Por Paulo Kaiowá Reis Dos Santos, pelo Facebook
Hoje meu coração amanheceu em festa! Após cinco anos de espera na fila de adoção eu e meu companheiro Marcos estaremos recebendo definitivamente nosso filho para morar conosco. Hoje minha família se completará: seja bem vindo Wesley.
Por Luis Nassif
No final dos anos 60, Antonio Roosevelt Crisóstomo já era um jornalista prestigiado. Filho do primeiro casamento do Dr. Alvino, amigo da família e superintendente do Banco de Crédito Real – foi para o Rio e tornou-se diretor da rádio JB, a mais importante da época.
Sempre que vinha a Poços de Caldas, frequentava o Bachianinha, o boteco sofisticado onde músicos, boemios, intelectuais da cidade se reuniam. Lá, encantava-se com o ambiente moderno em uma cidade que, for a das temporadas, era agradavelmente caipira.
Roosevelt, como o chamávamos, era homossexual assumido e, em Poços, fazia uma dupla engraçadíssima com Newton Delgado, outro assumido com lingua afiadíssima.
Lá pelos idos dos 70, Roosevelt apareceu no bar imerso em indagações. Em frente o seu prédio havia uma mendiga, morando na rua, e mãe de uma menininha. Roosevelt queria a todo custo adotar a filha. Se não o fizesse, a menina morreria. Noites e noites passou em conversas com Bebel, uma das mais velhas e sábias do grupo.
Voltou para o Rio fortalecido pelo apoio recebido dos amigos, e proceedeu à adoção.
Foi destruído. Vizinhos o denunciaram à polícia, acusando-o de promover orgias com a criança, que devia ter uns dois anos.
No JB, uma facção de jornalistas – liderados por um até agora expoente do jornalismo, na época diretor da Veja – aproveitou a oportunidade para liquidá-lo e ocupar seu espaço na organização. Foi alvo de matéria devastadora – e falsa – na revista Veja. Tudo por uma questão de ocupação de espaço no JB.
Terminou condenado e preso. Saiu destruído da cadeia. Perdeu todos os dentes, tornou-se alcóolatra.
Quando assumi, por poucos, a Secretaria de Redação da Folha, sugeri sua contratação, assim como do Ruy Castro.
Veio para São Paulo, ficou mais perto dos irmãos, em Poços, mas não o suficiente para reconstruir o emocional.
Roosevelt, Antonio Crisóstomo foi encontrado morto, pouco depois, em um quarto de hotel dos Campos Elíseos.
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História triste. Tem um livro
História triste. Tem um livro do qual esqueci o nome, mas lembro de tê-lo vendido ainda este ano.
Triste mas que precisa ser contada exatamente para que não se repita.
Por estes dias Angela Merkel foi de uma infelicidade extrema ao declarar-se contra a adoção por LGBTs. Mas recebeu as devidas críticas em público (tanto à esquerda, PSD, como à direita, FDP, cujo líder é o chanceler Guido.)
Mais problemático é um projeto-lei absurdo (absurdo até para a Rússia) em que um deputado propõe que o Estado, que já proíbe lá adoção por LGBTs, tire a custódia dos pais e mães naturais!
Devemos ficar atentos, mas não amedrontados. O Mundo está melhorando, no todo.
Parabéns, Paulo!
Parabéns, Paulo!
Parabéns efusivos a Paulo
Parabéns efusivos a Paulo Kaiowá Reis Dos Santos, seu companheiro e o filho Wesley!
Histórias comoventes e agora com mais esperança…
Revoltante a que ponto pode chegar a intolerância das pessoas, num caso. E como é bom ver que as coisas estao melhorando!
A família aumentou! Parabéns!
Sei como é ter que esperar anos e anos por uma criança – foi o que aconteceu com nossos filhos, cada um à sua maneira. Por isso, tem mais é que comemorar mesmo. Parabéns a todos!
Só espero que o estágio de convivência de vocês seja mais curto do que foi o nosso; melhor ainda do que receber a criança em casa é ver os nomes de família em sua certidão de nascimento!
O ser humano às vezes é tão
O ser humano às vezes é tão pequeno. com suas cabeças pervertidas. A adoção é um ato de grandeza, o qual muitos não têm coragem para tal. Felicidades aos que têm coragem e vão à luta.
Não existe nehum Gay ou
Não existe nehum Gay ou lesbica no mundo que não tenha sido gerado de pais heterosexuais.Isto quer dizer que a condição do pai ser “homem”e a mãe ser “mulher” não impediu que os filhos vieseem a ser homosexuais.
Então a preocupação de muitos de que a adoção de um menino ou menina por casais homosexuais levem obrigatoriamente os adotados a serem igualmente homosexuais, essa preocupação não tem sustentação. Poderão a vir a serem homosexuais ou não. A eles adotados caberá a opção desejada. É falso o argumento de que crianças adotadas obrigatoriamente seriam homosexuais. O caso contrário não levou os filhos a uma situação obrigatória de heterosexualismo.
Fui compartilhar essa matéria
Fui compartilhar essa matéria no Facebook e o acesso foi negado!!
Nassif, a revista Brasileiros
Nassif, a revista Brasileiros de junho/2013 publicou uma matéria completa sobre a triste história do Antonio Chrysóstomo, agora contadaem livro-reportagem, que tomei conhecimento na época pelo Pasquim.
Condenado por ser gay
O emblemático julgamento, durante a ditadura militar, do jornalista e ativista homossexual Antônio Chrysóstomo, acusado de abusar sexualmente da filha adotiva, é resgatado em livro-reportagem
http://www.revistabrasileiros.com.br/2013/07/07/condenado-por-ser-gay/
Crisóstomo
Oi Nassif, não sabia dessa sua amizade com o Antonio CHRYsóstomo! Você está em todas!
Tive o prazer de conhecê-lo e trabalhar com ele poucos anos antes dele morrer, na Gourmet, trazido pelo Nunzio Briguglio.
Já estava bastante debilitado pelo HIV na época. Um grande sujeito e um bom mestre.
Desculpe-me, mas posso
Desculpe-me, mas posso assegurar que o Crisóstomo não morreu de Aids e que a debilidade que você pôde constatar tinha a ver com o que ele passara nos últimos anos.
Putz, materia completamente
Putz, materia completamente sem fontes, fica chato pro movimento gay esse tipo de proselitismo, opiniao de uma unica pessoa que rediculamente encherta no nome um Kaiowa’ para dar legitimidade politicamente correta ao texto.
Nao, nao estou de forma alguma duvidando da historia do Antonio Roosevelt Crisóstomo, que e’ muito bonita diga-se, mas dai a ser verdade absoluta tem um longo caminho, como se ser gay isenta alguem de ser pedofilo.
Fontes, processos, cade????? Vale so’ a opiniao de um amigo? Quem e’ o jornalista da Veja?
Pedofilos vivem no ceio da familia e sao nossos melhores amigos…
Fica chato pra você ser
Fica chato pra você ser precipitado.
O ‘Kaiowá’ apenas diz que está adotando Wesley com o companheiro. O texto e do Nassif.
E se você quer mais opiniões sobre a história, fique com os comentários abalizados de Jairo Arco Flecha e Alceste Pinheiro.
chrysóstomo
Parabéns por esse texto, Nassif.
Chrysóstomo foi um dos mais brilhantes colegas com quem trabalhei, nos bons tempos da revista Veja.
Ele era como todos os jornalistas devem ser: todas as pautas que mandava para ele no Rio não apenas eram cumpridas
rigorosamente como vinham ainda enriquecidas com contribuições originais dele, repórter afiadíssimo e senhor de um
daqueles textos que, como se dizia, “podiam descer direto para a gráfica.”
Não estava a par desses tristes detalhes que precederam e, evidentemente, foram em grande parte responsáveis por
sua morte. Mas lembro-me que na ocasião fiquei chocado com um texto publicado pela imprensa que, se o
Chrysóstomo estivesse vivo, sem dúvida o levaria à morte.
Era de uma crueldade, de uma baixeza imperdoável. E mais ainda por ser de autoria de um jornalista de primeira
categoria, que eu muito admirava pelo talento.
Chrysóstomo foi uma grande pessoa destruída pela mesquinhez humana.
chrysóstomo
Parabéns por esse texto, Nassif.
Chrysóstomo foi um dos mais brilhantes colegas com quem trabalhei, nos bons tempos da revista Veja.
Ele era como todos os jornalistas devem ser: todas as pautas que mandava para ele no Rio não apenas eram cumpridas
rigorosamente como vinham ainda enriquecidas com contribuições originais dele, repórter afiadíssimo e senhor de um
daqueles textos que, como se dizia, “podiam descer direto para a gráfica.”
Não estava a par desses tristes detalhes que precederam e, evidentemente, foram em grande parte responsáveis por
sua morte. Mas lembro-me que na ocasião fiquei chocado com um texto publicado pela imprensa que, se o
Chrysóstomo estivesse vivo, sem dúvida o levaria à morte.
Era de uma crueldade, de uma baixeza imperdoável. E mais ainda por ser de autoria de um jornalista de primeira
categoria, que eu muito admirava pelo talento.
Chrysóstomo foi uma grande pessoa destruída pela mesquinhez humana.
Nassif,
Permita-me.
Conheci
Nassif,
Permita-me.
Conheci bem o Crisóstomo. Na época em que ele adotou a menina, tínhamos contato quase diários porque colaborava com o Lampião, da qual ele era um dos fundadores e proprietário. Várias vezes, interferimos – inclusive o Aguinaldo Silva – para que abandonasse a ideia de adoção. Isso já se vão mais de 30 anos e dá para imaginar o que significava uma decisão dessas naquela época.
Devo esclarecer que a mendiga não ficava em frente ao seu prédio. Crisóstomo morava em Santa Teresa, e a mendiga, em companhia da filha de colo, postava-se na Rua da Lapa, paralela à Joaquim Silva, onde estava a redação do Lampião. Diariamente, Crisóstomo – e nós também, claro – víamos aquela cena que o sensibilizava e o amargurava.
É preciso também fazer uma correção. Na época, o Crisóstomo não trabalhava mais no Jornal do Brasil. Era do quadro de Veja, crítico de arte e espetáculos. Não sei, entretanto, se tinha ainda vínculo formal com a Abril. Também dirigia shows de música com sucesso.
De fato, depois da adoção sua vida virou um inferno. A mãe da criança passou a persegui-lo pelas ruas do centro, a ponto de não poder ir mais ao Lampião. Ressalto que o Crisóstomo retira-lhe a filha contra a vontade e a levou a uma delegacia de menores.
Crisóstomo foi denunciado por vizinhos e processado. Foi acusado até de violência sexual contra a criança, embora ficasse provado pela perícia que nada de mal lhe acontecera fisicamente.
Cumpriu pena no Ponto Zero, um quartel da PM onde eram recolhidos presos com nível intelectual, quem podia ser alvo de agressões em um presídio comum, bicheiros e policiais condenados. Fui vê-lo muitas vezes. Éramos poucos: muitos artistas, amigos, colegas que tanto ajudara desapareceram.
Em péssimas condições físicas e psicológicas, bebendo mais do que nunca – e sempre bebera e fumara muitíssimo – restou-lhe mudar para São Paulo. Tentamos alguma coisa para ele na capital paulista, mas tornara-se um morto vivo.
Foi vítima de um verdadeiro assassinato cultural.
Certamente o pequeno Wesley – ao lado de seus pais – terá um futuro mais feliz do que a Claudinha, a menina do Crisóstomo. E espero que saiba que muitos passaram um pouco pelo que o Crisóstomo passou para que pudesse ter a vida linda que certamente terá.
oi Alceste, tudo bem?
Alceste , como vai? Me chamo Roberto, eu achei bastante interessante seu comentario sobre Crisotomo. Eu gostaria de saber se poderiamos coversar a respeito. Um garnde abraço
“liderados por um até agora
“liderados por um até agora expoente do jornalismo” –
Detesto quando alguém conta o milagre mas não diz o nome do santo, acho um desrespeito com o leitor.
Eu gostaria de saber quem é o pulha, apenas para marcá-lo no meu caderninho.
O leitor tem o direito de saber que tipo de gente escreve os artigos que lê diariamente.
Olá, Nassif. O caso Chrysóstomo (o processo criminal que respondeu) foi abjeto de análise em profundidade em minha Tese de doutoramento em História Social. Minha graduação em direito me permitiu uma compreensão privilegiada, numa boa interdisciplinaridade (link mais abaixo). Estou trabalhando no texto para publicação. Se possível, gostaria de poder contar com o seu depoimento pessoal, via emeio. Agradeço. Rita.
De Daniele a Chrysóstomo:Quando travestis, bonecas e homossexuais entram em cena https://www.historia.uff.br/stricto/td/1437.pdf