuspendesse a publicidade no jornal britânico.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

5 Comentários

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  1. Olha, eu tenho minhas

    Olha, eu tenho minhas suspeitas sobre a lista.

    Não que seja tudo fraude mas acho que talvez tenham usado, se aproveitado, para colocar um ou outro nome.

     

    Denúncia de ONG…

    Com apoio da Fundação Ford, ou seja, da CIA…e obvio que os nomes de todos os opositores do “sistema” estão lá.

    Chaves, Putin e Assad! Quer dizer que nos 3 tinham conta no mesmo banco?

    Na boa…conta outra.

     

  2. igualzinho aqui na grande

    igualzinho aqui na grande mídia…

    tudo, menos ofender o dinheiro, mesmo sujo…

    para lavar a honra, bancos compram espaços

    nos jornais e tempo na tv.

    essencia do capitalismo…

    e os urubus udenistas corvorazes e trollistas vem com suas estúpidas falácias

    sobre corrupção…

    como ficou claro ai nesse artigo, só divulgam nomes da lista

    para prejudigar o partido trabalhista britanico.

    nítida luta de classes.

    questão de opção….

  3. E…………………..

    Bom, que podem incluir alguns desafetos nestas listas,  é mais que provável!

    Porém, devemos agradecer a estes delatores, diferentes da Operação Lava Jato, que estão nos brindando com estas informações, mesmo tardias e talvez para desencargo de consciências, mas que mostram a podridão deste atual sistema.

    A mídia prostituta, em todo o mundo, sempre esteve aliada a interesses fraudulentos, quando não mesmo, seus donos são os próprios operadores/transgressores!

    Daí se omitirem informação que podem comprometer seus donos e acionistas, ou até, como no presente caso, não perder anunciantes  !

    Quanto a nós, os que algum dia acreditaram neste chamado ” meios de informação” hoje vemos o quanto fomos ludibriados, e muitos ainda continuam a serem.

    Cabe perguntar, se por opção, ou gostarem mesmo de serem inocentes úteis!!!!

    Os que ainda continuam a se deixarem manipularem, que tenham um bom proveito!

    Eu, e acredito muitos, estamos fora !!!!! Chega !!!!!!!!!!!!!!!!

  4. Daqui a pouco os leonichettas

    Daqui a pouco os leonichettas começam a balir por aqui que o Swissleaks é uma fraude…

    Não há “fraude” alguma.

    Há, da parte do jornal britânico The Daily Telegraph, acobertamento dos fatos, para não perder a publicidade do HSBC.

    Nada indica que nenhum dos nomes citados até agora tenha sido incluído sem ter conta.

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