Ajuste da taxa de juros já era esperado pelo mercado

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – O aumento de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic), anunciado pelo Banco Central na noite da quarta-feira (11) já era esperado pelo mercado, e levou algumas entidades que representam o setor produtivo a revisar seus prognósticos para o crescimento da economia brasileira no ano de 2013.

Segundo a nota divulgada pelo colegiado após a definição, “o Comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano”. Com a medida, o país passa a ter a segunda maior taxa de juros real – taxa atual descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses – do mundo, com 2,5%, apenas abaixo dos 2,9% registrados na China, segundo cálculos elaborados pelo portal MoneYou. Quando se considera a taxa de juros dos últimos 12 meses descontada a inflação dos últimos 12 meses, a variação registrada no Brasil atinge 1,7%, a sexta maior do mundo – a China ocupa a liderança do ranking, com 3,2%.

Após o anúncio, entidades do setor produtivo acreditam que os prognósticos para a economia no ano serão reduzidos. Em nota, a Fiesp e a Ciesp, Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, respectivamente anunciaram que a medida levará a uma nova revisão para baixo nas expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013, que pode ficar abaixo de 2%. “Os governos precisam aumentar a eficiência da máquina, e serem capazes de fazer mais pelas pessoas”, diz Paulo Skaf, presidente da Fiesp e do Ciesp.

No contexto atual, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) avalia que “a alta do juro, mesmo que o nível de atividade não esteja em recuperação e que o mercado de trabalho apresente sinais de enfraquecimento, é a melhor alternativa para combater a inflação”. Em nota, a entidade afirma que a desoneração para alguns setores não apresentou efeitos esperados sobre os níveis de crescimento e de investimento da economia, e aumentou o desequilíbrio das contas públicas, não deixando opção senão a elevação da taxa. 

Para a entidade, “o ciclo de aumentos na Selic só será interrompido quando os números do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) voltarem a ficar perto do centro da meta de inflação (4,5%). A taxa acumulada do indicador nos últimos 12 meses está em 6,7%”.

Para o vice-presidente do Conselho de Administração do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (IBEF), Keyler Carvalho Rocha, o novo aumento dos juros “reflete a preocupação do Banco Central em trazer a inflação de volta à meta, que é de 4,5% ao ano. É importante lembrar que, no acumulado dos últimos 12 meses, a inflação alcançou 6,70%aa, impulsionada também pela alta do dólar, o que torna as importações mais caras. Enquanto não houver queda inflacionária, o BC deve continuar a fazer ajustes nos juros”.

Já a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) afirma que o novo ajuste era previsível, tendo em vista que a inflação medida pelo IPCAsuperou o teto da meta estabelecida pela segunda vez no ano. Ao mesmo tempo, os analistas observam uma persistente deterioração das projeções de crescimento para a economia brasileira, especialmente após os frustrantes resultados do PIB do primeiro trimestre e da produção industrial de maio. 

Diante disso, a instituição ressalta a necessidade de adotar uma política fiscal norteada pela redução dos gastos correntes, que efetivamente reduza a pressão exercida pelo consumo do governo sobre a inflação. “Essa política deve ser pautada por mudanças institucionais que sinalizem maior responsabilidade fiscal, incluindo o comprometimento com um superávit primário maior para os próximos anos, livre de artifícios contábeis, bem como o estabelecimento de limites para o crescimento das despesas públicas. De fato, o país precisa resgatar o compromisso com as metas fiscais, e cumpri-las”, ressalta a entidade. 

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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