Mercado se recupera após Brexit; Ibovespa sobe 1,99%

No câmbio, dólar cai 2,09%, a R$ 3,237 - o menor valor desde julho de 2015

Jornal GGN – Após o susto com a saída do Reino Unido da União Europeia, os investidores começaram a avaliar seus investimentos e a buscar novamente ativos de maior risco, o que ajudou os mercados de renda variável ao redor do mundo e, no caso da bolsa brasileira, a retomar o patamar dos 51 mil pontos.

O Ibovespa (índice da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo) fechou em alta de 1,99%, aos 51.001 pontos e com um volume negociado de R$ 7,685 bilhões. Desta forma, a bolsa tem ganho acumulado de 5,22% no mês e de 17,65% no ano.

A agenda do dia foi bastante movimentada no Brasil, com destaque para a inflação de junho ante maio medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), que veio em 1,69%, não apenas acima da mediana das estimativas do mercado (1,49%) mas também do teto das projeções (1,61%). A taxa de desemprego medida pela PNAD Contínua manteve-se inalterada no trimestre findo em maio de 2016 ante o trimestre imediatamente anterior, vindo ligeiramente abaixo da mediana das estimativas dos agentes, em 11,40%. No front fiscal, o setor público consolidado (Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção da Petrobras e Eletrobras) apresentou déficit primário de R$ 18,13 bilhões em maio, número que superou negativamente as estimativas dos analistas, que esperavam um déficit entre R$ 17,5 bi e R$ 13,5 bi. Em 2016, até maio o déficit totalizou R$ 13,71 bilhões, e em 12 meses totaliza R$ 150,51 bilhões. “Interessante salientar que ontem o governo revisou sua estimativa de déficit primário, com base na estimativa do crescimento do PIB, de 2,8% 2,60% deste, número que equivale a R$ 170,5 bilhões. Já estaria neste volume, segundo o ministro da fazenda Henrique Meireles, a despesa oriunda da renegociação das dívidas dos governos regionais (estados e municípios)”, diz a corretora BB Investimentos, em relatório.

Em termos acionários, o avanço foi influenciado pelo desempenho das ações da Petrobras, da mineradora Vale e dos bancos, enquanto a JBS, dona das marcas Friboi e Seara, disparou mais de 8%. Na outra ponta, a Hypermarcas liderou as perdas entre as ações do Ibovespa, assim como ontem. Fechou em baixa de mais de 14%.

No câmbio, a cotação do dólar comercial terminou em queda de 2,09%, a R$ 3,237 na venda – o menor valor de fechamento da moeda desde 22 de julho de 2015. Com isso, a moeda acumula desvalorização de 10,39% no mês e de 18,01% no ano.

Nos mercados estrangeiros, mais um dia de alívio, com altas em praticamente todos os mercados globais, após o traumático referendo no Reino Unido, que culminou com o pânico do Brexit. Em Londres, o mercado que mais sofreu perdas no último dia 24, o índice FTSE100 subiu 3,58%, encerrando o dia na máxima, e inclusive superou o patamar onde encontrava-se previamente ao dia do referendo.

Assim como ocorreu na terça-feira, os investidores estavam mais otimistas com o cenário externo devido à perspectiva de que bancos centrais pelo mundo podem reagir a eventuais turbulências financeiras com mais estímulos – e isso aumentava a dispiosição em aplicações de maior risco em países emergentes.

No Brasil, a percepção de que o Banco Central está menos propenso a intervir no mercado ajudou o dólar a cair. A autoridade monetária não realiza leilões de swap reverso (equivalente à compra futura de dólares) desde 18 de maio, um dia após a posse de Ilan Goldfajn como substituto de Alexandre Tombini. Na véspera, Goldfajn disse que a atuação no mercado pode ocorrer caso seja necessário, e que poderá usar todas as ferramentas com parcimônia no câmbio.

“Se em um passado recente, movimentos desta magnitude eram interrompidos pelo Bacen através da oferta de leilões de swap cambial, a autoridade monetária na gestão Goldfajn parece estar deixando “as rédeas mais frouxas” para tentar entender se existe algum patamar onde o próprio mercado intervirá”, diz o BB Investimentos.

Para quinta-feira, os analistas aguardam a publicação da sondagem do comércio e de serviços, indicadores industriais da Fiesp/Ciesp (Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e da CNI (Confederação Nacional da Indústria) no Brasil; taxa de desemprego na Alemanha; PIB (Produto Interno Bruto) do Reino Unido; índice de preços ao consumidor na zona do euro; índice de gerentes de compras de Chicago e pedidos semanais de seguro-desemprego, nos Estados Unidos; índice PMI de transformação na China; e taxa de desemprego no Japão, entre outros indicadores.

(com Reuters)