Mário de Andrade, o grande paulista brasileiro

Caros,

Comentário ao post: A brasilidade intemporal da música

É nessa onda que eu vou, na musicalidade e na poesia do povo brasileiro, para vislumbrar dias melhores, no mínimo para as minhas angústias, e renovar as crenças macunaímicas, pois é na escrita e no ouvido afinado de Mário de Andrade, um paulista e brasileiro raro, que amou o Brasil, mas pagou um preço alto.

Dedicatória que José Lins do Rego escreveu em seu livro, Menino de Engenho, para Mário de Andrade,  em 1932:

Mário, por que você que tanto nos conhece não adverte S. Paulo de sua injustiça para conosco?

Mando-lhe o meu Menino na esperança de que você o acolha com seu irmão do Nordeste” (José Lins do Rego)

No livro Empanando Passarinho (TOMO XX), página 249, a crítica de Mário de Andrade sobre o livro “Fogo Morto”, de Jose Lins do Rego:

“(…) “Um personagem de Prost diante de mestre José Amaro é café-pequeno

Mas o modernista Mário de Andrade era amigo dos modernistas do Rio e de Minas, ao Ministério da Educação e Saúde, da era Vargas, de Gustavo Capanema e seu Secretário de gabinete, quem? simplismente Carlos Drummond de Andrade. E os amigos do governo Vargas arrumaram um jeito e verba para ele desenvolver seus projetos de pesquisas folclóricas e de registrar a musicalidade pelo Brasil afora, no período que foi Diretor do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo, sua cidade, na época não quis (recusou) ser professor da recente criada “Universidade da Comunhão Paulista”, depois USP – Universidade de São Paulo.

O Brasil de 1930 a 1945 foi um período mágico, não só no Ministério da Educação, com Lúcio Costa revolucionando Escola Nacional de Belas Artes, Anísio Teixeira na Educação da Bahia, “aprender a pensar e não a decorar” (não mudamos muito), o prédio do Min. da Educ., tendo como inspiração e consultor Le Corbusier (que também não tinha boa relação com a academia francesa, era prático, autodidata), assim como Mário de Andrade que lias as revistas dos teóricos franceses, americanos, alemãos e do mundo,  e fazia suas críticas literárias e musicais dos “teóricos” do academissismo. Le Corbusier, tornou-se ao longa da jornada, depois das crises (prédio do MES com Lúcio costa e Niemeyer), um admirador da arquitetura moderna brasileira, Niemeyer e a Pampulha de JK, o prédio da ONU, Brasília de Jk com Niemeyer e Lúcio Costa novamente, etc, admiração dele, Lecorbusier e do mundo, além da música, do samba, de Noel, de Heitor Vila Lobos,  ao responder as críticas a sua música na Alemanhã nazista dos anos 30), disse: “Eu vim aqui paa mostrar meu trabalho, minha música, e não para aprender“, com nossas riquezas infinitas, pintura, etc, etc… 

O texto abaixo é do wikipedia, e o viés paulista está já na primeira frase, “era de instabilidade do governo Vargas“, mas vamos ler o que interessa, separando as arestas ideológicas e inverdades, como diz Oswald de Andrade, “o pavão confirma Freud“: 

Em 1935, durante uma era de instabilidade do governo Vargas, organizou, juntamente com o escritor e arqueólogo Paulo Duarte, um Departamento de Cultura para a unificação da cidade de São Paulo (Departamento de Cultura e Recreação da Prefeitura Municipal de São Paulo), onde Andrade se tornou diretor Em 1938 Mário de Andrade reuniu uma equipe com o objetivo de catalogar músicas do Norte e Nordeste brasileiros.

Tinha como objetivo declarado, de acordo com a ata da sua fundação, “conquistar e divulgar a todo país, a cultura brasileira“. O âmbito de aplicação do recém-criado Departamento de Cultura foi bastante amplo: a investigação cultural e demográfica, como construção de parques e recriações, além de importantes publicações culturais.

Exerceu seu cargo com a ambição que o caracterizava: ampliar seu trabalho sobre música e folclore popular, ao mesmo tempo organizar exposições e conferências. As missões resultaram um vasto acervo registrados em vídeo, áudio, imagens, anotações musicais, dos lugares percorridos pela Missão de Pesquisas Folclóricas, o que pode ser considerado como um dos primeiros projetos multimédia da cultura brasileira. O material foi dividido de acordo com o caráter funcional das manifestações: músicas de dançar, cantar, trabalhar e rezar. Trouxe sua coleção fonográfica-cultural para o Departamento, formando uma Discoteca Municipal, que era possivelmente as melhores e maiores reunidas no hemisfério.”

Mas o período pós “revolução constitucionalista” piorou mais ainda para a elite Paulista, veio a ditadura do “Estado Novo” de Vargas, e o sonho da elite de ver o Eng. Armando de Salles Oliveira ser eleito Presidente do Brasil,…., sobrou para quem estava mais na ponta da corda, quem mais o admirava, a elite e os “mui amigos’,  puxaram-lhe o tapete, foi acusado de corrupção em 1938 e foi demitido.

Mas Mário de Andrade, o grande modernista paulista brasileiro. Isso é música eterna para meus ouvidos.

Redação

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