Os movimentos do pêndulo

Delfim Netto, na coluna semanal na CartaCapital

O fato notável é que, nessas circunstâncias, a tribo dos economistas e a sociedade sempre se dividem. Os otimistas crêem que tudo terminará com um misterioso aumento da produtividade da economia; e os pessimistas, que terminará em desastre. No início, os otimistas são 100% dos operadores. Lentamente, os pessimistas ganham terreno, à medida que os custos e a evidência de dificuldades crescem. Em algum momento, os pessimistas chegam a 51%. Nesse instante, todos, em desabalada carreira, passam a apostar na desvalorização e ela, inevitavelmente, se realiza.

Quando o mesmo fenômeno (apreciação cambial) acontece com superávits em conta corrente produzidos por uma extraordinária melhora das relações de troca do país, resultado, por exemplo, da expansão da economia mundial (que a história mostra ser um fenômeno cíclico), ele tende a acontecer no fim do processo. Só então se verifica a destruição causada pela teoria da falta de competitividade do setor produtivo, cujos preços de exportação (por se encontrarem num regime altamente competitivo) não se beneficiaram da alta dos preços internacionais.

O fenômeno é ainda mais grave quando, além da melhora dos preços externos, os juros reais internos abusivos estimulam a supervalorização da moeda nacional.

Luis Nassif

17 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Nassif,
    Será que o Delfim
    Nassif,
    Será que o Delfim Neto, o Paulo Tenani, você , o Correa Lacerda, o Paulo Nogueira Batista Jr., Beluzzo e até alguns estrategistas de banco como o Sérgio Werlang são todos imbecis e não entendem bulhufas de economia e só o Banco Central e a sua diretoria é que estão certos!?
    É evidente que é o contrário.
    Estes diretores do BC e seu presidente Meirelles é que serão um que um dia que não tarda processados por SUPRIMIREM com MILHÕES de EMPREGOS DOS BRASILEIROS, com essa política suicida de juros mais altos do planeta terra.
    Abração.

  2. A decisão inicial e central é
    A decisão inicial e central é sempre politica, na tem nada de economica. O dolar cai porque os juros internos são altos, que por sua vez não caem mais porque o unico objetivo da politica monetária é a meta de inflação, sendo a politica monetária o único componente da politica economica.
    A politica economica está portanto toda centrada na meta de inflação, objetivo limitado e reducionista, fruto de um conceito pobre de teoria economica, adotado em poucos países, todos de economias maduras, regime bastante controvertido e discutível mesmo entre economistas monetaristas.
    O pensamento economico moderno, elaborado nos países centrais, a partir dos Estados Unidos, considera esse método de ajustar toda a economia a uma meta de inflação uma grande tolice. Alan Greenspan, não só um grande economista mas um operador da economia mundial testado por quatorze anos, não é portanto um mero acacadêmico, abomina esse sistema, teve para ele as mais duras palavras de desprêzo em discurso oficial em reunião anual de um dos Feds regionais.
    Com essa formuleta de 3ª classe dirige-se toda a economia brasileira, de cabo a rabo, toda ela dependente dessa equação burra, que desconsidera tudo o mais para ficar só na meta de inflação, como se um País começasse e terminasse aí.
    A decisão de manter esse regime ruim, inapropriado para um País que precisa crescer, é do Conselho Monetário Nacional, formado pelos Ministros da Fazenda, Planejamento e Presidente do BC.
    Tudo começa e termina ai, não no COPOM.
    Enquanto o País for governado com base nesse regime o rumo é esse, não há o que reclamar.
    Porque o Presidente da Republica aceita?
    Porque l ele está convencido que o povo prefere a estabilidade a qualquer custo do que menos estabilidade com mais crescimento, como acontece nos Estados Unidos.
    O comando politico do País fez esse calculo, o Ministro da Fazenda que parecia enxergar melhor mudou sua idéia e agora pensa igual, a decisão final é mesmo do Presidente , o País que se conforme, o dolar vai cair mais, mais linhas de monatgem vão para o exterior e o povo não vai entender que a falta de vagas para o filho foi causada pela mesma politica que fez baixar o preço do vinho chileno.
    Nem tem obrigação de saber, já que oito em cada dez jornalistas economicos do País tambem não percebem a relação de causa e efeito.
    Um dos mais famosos do País, que fala sem parar em um dos jornais matinais de rádio disse textualmente há dias que ” 188 milhões de consumidores brasileiros agradecem o Governo pela continuada queda do dolar, que ajuda a segurar a inflação”. É isso aí, que Deus tenha pena do Brasil.

  3. Muito boa síntese sobre a
    Muito boa síntese sobre a evolução recente da evolução da economia brasileira, que se benficia de uma conjuntura mundial inusitadamente favorável . Até os países da África Subsariana tem éxibido taxas de crescimento do PIB superiores a 5%a.a.
    As posições do Governo Federal ( é pribido de qualifica-las de políticas econômicas, pois para tanto deveria existir um Plano de Governo) enquadram-se num modelo de neo
    livre -câmbio e de “laissez faire”.
    Como a maioria dos produtos exportados não foi beneficiada pela melhoria extraordinária das relações de troca, a indústria brasileira mais internacionalizada tem seus dias contados.
    A China está prevendo para 2008 a estabilização e até quebra de prerços das commodities importadas, o que deverá afetar a euforia dos defensores do “momento virtuoso “da economia brasileira.
    Com os cumprimentos,
    Idaulo

  4. Acabo de ler na Folha de
    Acabo de ler na Folha de hoje,que apesar das alfarrábias das vivandeiras de plantão,que só enxergam as coisas que não estão certas,nem tudo é “catastrófico na nossa economia.Há nesta matéria da página economica deste jornal,um número que desmente a “corrida”tão alardeada pelos comentaristas do absurdo,dos investimentos no Brasil,no último ano,onde somente cêrca de 10% é aplicado em papeis,visando as altas taxas do mercado financeiro,o restante,e olhem que não é pouco dinheiro,está sendo investido em projetos consistentes e de longo prazo,em especial em negócios concernentes à produção de energia alternativa.Na mesma Folha,há uma coluna do economista Vinicius Freire,que dismistifica o segredo de onde está o capital no nosso país.Apesar de não ser fã deste jornal,hoje ele está “imperdível”apesar do Nassif,ter me aconselhado,a não acreditar em tudo que sai nos jornais,pois segundo ele,nem sempre é verdade o que divulgam.Quem estará com a verdade absoluta?

  5. O BNDES estã emprestando a
    O BNDES estã emprestando a 6,82%aa. Pode ser que s’o pros amigos mas. estão emprestando.
    Dinheirinho do FAT…! a baba jã anda na liberação de mais de 60 BI.
    Os empre’stimos consignados j’a superaram o mesmo valor; s’o que a 41,42%aa.
    Preciso lembrar-me da letra da modinha… aquela que demanda por:- onde esta’… onde esta’… etc.

  6. Toda a estagnação das
    Toda a estagnação das primeiras décadas do século se devia a essa situação. A cada super-safra do café a moeda se apreciava e matava milhares de pequenas empresas que tentavam substituir importações. Três décadas de estagnação com esse modelo.

  7. Cambio,cambio,cambio
    Cambio,cambio,cambio !Nassif,definitivamente você escolheu o cambio,como o responsável,por tudo que não está dando certo no país.A sua resposta à verdadeira causa do problema que está ocorrendo na unidade da divisão onde trabalho,não procede,pois independente das dificuldades que as empresas estão enfrentando com a defaságem cambial,pode ser equacionada,com administração austera e em cima de planejamento estratégico.Não aceitar que a globalização exige mudanças de conceitos,querer “ganhar”sempre os tubos, aos quais estavam acostumados,é burrice.No caso citado,a C.B.D,sempre foi uma empresa que ganhava pela venda em escala,e essa mudança de comportamento,que quer” virar o jôgo “e ganhar mais,com menos investimentos,e com mudanças radicais,sem analisar as consequencias deste ato,gera o que estamos passando:total paralização das atividades,pois o descumprimento das cláusulas contratuais com a adm. do shopping, e a descaracterização da loja,é antes de mais nada,falta de visão empresarial,mesmo que, como se trata de apenas “uma loja”o grupo possa absorver os prejuísos decorrentes desta mudança absurda.

  8. Nassif disse: A cada
    Nassif disse: A cada super-safra do café a moeda se apreciava e matava milhares de pequenas empresas.

    Mas hoje a situação é bem outra em termos industriais. Acho que o Governo tem uma boa margem de manobra com esses superávits em conta corrente; e é com essa margem que ele conta para não intervir demais numa situação que trás benefícios à demanda interna, que aumenta o consumo.

    A FGV diz que a demanda industrial é a maior de sua série histórica de 13 anos.

    O faturamento dos fabricantes de máquinas e equipamentos no mercado interno cresceu de 8,6%.

    Não se trata de ser otimista ou pessimista, mas de ver que algumas variáveis parecem ser esquecidas quando se compara períodos distintos.

    abs.

  9. A dupla Mantega/Coutinho pode
    A dupla Mantega/Coutinho pode oferecer as condições para o Brasil sair desde processo fortalecido.

    Com medidas pontuais que forcem o COPOM a acelerar os cortes de juros do COPOM e na elaboração de uma Política Industrial que leve a modernização da indústria e o aumento da competiitividade dentro de uma ambiente hostil, onde a Distribuição de Renda e fortalecimento do Mercado Interno são fundamentais.

  10. Luis Nassif, volto a este
    Luis Nassif, volto a este palpitante tema e aos comentários que ele suscitou na linha de que há muitas ”vivandeiras’, ‘profetas do apocalipse’ torcendo contra o Brasil e que basta ‘gestão severa’ e ‘planejamento estratégico’ ,para exorcizar os fatores que cerceiam a competitividade da nossa indústria .
    Ledo engano, é necessário que se tenha uma visão mais ampla dos desafios que ferreteiam o setor produtivo, nesta quadra em que avança a globalização, e a China e outros países da Ásia consolidam suas posições como catalizadores de investimentos internacionais e fabricantes privilegiados de bens industriais.
    Portanto, não se trata só de melhorar marginalmente a competitividade em nivel microeconômico. Impõe-se a convergência de políticas públicas e dentre elas as de ordem macroeconômica favorecedoras do desenvolvimento competitivo do País.
    País sem plano é país sem rumo. Não há bom porto para uma nau sem rumo!!!País que priveligia o capital especulativo e os ganhos financeiros destroi a economia real.
    O passaporte para a ingressar na ‘sociedade do conhecimento’ exige pre -requisitos, entre os quais um aparato público moderno e competente e mudanças radicais na educação, na oferta de infra-estrutura e políticas estimuladoras das competências regionais e setoriais.
    Idaulo J. Cunha

  11. Caros Todos

    Como já foi
    Caros Todos

    Como já foi colocado neste blog, inclusive pelo próprio Nassif, a decisão de valorizar ou não o Real é política. Enquanto o povo se contentar em receber os vales merrecas ao invés de postos de trabalho dignos e bem pagos, vamos continuar com os ciclos cambiais descritos pelo Delfim em seu artigo. Além disso, enquanto tivermos uma parte extremamente pequena, mas influente, da população sendo beneficiada por esse processo, não vamos encontrar estabilidade cambial e crescimento a taxas condizentes com a situação econômica mundial e a potencialidade brasileira. São duas forças que se complementam, ou se prefirirem, no início da era critã, um sujeito chamado Cesar, sucedido por outro chamado de Augusto, criaram a chamada Política do Pão e Circo – que continua sendo bem aplicada até hoje.

  12. Nassif,
    A economia parece
    Nassif,
    A economia parece sofrer de síndrome bipolar: vai da euforia à depressão rapidamente
    O BC deveria agir como estabilizador

  13. 1) Impossível não reconhecer
    1) Impossível não reconhecer a inteligência instigante e intrigante do antigo Kzar da economia brasileira, professor emérito da USP e articulista de vários órgãos da imprensa brasileira.
    2) Uma das técnicas do estudo da economia é a de relacionar-se os pontos positivos e negativos. O julgamento (e a decisão) é a parte final (colocar a decisão em funcionamento é obrigação dos executivos e gerentes operacionais).
    3) A escolha do presidente Lula parece ter sido por uma política monetária racional (não contracionista) que objetiva uma inflação (4,5%) ainda acima da mínima desejável (3%) em um ambiente com câmbio flutuante e política fiscal com déficit nominal de 3%, saldo do balanço comercial e em transações correntes positivos, reduzindo a vulnerabilidade externa. isto foi conseguido brilhantemente pela equipe econômica (facilitado com o alinhamento das declarações dos principais dirigentes da economia). Lembro que a taxa de juro além de instrumento utilizado contra a inflação é também o principal instrumento para transformar uma economia não exportadora para exportadora (reduz o consumo interno e incentiva a procura de mercados no exterior). Isto foi e está sendo feito brilhantemente. Como subproduto estamos tendo uma melhor distribuição de renda, um PIB com crescimento ascendente, e aumento da renda, quase invisível, conseguido através de melhores preços dos produtos exportados e importados, resultado da valorização consistente da MOEDA PÁTRIA. A taxa de juro de mercado (im) tem caído consistentemente (não confundir com a demagogia de fazer cair a taxa básica demagogicamente), permitindo a queda consistente e racional da taxa básica (acompanhando a queda também consistente da taxa natural – in). Um mercado de taxa de juro de longo prazo já se formou (inacreditável para muitos), resultado da credibilidade na política monetária. Muitos economistas, principalmente os formados na época da hiperinflação, não aprenderam sobre a taxa de juro de longo prazo (que é, principalmente em ambientes com expectativas positivas, a melhor medida para a taxa de equilíbrio). O próprio, brilhante Kzar de nossa economia, confundiu-se em vários artigos (corrigiu-se posteriormente, deixando o economista sobrepor-se ao político). A curva da taxa de juro descendente (em ambiente de política monetária de redução de inflação) é o normal e o perseguido (não é errado como o Kzar escreveu). O EUA deu o exemplo para o mundo ao fixar sua taxa básica em 5,25%, acima da de longo prazo (que não subiu) objetivando a redução do consumo interno e do saldo negativo no Balanço Comercial. Se a taxa de longo prazo americana subir, a básica terá que subir de novo (a outra opção será conseguir que os japoneses e chineses desvalorizem o dólar e assumam o prejuízo com suas reservas, é a moratória de quem tem moeda reserva mundial).
    4) A opção por uma política com taxas de juros menores traria aumento de consumo interno (e redução de exportações e aumento das importações, ao contrário do que muitos pensam), de inflação e a melhora da vulnerabilidade externa não teria acontecido. Uma bolha de crescimento estaria acontecendo (os problemas de infra-estrutura estariam mais expostos).
    5) É preciso levar em conta que o Brasil ainda é escravo de um AMBIENTE POLÍTICO que não permite A MELHORIA DA QUALIDADE DOS GASTOS PÚBLICOS (redução de gastos e aumento de investimentos nem pensar). O governo é escravo (aparentemente invisível) das corporações e das leis que as protegem, dos funcionários públicos, dos políticos, das confederações, federações e sindicatos (patrões e de empregados) que vivem de contribuições obrigatórias (na verdade impostos, herança do fascismo), enfim, o governo, pode muito menos do que se pensa (se quiser ser muito realista cai, é obrigado a negociar e ceder para sobreviver).
    6) Os benefícios conseguidos com uma moeda valorizada com um sistema cambial FLUTUANTE são muito maiores que os conseguidos com uma moeda desvalorizada ARTIFICIALMENTE (câmbio fixo ou semi-fixo, artificiais, os dois), ou através de uma política econômica com taxa básica de juro menor que a de equilíbrio. A taxa de juro básica menor que a de equilíbrio produz: a) aumento da demanda interna (bolha, não consistente e não sustentável); b) aumento da inflação; c) redução das exportações e muitas coisas piores.
    Jun./2007.

  14. Só não entendo o que tem de
    Só não entendo o que tem de misterioso num aumento de produtividade. Há 30 anos o Brasil fica muito, mas muito atrás do mundo em ganhos de produtividade. Não é de se estranhar: o novo efeito do boom imobiliário de São Paulo é empregar milhares de pessoas para ficarem segurando placas e bandeiras pela cidade… Um páis que se dá ao luxo de empregar sua mão-de-obra assim, tem um mundo a percorrer em termos de ganho de produtvidade! Minha conta de padeiro que a pleno emprego e com infra-estrutura adequada, o PIB brasileiro é 50%-70% maior… nada mal em termos de ganho de produtividade.

  15. Ué, mas não era este ilustre
    Ué, mas não era este ilustre e ilibado senhor que, enquanto comensal do governo, pregava o aumento do bolo há vários anos?
    Onde está minha fatia? Ele não sabia de tudo? Por que não aplicou enquanto esteve se locupletando lá? Ah, sim, há sempre um eleitor com peninha de ex-ministros, locutores supostamente religiosos e costureiros enlouquecidos que lhes dão um empreguinho de senadorzinho.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador