UM PAÍS CONTAMINADO PELA CORRUPÇÃO

             Duas notícias, estampadas em destaque na edição de “O
GLOBO”, na terça-feira, 19 de julho. nos dão a inequívoca e exata
dimensão do grau de corrupção a que chegou o país. A primeira delas,
matéria de destaque de capa, dá conta de que 70% das verbas públicas
desviadas são das áreas de Saúde e Educação. A outra, na página 3 do
jornal, informa que de 2449 pessoas envolvidas em desvios de verbas,
nas diferentes áreas da administração pública, 1.115, ou seja, 45,53%
são prefeitos ou ex-prefeitos. Atrás destes aparecem os servidores e
ex-servidores públicos, em segundo lugar, envolvendo 354 pessoas
14,45%).
                São números que nos dão a dimensão do grau de
contaminação -aí não estão computados os dados dos Tribunais de Contas
dos Estados e Municípios com relação a processos nas áreas cíveis e
criminais resultantes- das falcatruas que envolvem o dinheiro público.
Indecência e descaramento à toda prova. São desvios de recursos de
toda ordem que
envolvem dinheiro destinado a infra-estrutura de transportes,
estradas, merenda escolar, reforma de escolas e hospitiais, verbas emergenciais
para calamidades públicas resultantes de enchentes, desabamentos,
verbas para construções de habitações, saneamento, pontes
(inexistentes ou inacabadas), laranjas, enriquecimento inexplicável em
pouco tempo ( mágica), lavagem de dinheiro, licitações com vencedores
pré-determinados,
superfaturamento, sobrepreço, propina no pagamento de serviços não
executados, quadrilha de mensaleiros, desfaçatez, cinismo, sonegação
de imposto de renda, dólar na cueca, no quintal, debaixo do tapete,
enfim, um festival de falcatruas, onde parece que todos já estamos
conformados e acostumados com tanta falta de vergonha na cara e
impunidade. O que é pior, os ladrões da dinheirama – vejam o caso da
advogada Jorgina contra o INSS- não devolvem tudo o que roubaram aos
cofres públicos.
      Afinal de contas, desviar recurso de merenda escolar, de
reforma de hospital ou destinado a reconstrução de casas destruídas,
por ocasião de enchentes e desabamento é ou não é crime contra os
direitos humanos? Quem vai ser preso na Prefeitura de Teresópolis?
Quem vai ser preso no caso dos mensaleiros do “Valerioduto”? Até
quando vamos ver pela televisão, nas redes sociais ou jornais
impressos cenas de prefeitos e primeiras-damas e outros políticos,
algemados ou cobrindo o rosto com vestes ao serem presos por
falcatruas e desvios (para o seu o bolso) de recursos públicos? Quem
vai ser preso, com devolução do dinheiro desviado, no caso do DNIT?
      As notícias da vergonhosa corrupção que grassa neste país
chamam ainda a atenção para o caso do Estado de Alagoas, onde
proporcionalmente temos o maior número de analfabetos e de abandono
escolar do país. Num intervalo de menos de um ano, os alagoanos viram
a realização de duas operações da Polícia Federal com Prefeitos,
secretários, funcionários públicos e primeiras-damas presos acusados
de desvio de R$ 8 milhões, verba de merenda escolar.
     De fato, não há dúvidas, além do código de ética, o Brasil
precisa urgentemente que os que que detêm a missão de gerir a coisa
pública respeitem o dinheiro dos impostos pagos pelo suor do
trabalhador brasileiro, num país onde milhões ainda vivem abaixo da
linha da pobreza, enquanto uma pequena parte dos “malandros nacionais”
vivem nababescamente, às custa da corrupção, nos condomínios e nas
coberturas de luxo em áreas nobres com toda segurança. Vergonha
nacional, onde a pergunta que fica é: Que exemplo estamos dando às
novas gerações? Por enquanto, com toda certeza, o da corrupção e do
direito penal mínimo.

                                            Milton Corrêa da Costa

Redação

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