Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
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Rui Daher: Como um país vai de queridinho do planeta a uma estrutura podre?

Delfim Netto

Por Rui Daher


A agropecuária está num contexto econômico favorecido pela sua essencialidade na manutenção da vida; mas os estragos feitos, estão feitos

https://www.youtube.com/watch?v=AQJi8EJuhMo width:700 height:394

Da CartaCapital

Mesmo depois de um ano de pesada argumentação jornalística, acadêmica, política, jurídica, econômica, empresarial e, também, – louvado seja o Senhor – dos inadmissíveis narradores televisivos criminais, os leitores terão conseguido entender, com clareza, como um determinado país pode ser, durante quase 10 anos, o queridinho do planeta e, imediatamente, virar o ânus do mundo, inserido numa estrutura podre, decadente e sem futuro?

Não, não, se for para me acossarem com o tal Fla-Flu, caio fora. Isso vivemos desde 2003, num processo cansativo e inconcluso de culpabilidade e fulanização.

Apenas faço a pergunta. A quem entendeu, parabenizo. 

Dois artigos memoráveis do professor Delfim Netto, publicados nesta CartaCapital, “O capitalismo não é uma coisa” e “O erro essencial”, poderão ajudar na reflexão.

Aos desavisados pode parecer mais do mesmo. Não é. O professor não procura verdades apenas em planilhas econométricas. Usa a história e a dialética:

“O homem é um animal terrivelmente complicado. Enquanto ele priorizar a sua liberdade de escolha; enquanto for, souber e sentir que é diferente do ‘outro’; enquanto nem mesmo a mais longa privação da sua liberdade for capaz de incorporar no seu DNA um comportamento comunitário instintivo (…), continuará a sê-lo”. E reconhece: “A história mostra que a tendência ao abuso e, com o tempo, ao abuso absoluto parece tão inevitável quanto o aumento da entropia no mundo físico”.

Alguém não concorda? E continua. Afirma que o tempo trouxe soluções que amenizaram os abusos:

“A ampliação da democracia que empodera crescentemente os cidadãos pelo sufrágio universal foi a forma ‘civilizada’ que os homens inventaram para substituir (…) a minoria bem organizada em períodos bem definidos com eleições secretas, livres e abertas”.

Vai mais longe e coopta Karl Marx. Crê que se hoje o filósofo alemão ressuscitasse, “se entusiasmaria com a fantástica metamorfose do seu capitalismo ‘inovador e revolucionário’ sob a pressão organizada do cidadão-trabalhador empoderado pelo sufrágio cada vez mais universal”, embora o alemão continuasse a achar o capitalismo do século 21 “injusto e profundamente imoral”.

Alguém não concorda? Em 18/09/2015, aqui publiquei, “Como a agropecuária vai lidar com as transformações do capitalismo”?

Usando da dialética do professor Delfim Netto, não acredito que esse seja um caso específico da agropecuária, até porque ela está inserida num contexto econômico favorecido pela sua essencialidade na manutenção da vida.

Os estragos feitos, estão feitos. Permanecerão. Com menor intensidade. Não pelos efeitos da generalização do sufrágio universal, que isso, a exemplo do que se vive hoje no Brasil, golpes de Estado são ágeis em negar a vontade popular de forma fácil e coonestada pelo acordo secular de elites.

O professor está correto quando pensa assim até quando considera o ciclo capitalista ainda não reificado pelo desregulado sistema financeiro internacional. Até o momento em que os Estados não estavam subordinados à acumulação de capital rentista.

Aí sim, indústria, comércio e serviços permitiam aparelhos de distribuição mais igualitários. Sindicatos, ONGs, movimentos sociais, formas assistencialistas de apoio àqueles na base da pirâmide, tinham algum valor.

Não têm mais. Acabou. Finito. Quem fez, como por exemplo alguns países europeus fizeram, enquanto o capitalismo foi o que Delfim Netto ainda o supõe ser, se deram bem. Hoje em dia, não mais. China, Índia e outros emergentes, de uma forma ou outra, estão e estarão todos dominados se não houver uma mudança radical no sistema, hoje disforme e concentrador.

Podemos desconsiderar a concentração de renda e riqueza patrimonial nos EUA e demais países hegemônicos? Doravante, o poder terá, fatalmente, que entrar no jogo desse novo ciclo, talvez o mais cruel desde o feudalismo. Ou acionar seus arsenais.

A desigualdade só tem feito crescer. Quando o 1% da população do planeta deteve 50% da riqueza mundial? Os pobres se endividam para consumir produtos de maior valor agregado e ter acesso às inovações tecnológicas do novo milênio. O que é renda e o que é patrimônio?

Outro professor, Belluzzo, nesta mesma CartaCapital, vai às estatísticas e informa: “as últimas quatro décadas foram tempos de vacas magras para o emprego e vacas gordas para os lucros”.

De que valeu, então, o sufrágio universal que faria Karl Marx, ressuscitado, sambar sobre oManifesto Comunista?

A reversão disso não se fará pelos Estados, já quebrados e subalternos aos conglomerados industriais, aos banqueiros e seus acólitos do mercado financeiro. Nem pelo distorcido comércio internacional.

Qualquer transformação no ciclo atual do capitalismo virá de movimentos autônomos originados no seio da sociedade inovadora.

Volto ao assunto, se não mudar de ideia.

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

20 Comentários

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  1. Os links nesse seu artigo

    Os links nesse seu artigo para os artigos de Delfim Neto, que você considera auxiliares na compreensão da questão (mas que, em minha opinião, são fundamentais) estão quebrados, caro Rui. Os corretos são:

     

    O capitalismo não é uma coisa: http://www.cartacapital.com.br/revista/872/o-capitalismo-nao-e-uma-coisa-3219.html

    e

    O erro essencial: http://www.cartacapital.com.br/revista/875/o-erro-essencial-8406.html

     

    E gostaria também de apontar que tanto “queridinho do planeta” quanto cu do mundo são coisas relacionadas à fama. E criação de fama – negativa ou positiva – é encargo e atributo das empresas de comunicação de massas, os jornais. Como nossos jornais têm outros interesses além da divulgação de fatos, creio que vale a pena incluir a autoria – não sua, que longe de mim acossá-lo, mas sim da imprensa – na questão.

    1. Prezado Renato,

      concordo com a influência e os ‘chavões’ criados pela mídia, mas a posição que alcançamos no ranking da economia não foi uma ficção e fazia assim acreditarmos. Não deu. Dos links, não entendi, pois não os incluí no texto.

      1. Ué… os links estão no 4o.

        Ué… os links estão no 4o. parágrafo:

        “Dois artigos memoráveis do professor Delfim Netto, publicados nesta CartaCapital, “O capitalismo não é uma coisa” e “O erro essencial”, poderão ajudar na reflexão.”

        Agora quanto às agências de classificação… será que não é tão terrorismo, tão negativismo quanto o da imprensa? Até que ponto não são os rentistas que balizam o que vai ser dito tanto pelos jornais da imprensa conservadora quanto por essas agências? Não digo de um comitê centralizador, uma paranóia como “Ordem Mundial dos Rentistas” e sim dos espírito rentista que há nas pessoas que são funcionárias ou dirigentes tanto dessas empresas de jornais quanto das de classificação. Será que esses jornais e essas agências contratariam alguém que, mesmo não sendo da “elite”, por falta de consciência de classe, imagina-se como tal?

  2. Países pobres dificultam a distribuição de renda nos países rico

    A queda da participação dos salários no PIB, verificada nos EUA nos últimos 40 anos, foi consequência da entrada de asiáticos, principalmente dos 2,5 bilhões de chineses e indianos, no mercado de trabalho. Pelo menos 1 bilhão de trabalhadores dispostos a trabalhar dez ou doze horas por dia em troca de salários ínfimos, estes têm sido os principais adversários do trabalhador americano. Foram afetados principalmente os trabalhadores menos quaificados, facilmente substituíveis pela mão de obra asiática. Nos setores onde o nível de qualificação é muito alto, os salários nos EUA são extraordinariamente altos. É o caso principalmente dos executivos, até mesmo porque uma SA é gerida por uma burocracia que consegue burlar o interesse dos acionistas para pegar para si uma fatia maior do lucro da empresa. Isso foi apontado por J. K. Galbraith há mais de 40 anos, creio que no livro O Novo Estado Industrial. Na Europa, a força dos sindicatos e a existência governos socialistas minimizaram as perdas dos trabalhadores, principalmente no caso ds benefícios diversos. Mas esses governos ficaram cada vez menos socialistas, talvez por uma questão de pragmatismo, pois é difícil distribuir renda e ao mesmo tempo competir com os asiáticos. Os profissionais liberais americanos e europeus também auferem rendas muito altas, pois também ficam fora da competição.

    Em resumo, a desigualdade da riqueza das diferentes regiões do planeta, num mundo globalizado e com lvre comércio, impede a distribuição de renda dentro dos paíse mais ricos.Os ricos americanos se tornam cada vez mais ricos pricipalmente exporando os trabalhadores dos países emergentes, não exatamente o trabalhador americano.

  3. Rui, o Delfim pode usar

    Rui, o Delfim pode usar qualquer método que tenha sido criado pelo gênio humano, menos a “história e a dialética” que você cita. Ele usa certamente uma “dialética mutilada”. Que disparate. Mas esse não é o maior deles. O delírio completo é reproduzir tamanha sandice: Marx, se vivo, “se entusiasmaria com a fantástica metamorfose do seu [seu?] capitalismo ‘inovador e revolucionário’ sob a pressão organizada do cidadão-trabalhador empoderado pelo sufrágio cada vez mais universal”. O que vocês pensam, que Marx foi uma encarnação anterior que posteriormente reencarnou no corpo do Delfim? Só assim ele se entusiasmaria com tamanha ilusão, pois a burguesia demonstra hoje ter um poder (uma hegemonia acachapante) que nunca teve. Veja os grandes marxistas de nosso tempo, como Eric Hobsbawm, como Mèszàros, que só se dizem pessimistas. Marx não seria diferente.  

    1. Rodrigo,

      não escrevi que concordo com Delfim sobre o Marx “ressuscitado”. A todos é óbvio que ele não é marxista e não reconhece retrocesso no capitalismo. Citei-o porque permite reflexão sobre o século 21, que ele, atemporal, parece não perceber. Mas que a história e a dialética mostram ciclos claramente diferentes nos ajustes de mais valia é inegável.

  4. Linha de produção

    A utopia socialista acabou. A realidade do mundo atual deixa claro que o sistema econômico social das nações e dos países obrigam os indivíduos a especialização se desejarem usufrir dos bens e da comodidade do mundo moderno. O sonho ingênuo dos direitos sociais foram substituídos pela meritocracia.

    Quer ganhar dinheiro?

    Va se preparar.

    A linha de produção com direitos trabalhistas da era ford, já era.

    1. Engraçado… assim como no
      Engraçado… assim como no passado a Virtude frequentava o palavriado dos maiores pecadores atualmente só conheço pessoas ignorantes e incompetentes defenderem a Meritocracia.

      1. Implicito a meritocracia ta a

        Implicito a meritocracia ta a velha politica. Tem que ser anigo dochefe pra crescer na carreira, senão fica pra tras. No mundo financeiro realmente a meritocracia é o caminho mais injusto, todavia, contudo, é a realidade que se impõem, goste-se ou não. Por outro lado, pr se manter a honestidade, pelo menos a intelectual, todos os sitemas que pretenderam instalar um projeto de governança com vies social pretensamente mais justo, falharam… Falharam, foram mais hipocritas do que os velhos donos do PODER.

        Quer sair fora da meritocracia que abrange o mundo corporativo financeiro?

        Abra seu proprio negocio e cuidado com a CLT. A jurisprudencia trabaçhista, velho resquicio deste mundo decadente socialista, esta a espreita. SEja esperto.

    2. Meritocracia versus… socialismo?!

      Acho que você está confundindo tudo, Conde: socialismo é postura de estado, não da iniciativa privada. Já meritocracia é do universo do privado, não do estado. Meritocracia, a propósito, só faz jus ao nome se pensarmos que há mérito, por exemplo, pelo nascimento nesta ou naquela condição de ascendência familiar, etnia, compleição física, beleza e até na habilidade em seduzir, em nada relacionado com expertise e capacidade técnica. De qualquer forma, a iniciativa privada que faça como melhor entender, desde que seja mantida com suas mãos grandes e cobicentas fora do que é público, para não haver corrupção.

      1. Meritocracia

        Temos que colocar os pés no chão, flanar nas nuvens é uma proposta decadente. O que se impõem para a vida contemporanea é o velho pragmatismo – Manda quem pode, obedece, quem tem juizo.

        O mérito do privado como vc bem dividiu é exatamente – “Meritocracia, a propósito, só faz jus ao nome se pensarmos que há mérito, por exemplo, pelo nascimento nesta ou naquela condição de ascendência familiar, etnia, compleição física, beleza e até na habilidade em seduzir…”

        É a velha e boa politica nas relações comezinhas dos seres humanos.

        Desde que mundo é mundo sempre foi assim.

        As ondas socialistas e comunistas, pós revoluções que derrubaram as monarquias no  mundo, que propuseram estabelecer esta nova oredem. Os acontecimentos demonstraram que falharam na tentaiva. O mundo continua o mesmo de sempre. Não adianta nadar contra a maré.

        É como eu disse. Se quiser não fazer parte do mundo desta realidade ao tentar prosperar na vida, monte seu proprio negocio. Agora, cuidado com a clt.

        Qto a corrupção todo mundo sabe que ela bate tanto em chico como em francisco.

        1. Será que as coisas precisam

          Será que as coisas precisam ser como são? Digo… será que a gente não muda, não evolui, conserva-se como está desde sempre e prá sempre?

          Não, não… acho que é viagem minha supor que a gente evolui, né? Pé no chão! Você não assistiu aos Flintstones? Aos Jetsons? TV de pedra ou de plasma, a classe média sempre foi e sempre será submissa às elites. Castas sociais. Isso sim é pé no chão. Não ouviu o que Fukuyama disse (antes de se contradizer, claro, o que disse primeiro)?

          Mas a gente pode fantasiar um pouco, por favor? Imaginar que tem poder por conta de um carro novo, viajar de avião, ter empregados, diploma, cuidar da saúde, ter casa própria, ter voz na Política e… Êpa! Viajar de avião, não, que depois do PT até pobre viaja de avião… Pensando bem, agora pobre também tem carro novo, é até empresário, empreendedor…. E que porra é essa de Prouni, FIES e esse negócio de educação pública? E esse negócio de Mais Médicos? Minha Casa Minha Vida?! Iniciativa populares de participação na administração das cidades?! Que negócio é esse de ficar mudando as coisas, né? Você não viu os Flintstones e os Jetsons? rs…

          1. Mas a gente pode fantasiar um

            Mas a gente pode fantasiar um pouco, por favor?

            Os desejos de consumo que vc listou não é fantasia e sim objetivo de todo mundo nesta sociedade de consumo que vivemos.

            Tentar mudar o sistema de comando desta sociedade que é fantasia.

            O negocio de manda quem pode é o velho imperialismo de sempre. Isto não muda.

            VLW. Amigo.

          2. Prezados Conde e Renato,

            O rentismo está levando a uma concentração de renda feudal. Como respondi a outro comentarista, usando o filósofo Paulo Arantes, pode morrer de overdose ou se ajustar. Há milhares de inovações no sentido da transformação. Juro. 

          3. Não precisa jurar, eu

            Não precisa jurar, eu acredito, rs… E como você disse, Rui, “A reversão disso não se fará pelos Estados, já quebrados e subalternos aos conglomerados industriais, aos banqueiros e seus acólitos do mercado financeiro. Nem pelo distorcido comércio internacional. Qualquer transformação no ciclo atual do capitalismo virá de movimentos autônomos originados no seio da sociedade inovadora.”, há um número importante e cada vez maior de movimentos de pessoas e instituições que praticam independência e autonomia. O que faz morrerem as relações de dependência não é o extermínio de um líder, é o desprezo a esse líder por parte dos que se colocavam como liderados, a busca por alternativas. Em nível nacional, os países se esforçam para encontrar alternativas ao dólar (por exemplo, o BRICS). Entre pequenos grupos, já são várias comunidades que adotam práticas como a da Economia Solidária, inclusive com seus próprios bancos, suas próprias moedas.

            O fim dos centralizadores mundiais é questão de tempo, só. Mas que é inevitável, disso não tenho dúvida.

          4. Caro Conde, a fantasia não

            Caro Conde, a fantasia não está em ter esses bens e sim em que ter esses bens confere poder cidadão a quem tem. A pessoa que tem esses bens só é poderosa junto a quem compartilha da mesma fantasia. Assim se uma pessoa imagina que é poderosa por ter conseguido, por exemplo, comprar um carro Hilux em bom estado mas usado, atribuirá mais poder do que a si mesmo à uma outra, que tem um Cayenne ou MLA zero. E, creia, não é todo mundo que viaja nessa fantasia, não é todo mundo que tem o consumo por objetivo. Pessoas podem fantasiar que “as coisas” não mudam mas impedir as “coisas de mudar”… isso não tem como. Assim como aquele que fantasia ser poderoso por consumir acaba sendo mesmo é um dependente da aprovação e reconhecimento alheios, aquele que espera que as coisas se conservem como são – os conservadores – quebram a cara quando percebem que, para isso seria necessário controlar as pessoas. E isso depende do desejo das pessoas, não do desejo do conservador. E a alternativa a quebrar a cara é fantasiar, o que causa profundos males psicológicos.

  5. Em resumo, eis o que se

    Em resumo, eis o que se conclui deste elucidativo texto, pelo seu desfecho:    O QUE EU SABIA ATÉ ONTEM. SOMADO AO QUE APRENDI COM OS RECENTES ENSINAMENTOS DE DELFIM E BELLUZO, TORNOU-SE UM NOVO CONHECIMENTO QUE AINDA NÃO SEI.

    1. Sei sim, prezado

      Como disse Paulo Arantes: ou o capitalismo se transforma ou “morre de overdose”. Quais transformações? Inúmeras, que estão saindo de dentro da sociedade, demosntradas em fóruns promovidos pelo Nassif. Já procurou saber do avanço de empresas inovadoras de microcrédito? Dos assentamentos bem sucedidos? Continue lendo meus artigos para entender que alguma coisa está acontecendo, e eu sei.

  6. As considerações filosóficas

    As considerações filosóficas  do Delfim são instigantes, mas o que precisamos no momento  são conselhos práticos para sair mais rapidamente da crise. Por exemplo, o Delfim precisa dizer claramente se é a favor de continuar com a atual política de redução de gastos, cujo resultado é uma piora da situação fiscal, devido à queda maior da receita, ou se recomenda uma mudança.

    O Lula recomenda o estímulo ao consumo, via aumento do crédito, como forma de estimular o investimento e a economia. Qual a posição do Delfim a respeito dessa proposta?

    Para Delfim, o verdadeiro problema é o desequilíbrio estrutural inscrito na Constituição de 1988.

    Eu desconfio que a posição do Delfim é deixar rolar a crise, até chegar ao ponto em que são feitos os necessários “ajustes” nos benefícios sociais. Nas palavras dele: “..já não há qualquer solução possível a não ser o estabelecimento, na Constituição, de um mecanismo de cointegração quase automático entre a receita e as despesas primárias do governo, que gere um superávit primário para sustentar a relação dívida bruta/PIB em patamar adequado que torne possível, quando necessário, mitigar os efeitos do ciclo econômico com inteligente política fiscal”.

     

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