Mais um hediondo crime de homofobia ocorre em território nacional. Irmãos gêmeos, confundidos com um casal gay, ao saírem abraçados de uma note de festa em Camaçari, na Grande Salvador, no último domingo, foram brutal e covardemente agredidos por um grupo de intolerantes, assassinos em potencial, que escudados e encorajados pelo grupo, continuam a ameaçar a vida e a dignidade humana na prática do bullyng, a qualquer hora, em qualquer lugar. José Leonardo da Silva, uma das vítimas do crime hediondo (é inacreditável), recebeu várias pedradas na cabeça, não resistiu e morreu. Seu irmão Leandro, com seqüelas psicológicas para o resto de sua existência, como seus enlutados familiares, teve afundamento na face e recebeu alta do hospital.
No exato instante em que a oficialização da união entre duas pessoas do mesmo sexo é fato real e irreversível no mundo, a discriminação e a intolerância contra minorias, principalmente contra homossexuais (há discriminação contra índios, negros, pobres, favelados, judeus, etc.), cresce em território nacional. Custam a entender que a sexualidade é um direito privado inatacável. Opção sexual diz respeito à individualidade de cada ser humano. Gay não é sinônimo de falta de caráter e decência. É instinto biológico do prazer sexual diferenciado. Há que se respeitar, portanto, as diferenças.
O que causa espécie é que boa parte desses homofóbicos intolerantes, muitas vezes sob o efeito de álcool e outras drogas, são jovens de classe média e mesmo classe alta, alguns estudantes de nível universitário, cuja orientação e educação familiar revela-se, da porta pra fora, desprovida de princípios de direitos humanos e conduta cidadã. Comportam-se como violentos e ensandecidos assassinos, da mesma forma que grupos radicais de torcidas de futebol.
Os que cometeram o grave crime de homofobia e contra a vida dos irmãos gêmeos terão agora o que merecem como frios assassinos: o rigor da lei, o cárcere, o ostracismo e o repúdio social. A delegada Maria Tereza Santos Silva, responsável pela apuração do fato disse tudo: “Estamos em pleno século XX! e matar uma pessoa porque é homossexual é um absurdo”. Absurdo que precisa, pois, mesmo que o crime de homofobia ainda não tenha sido tipificado na lei penal brasileira, por falta de vontade política e descaso, ser punido com o máximo rigor, como crime hediondo, intolerável sob todos os aspectos.
Milton Corrêa da Costa é coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro
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