Nova Economia: Brasil volta à lista de países mais inovadores, mas precisa superar desafios

Inovação brasileira sobreviveu à falta de investimentos da gestão Bolsonaro, mas precisa estar mais disposta a correr riscos se quiser avançar.

Brasília – Profissionais e entusiastas da tecnologia participam da Campus Party, em Brasília. Crédito: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

O Brasil voltou a fazer parte da lista das 50 economias mais inovadoras o mundo depois de 15 anos, feito divulgado na última quarta-feira (27), na abertura do 10º Congresso Internacional de Inovação da Indústria. O País agora ocupa a 49ª posição no Índice Global de Inovação, melhor colocação entre os demais países da América Latina.

Para repercutir esta notícia e entender qual é o panorama da inovação brasileira, o programa Nova Economia recebeu, nesta quinta-feira (28), o sociólogo e professor titular da Universidade de São Paulo, Glauco Arbix, e o diretor do Sesi, Vagner Freitas.

Na visão de Vagner Freitas, o Brasil pode ser o primeiro país do mundo no desenvolvimento de energia limpa, especialmente a partir do desenvolvimento e produção do hidrogênio. Porém, ele ressalta que temos de manter a tecnologia em território nacional, não apenas comprar tecnologia de outros mercados.

A fim de atingir este e outros objetivos, o diretor do Sesi comentou que a instituição, mantida pela iniciativa privada, desenvolve e cria produtos de inteligência em parceria com o Senai, e que estimula os alunos do Sistema S participem de competições internacionais e criem soluções tecnológicas em sala de aula.

Boa notícia após a crise

Apesar de ser uma boa notícia, o Brasil não deve se manter no ranking de inovação nos próximos anos, mesmo que esteja desenvolvendo tecnologias bastante promissoras, a exemplo do uso de hidrogênio verde como fonte de energia, segundo Glauco Arbix. O sociólogo ressaltou que este resultado se refere ao cenário de seis anos atrás.

Porém, durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), a pesquisa brasileira teve de enfrentar uma grande crise, além das sucessivas tentativas de desmonte impostas às universidades e centros de pesquisa.

Em 2014, por exemplo, Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) investiu R$ 10 bilhões em ciência, tecnologia e inovação para empresa, universidade, centros de pesquisa, entre outras instituições. “No ano passado, a Finep não conseguiu investir R$ 1 bilhão, para você ter ideia do tamanho da encrenca”, pontuou o entrevistado.

Arbix comenta que a descontinuidade do sistema de inovação não se restringiu às universidades e centros de pesquisa. “Tradicionalmente, o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] investe em infraestrutura e indústria. Praticamente 55% dos investimentos em infraestrutura e 45% na indústria. Nos últimos quatro anos, a média de investimento foi 18%, 17%, o que significa que a indústria brasileira, aquela que precisava inovar e queria sobreviver, não encontrou mais no BNDES um ponto de apoio.”

Riscos

Para ser ainda mais inovador, o Estado brasileiro precisa estar mais disposto a correr riscos, na avaliação de Glauco Arbix, pois as inovações mais radicais, “aquelas que modificam a economia efetivamente” são as que mais trazem riscos.

“O Estado, que é o grande financiador, não quer correr riscos. Ele não corre riscos, mas também não colhe os benefícios quando a inovação ocorre”, conclui o sociólogo.

Confira o debate na íntegra:

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Camila Bezerra

Jornalista

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