A campanha de uma pequena editora pela sobrevivência

Por Sebastião Nunes

Há 50 anos dou um boi para não entrar numa briga e uma boiada para não sair. Comecei como militante na velha AP, quando estudava na faculdade de Direito da UFMG, e só vou parar quando esticar as canelas.

            Há poucos dias comprei mais uma: impedir que a Dubolsinho, editora que fundei há 15 anos e meio com um punhado de amigos, feche as portas.

            Motivo? A crise atual, que levou o governo federal a paralisar a compra de livros literários para as bibliotecas das escolas.

            Trocando em miúdos:

            1. Editoras grandes – nacionais ou multinacionais – têm força e dinheiro para obrigar livrarias e distribuidores a aceitarem e promoverem seus livros. Custa caro.

            2. Editoras pequenas dependem de compras de órgãos públicos. Não! Não se trata de livros didáticos, mas de literatura. Desculpem se exagero, mas sempre acreditei e acreditarei até a morte que só Literatura e História transformam o homem, com seu tremendo poder de mergulhar fundo nas relações humanas. A única outra forma de transformação é agir diretamente sobre os acontecimentos.

            3. Infelizmente, num país de semianalfabetos e analfabetos funcionais como o nosso, o desprezo pela boa literatura é total. E eu não me conformo. E eu bato o pé. E eu reclamo. Quando nada adianta, lanço campanhas.

            A briga atual é pela obtenção de recursos para continuar sobrevivendo até que a crise passe – se passar – ou até que eu consiga, com meus amigos, alavancar os diversos projetos que iniciamos em 2012, quando decidi montar uma equipe de apoio. Até então, eu trabalhava praticamente sozinho.

            O recado está dado. Me sentia constrangido em postar aqui este apelo até que Lourdes Nassif fez a generosa sugestão. O link está logo abaixo. Na página que se abrirá está nossa proposta e as modalidades de contribuição, com as recompensas que oferecemos. Tudo detalhado e bem explicado.

            É uma causa decente, acreditem. Depois de 50 anos dando murro em ponta de faca, continuo, macaco velho e desmiolado, metendo a mão em cumbuca.

http://www.kickante.com.br/campanhas/ajude-editora-dubolsinho-continuar-na-briga-0

Sebastiao Nunes

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