Davos vê América Latina mais competitiva que Ásia

Do UOL Internacional

América Latina pode substituir a Ásia como área mais dinâmica do mundo

O Fórum econômico de Davos prevê uma década de crescimento para a região

El País
Álvaro Romero 
Em Madri (Espanha)

Os países latino-americanos têm a possibilidade de substituir a Ásia como área econômica mais dinâmica do mundo e fazer que esta seja “a década da América Latina”, segundo o Fórum de Davos, que em todo caso adverte que para isso deve melhorar em questões como segurança e reforçar sua capacidade de inovação.

Segundo o relatório anual sobre competitividade do Fórum Econômico Mundial, a “rápida e robusta” recuperação com que a América Latina está deixando para trás a crise internacional demonstra sua força econômica e financeira. Virtudes que contrastam com a estagnação dos desenvolvidos e certo esgotamento do potencial dos Tigres Asiáticos.

Por esse motivo, seis dos 26 países da área que aparecem no relatório, que essencialmente analisa a capacidade de um determinado Estado para crescer mais rápido que o resto, registram progressos importantes. Os avanços mais destacados são os do México, que avança oito lugares, apoiado em seu maior nível tecnológico, seu sistema financeiro ou as melhores oportunidades para criar empresas; e o Peru, que sobe seis posições, pelo controle da inflação e do déficit público. Os que caem são principalmente países da América Central, e o fazem por motivos de segurança.

Apesar disso, em termos gerais a região continua atrás da Ásia. Para encontrar o primeiro país latino-americano da lista é preciso descer até o 31º lugar de um total de 143, com o Chile, enquanto a Ásia mantém Singapura em segundo lugar, atrás da Suíça.

Segundo a opinião dos mais de 3 mil empresários entrevistados para realizar a classificação, cuja visão se completa com dados oficiais para definir o índice de competitividade, os pontos fortes da América Latina estão em sua estabilidade macroeconômica e seu mercado interno, cada vez mais dinâmico. Ao mesmo tempo, entre os fatores em que mais avançou no último ano destacam-se seu sistema financeiro e suas importações, embora neste ponto a dependência dos EUA possa ser um lastro no futuro. Melhores perspectivas, entretanto, oferece o apetite da China por suas matérias-primas.

Por outro lado, a América Latina fraqueja pela baixa produtividade de seus trabalhadores e sua frágil estrutura institucional. Também se vê lastreada pela percepção de insegurança e por uma rede de infraestruturas que precisa melhorar.

Entretanto, segundo o Fórum de Davos, onde tem maior potencial de desenvolvimento é na inovação, porque parte de níveis inferiores ao resto. De fato, é nesse capítulo que está mais distante dos gigantes asiáticos, com exceção do Brasil, que ocupa um destacado 31º lugar em capacidade de inovar, e o Chile, o 34º país mais atraente do mundo para o investimento estrangeiro de capital de risco.

Em inovação, epígrafe que não mede só o desenvolvimento tecnológico, mas também avalia a capacidade de incorporar novas ideias ao mercado, a região se manteve estável demais nos últimos cinco anos, na opinião da equipe de economistas que realizou o relatório. Para melhorar nesse aspecto, apesar da diversidade da região, a receita é simples: “Os países devem investir mais e melhor […], o que por sua vez exige a contribuição de recursos públicos e privados”.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Luis Nassif

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