ANARRIÊ, ALAVANTÚ XVIII Que papo cagão é esse de que Lula errou ao opinar sobre o conflito Estado de Israel e o rebotalho palestino, em Gaza?
Por Rui Daher
Rebotalho? Sim. Quem vive em Gaza, que não marginalizados sem terras reconhecidas no planeta ou terroristas a quem, por descuido ou ideologia suicida, resolveram perguntar-se que mundo era o de 1948, quando a ONU, na época presidida pelo gaúcho Oswaldo Aranha (1894-1960), que diante do pênalti piscava para o batedor, indicando em qual canto deveria chutar a bola.
Gol! Claro. E estavam aprovados o Estado de Israel, a macheza gaúcha e a hegemonia norte-americana, que passava a ser dona de uma terra fadada a sempre ser protegida e outra, obrigada a conviver com a dominante sem nenhum direito.
Abrandemos o feito de Aranha. Afinal, foram décadas de lobby e campanhas imigratórias sionistas, resposta ao resiliente antissemitismo, que mesmo após a queda do nazismo ainda persistia na Europa.
Aqui em Botelhos, Minas Gerais, de onde trabalho e, num boteco provido de moelinhas de frango e cachaças salineiras, o professor Filgueiras, amigo e personagem de meu livro “Dominó de Botequim” (edição esgotada, 2016), pergunta:
– “Rui, por que sempre há alguém acusado de perseguir os judeus, reclamando de algum malfeito que eles possam ter cometido”?
A minha vontade, incomodado com o vento frio que entrava pela porta do boteco, vindo das montanhas cafeeiras, era responder “sei lá, pergunte a eles. Coisa de Deus, assim como os pobres se conformam quando alguma tragédia os acomete”.
Não fiz. Tenho profundo respeito pelos conhecimentos, labuta e a desprezível remuneração que recebem. Meneei negativamente a cabeça.
– Talvez aspectos históricos, desde os tempos bíblicos, desgosto com o Jesus Cristo que teima em não chegar a eles, enquanto está aqui presente em centenas de seitas, todas invocando seu nome, como se somente a eles pertencente. Tanto faz. Quem sabe, revoltou-os aguentar as reclamações dos alfaiates de NYC quanto à concorrência de Armani, Zegna, Dunhill, o Holocausto. Não sei.
Hoje em dia, mais do que lamentar os trucidados pelo arsenal bélico israelita, aqui, na Federação de Corporações Fascistas, se prefere demonizar o que o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva pisou na bosta ao comparar o massacre promovido pelo exército de Israel contra tudo o que for humano na Faixa de Gaza. Literalmente, o que Lula falou:
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza e o povo palestino não existe em nenhum momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus”.
“Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças”.
E por acaso, não é? Onde a mentira, a pisada na bola, a cagada? Ou apenas a coragem que faltou a muitas autoridades declararem?
Se os empurram para o Sul, lá é o morticínio; se permanecem no Norte, lá são instaladas as milhares de covas. Indiscriminadamente. Se terroristas do Hamas, palestinos homens, mulheres ou crianças, mesmo quem abrigado em hospitais, estes serão túneis e bunkers do Hamas.
Fato é que a condução da resposta de Israel ao execrável e inaceitável ataque covarde do Hamas a um grupo de israelitas (somente?), eliminando pouco mais de 1.200 pessoas, está sendo feita por um ditador sionista, Benjamim Netanyahu, tão inclemente quanto o russo Vladimir Putin faz com sua inserção no território ucraniano. O mundo ocidental faz-se de tonto como plateias espanholas fazem com a morte certa dos touros.
Não mais se esconde que Israel, seja lá qual for seu governo de plantão é sustentado pelos EUA e, sob panos, pela indústria bélica mundial. Some-se o que poderia significar a saída por mar para Israel, conquistada a Faixa de Gaza.
Não cabe música. Ainda que fossem lacrimosas.
Rui Daher – administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
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