Stockman diz que a maior crise econômica virá em breve

Do InfoMoney

Maior queda da bolsa na história está por vir em breve, avisa David Stockman

De 2000 para cá, economia norte-americana desandou depois que o S&P 500 atingiu os patamares em que se encontra agora, explica ex-diretor do governo de Ronald Reagan

Por Felipe Moreno

SÃO PAULO – David Stockman, ex-diretor do orçamento governamental norte-americano na administração de Ronald Reagan, alertou em editorial no New York Times que a maior das crises econômicas ainda está por vir em breve – quando o Federal Reserve começar a desfazer suas políticas de dinheiro fácil. Para ele, a próxima vez que o mercado acionário estourar, estará corrigindo os efeitos de praticamente duas décadas de expansão monetária, desde o estouro da “crise das pontocom”, em 2000, provocando a maior queda da bolsa na história.

“Cedo ou tarde, nos próximos anos, acredito que a próxima bolha causada em Wall Streed, por conta do excesso de dinheiro falso impresso pelo Fed, vai explodir”, avisa Stockman. Ele argumenta que de 2000 para cá, a primeira vez que o S&P 500 atingiu a atual região, a economia norte-americana desandou: crescimento médio de 1,7% por ano, o menor desde a guerra civil dos EUA, expansão do balanço do Fed em mais de seis vezes e o empobrecimento da população do país – já que hoje cerca de 20% dos americanos dependem do governo para sobreviver. 

Assim, a despenca enquanto Washington continua se endividando cada vez mais, sem poder elevar os impostos necessários para pagar a conta. Nesse período, destaca o economista, o Fed resolveu imprimir muito dinheiro, que ao invés de ir para a economia, está inflando mais uma bolha em Wall Street. “Quando ela estourar, não teremos mais uma rodada de resgates como em 2008, teremos uma era de austeridade fiscal e conflito político severo”, alerta Stockman. 

Problemas remetem a Greenspan
Para ele, o Fed é o grande responsável por criar a ideia de que um banco é “grande demais para falir”, que permite que esse tipo de instituição cometa abusos não desejáveis em uma economia de mercado. Isso não começou com Ben Bernanke, e sim com Alan Greenspan, com uma tentativa de conter o crash de 1987, com a emissão de novo dinheiro para prevenir que os preços dos ativos caíssem. 

Se não houve inflação nesse meio tempo, destaca o economista, é por conta da onda de importados chineses que entraram no país nesse período – enquanto os principais índices acionários saltavam mais do que cinco vezes em 13 anos. “E então os americanos pararam de guardar dinheiro e começaram a gastar tudo que gastavam e podiam tomar emprestado”, avalia o economista. 

Esse descontrole explodiu em 2000, com a crise das pontocom e a tentativa de controlar os perigos da economia empurrou os problemas para 2008. “Pouco se sabia sobre a expansão desordenada dos balanços dos bancos durante esse período, e o que o governo fez ao resgatar os bancos foi a parte mais infeliz da história financeira norte-americana”, salienta o ex-diretor do orçamento. 

Em 2008 o ideal teria sido deixar os bancos falirem e não fazer uma série de medidas desesperadas e ruinosas. “Menos de 5% dos estímulos do Obama realmente foram para os necessidados através de programas sociais. A maior parte dele ficou presa em governos estaduais e locais, projetos de infraestrutura porcos, buracos fiscais”, avisa. 

E quando Ben Bernanke resolver mudar a política monetária por lá, a questão deverá destruir o preço de todos os ativos, incluindo os cotados em bolsa, ao parar de dar a morfina necessária para que o mercado acionário continue avançando. Um efeito seria a disparada do preço dos títulos de dívida norte-americanos e o baixo financiamento do governo – que já deve quantias que ele considera astronômicas.

“Sem nenhuma mudança na próxima década, a dívida do governo federal, hoje em US$ 17 trilhões, vai saltar para US$ 30 trilhões. E como nossa constituição proibe uma ‘grande barganha’ a situação fiscal vai se tornar um drama grego, completamente coreografado com novas crises do teto da dívida e soluções temporárias”, avisa. Assim, a habilidade dos EUA de empurrar as crises com a barriga atinge o limite e não mais poderia impedir a grande potência de ver a economia desacelerar. 

O resto do mundo
As ações do Fed também ajudaram a levar a crise para fora dos EUA: na opinião de Stockman, a impressão da autoridade monetária norte-americana criou uma guerra cambial mundial e colaborou para o enfraquecimento da zona do euro, já que a região optou por não ligar a maquina de impressão.

Com o fim da época de fortíssimo crescimento na China, a crise que virá deverá ter escala global. “E quando a bolha estourar, não vai ter nada para parar o colapso. Se soa como um conselho, saia dos mercados e carregue dinheiro”, finaliza.

Luis Nassif

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