Lula está equivocado em “virar a página de 1964”, diz Genoíno ao GGN

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Ex-presidente do PT, José Genoíno analisa os desafios do governo Lula e o relacionamento com os militares

José Genoino
Foto: Reprodução/TVGGN

Lula está equivocado em dizer vamos virar a página de 1964“. Essa é a posição do ex-presidente nacional do PT e ex-deputado federal, José Genoíno, que fala ao jornalista Luís Nassif sobre os desafios do atual governo em enfrentar a herança do bolsonarismo que contaminou setores militares e da sociedade brasileira nos últimos anos.

Na última terça (12), uma determinação do presidente de vetar eventos oficiais em memória dos 60 anos do golpe militar, fez com o Ministério dos Direitos Humanos cancelasse uma solenidade marcada para 1 de abril, em homenagem às vítimas da ditadura. A decisão de Lula seria um aceno aos militares, irritados com o avanço das investigações sobre o atentado à democracia em 8 de Janeiro.

A vontade do presidente Lula em virar a página da história e jogar panos quentes na relação com os militares implica em deixar o golpe de 1964 passar em branco, o que vai contra, inclusive, à expectativa de que o governo fosse retomar todo o trabalho de justiça de transição que ficou abandonado nos anos de Jair Bolsonaro (PL).

O que aconteceu no 8 de Janeiro tem a ver com o golpe de 2016 [impeachment de Dilma], e o 2016 tem a ver com 1964. Lula está equivocado em dizer ‘vamos virar a página de 1964’. Não tem como virar a página, porque a medula autoritária das Forças Armadas estava presente nesses últimos fatos“, afirmou Genoíno na entrevista exclusiva ao GGN.

Além de mandar cancelar atos no marco dos 60 anos de golpe militar, Lula não recebeu familiares de vítimas da ditadura e o pedido de agenda está sem resposta desde agosto passado, conforme revelou Rubens Valente na Agência Pública. Na visão de Genoíno, para vencer o golpismo, Lula precisa lembrar a história.

Nós temos que discutir qual é a política de defesa do país (…) Precisamos de um país que não tenha medo do passado, e não se trata de punir, mas de fazer uma espécie de limpeza geral no sentido de colocar ordem na casa“, acrescenta o político.

Nós temos que discutir o que resta para tratar da Comissão Nacional da Verdade, o que resta para tratar da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos; o que resta para tratar daquilo que as Forças Armadas se lambuzaram no governo do inelegível. Não se trata de pegar individualmente ninguém, nem de revanchismo, mas de um país que não pode ficar com medo do passado. O passado só passa se você discuti-lo“, completou.

Ainda na entrevista, Genoíno falou sobre a falta de propostas claras do governo Lula e de como a base no Congresso tem deixado a desejar na defesa do presidente, entre outros desafios para o campo progressista.

Assista a entrevista na íntegra:

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Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

2 Comentários

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  1. Na boa , perdemos o bonde de “64”.

    Os atores principais estão mortos.

    Temos uma encrenca com os militares de hoje, precisa explicar ?

    Fora os 3857 problemas da nação.

    Deixa o Clube Militar fazer o rango deles.

    Cana para os da ativa que celebrarem o golpe.

    Lula está certo.

    Deixa a “revolução” para os historiadores.

  2. A abordagem, Golpe de 64, que resultou em uma ditadura militar cruel, está desfocada pelo Lula, não é homenagem ao golpe, é relembrar para que NUNCA sejam esquecidos as vítimas.
    Medo de não melindrar assassinos é covardia!

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