Lula: Cada um de vocês terá que ser eu fazendo campanha pelo Brasil

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Rodrigo Pilha / Botando Pilha

Jornal GGN – “Com meu nome aprovado na convenção, a Lei Eleitoral garante que só não serei candidato se eu morrer, renunciar ou for arrancado pela Justiça Eleitoral. Não pretendo morrer, não cogito renunciar e vou brigar pelo meu registro até o final”, disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na carta escrita para o registro de sua candidatura oficial à Presidência da República para as eleições 2018. 
 
Durante ato organizado pelo PT e por movimentos sociais, que reuniu cerca de 50 mil manifestantes e apoiadores de Lula, governadores, parlamentares, a cúpula do PT, incluindo o candidato a vice Fernando Haddad, a futura vice Manuela D’Ávila, a ex-presidente Dilma Rousseff e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, discursaram para manifestar o apoio à vitória da chapa do PT nas urnas.
 
No evento, uma carta do ex-presidente escrita da cela da sede da Polícia Federal em Curitiba foi lida. “Quero que o povo brasileiro possa decidir se me dará a oportunidade de, junto com ele, consertar este país. Cada um de vocês terá que ser Lula fazendo campanha pelo Brasil, lembrando ao povo brasileiro que nos governos do PT o povo trabalhador teve mais emprego, maiores salários e melhores condições de vida”, disse.
 
Confira algumas imagens de como foi o ato:
 

Foto: Ricardo Stuckert
 
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Foto: Reprodução
 

Foto: Leonardo Milano/ Mídia Ninja
 

Foto: Mariana Zoccoli/Facebook
 
Acompanhe também: Ao vivo: PT faz ato para registrar a candidatura de Lula
 
Abaixo, a carta escrita por Lula:
 
15 de agosto de 2018
 
Registrei hoje a minha candidatura a Presidência da República, após meu nome ter sido aprovado na convenção do PT e com a certeza de que posso fazer muito para tirar o Brasil de uma das piores crises da história.
 
A partir dessa aprovação do meu nome pelas companheiras e companheiros do PT, do PCdoB e do Pros, passei a ter o direito de disputar as eleições.
 
Há um ano, um mês e três dias, Sérgio Moro usou do seu cargo de juiz para cometer um ato político: ele me condenou pela prática de “atos indeterminados” para tentar me tirar da eleição. Usou de uma “fake News” produzida pelo jornal O Globo sobre um apartamento no Guarujá.
 
Desde então o povo brasileiro aguarda, em vão, que Moro e os demais juízes que confirmaram a minha condenação em segunda instância apresentem alguma prova material de sou o proprietário daquele imóvel. Que digam qual foi o ato que eu cometi para justificar uma condenação. Mas o que vemos, dia após dia, é a revelação de fatos que apenas reforçam uma atuação ilegítima de agentes do Sistema de Justiça para me condenar e me manterem na prisão.
 
Chegou-se ao ponto em que uma decisão de um desembargador que restabelecia a minha liberdade não foi cumprida por orientação telefônica dada por Moro, pelo presidente do TRF4 e pela procuradora Geral da República ao Diretor-Geral da Polícia Federal.
 
Como defender a legitimidade de um processo em que conspiram contra a minha liberdade desde o juiz de primeira instância até a Procuradora-Geral da República?
 
Sou vítima de uma caçada judicial que já está registrada na história.
 
Tenho certeza de que se a Constituição Federal e as leis desse país ainda tiverem algum valor serei absolvido pelas Cortes Superiores.
 
A expectativa de que os recursos apresentados pelos meus advogados resultem na minha absolvição no STJ ou no STF é o que basta, segundo a legislação brasileira, para afastar qualquer impedimento para que eu possa concorrer.
 
Não estou pedindo nenhum favor. Quero apenas que os direitos que vem sendo reconhecidos pelos tribunais em favor de centenas de outros candidatos há anos também sejam reconhecidos para mim. Não posso admitir casuísmo e o juízo de exceção.
 
O Comitê de Direitos Humanos da ONU já emitiu uma decisão que impede o Estado brasileiro de causar danos irreversíveis aos meus direitos políticos – o que reforça a impossibilidade de impedirem que eu dispute as eleições de 2018.
 
Quero que o povo brasileiro possa decidir se me dará a oportunidade de, junto com ele, consertar este país.
 
A partir de amanhã, vamos nos espalhar pelo Brasil para nas ruas, no trabalho, nas redes sociais, mas principalmente olhando nos olhos das pessoas, lembrar que esse país um dia já foi feliz e que os mais pobres estavam contemplados no orçamento da União como investimento, e não como despesa.
 
Cada um de vocês terá que ser Lula fazendo campanha pelo Brasil, lembrando ao povo brasileiro que nos governos do PT o povo trabalhador teve mais emprego, maiores salários e melhores condições de vida.
 
Que um nordestino que mora no Sul podia visitar sua família de avião e não somente de ônibus.
 
Que um pobre, um negro, ou um índio podia ingressar na universidade.
 
Que o pobre podia ter casa própria e comer três vezes ao dia.
 
Que a luz elétrica era acessível a todos.
 
Que o salário mínimo foi aumentado sem causar inflação.
 
Que foi posto em prática aquele que a ONU considerou o melhor programa de transferência de renda do mundo, beneficiando 14 milhões de famílias e tirando o Brasil do mapa da fome.
 
Que foram criadas novas universidades e novos cursos técnicos.
 
Para recuperar o direito de fazer tudo isso e muito mais é que sou candidato a Presidente da República.
 
Vamos dialogar com aqueles que viram que o Brasil saiu do rumo, estão sem esperança mas sabem que o país precisa resolver o seu destino nas urnas, não em golpes ou no tapetão.
 
Lembrar que com democracia, com nosso trabalho, o Brasil vai voltar a ser feliz.
 
Enquanto eu estiver preso, cada um de vocês será a minha perna e a minha voz. Vamos retomar a esperança, a soberania e a alegria desse nosso grande país.
 
Companheiras e companheiros, o Moro tinha até hoje para mostrar uma prova contra mim. Não apresentou nenhuma! Fato indeterminado não é prova! Por isso sou candidato.
 
Repito: com meu nome aprovado na convenção, a Lei Eleitoral garante que só não serei candidato se eu morrer, renunciar ou for arrancado pelo Justiça Eleitoral. Não pretendo morrer, não cogito renunciar e vou brigar pelo meu registro até o final.
 
Não quero favor, quero Justiça. Não troco minha dignidade por minha liberdade.
 
Um forte abraço,
 
Lula
 
 

Acompanhe também: Ao vivo: PT faz ato para registrar a candidatura de Lula

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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  1. A lista negra da justiça
    A atuação orquestrada da justiça contra Lula parece com a atuação de grandes organizações criminosas, que fazem de tudo para não perderem o poder de poderem abusar intensamente do poder que a hierarquia de seus cargos lhe conferem. Usam o castigo drástico contra os que querem acabar com os abusos que cometem e que lhes garante mordomias, status e holofotes da mídia, não menos imunda. Por outro lado, de maneira vergonhosa e repugnante, andam de mãos dadas com a seletividade processual, que favorece algumas verdadeiras autoridades criminosas. Porém, pelo fato de não se incomodarem com os graves abusos e as graves faltas e desvios de função, as verdadeiras autoridades criminosas dos três poderes estão por aí, livres e felizes, apesar de das provas, apesar das denuncias de delatores e de denuncias feitas pelas mídias sérias e responsáveis. Mas, para essa delinquente justiça, fica uma clara impressão de que o que vem ao caso só lhe interessa se for para injustiçar quem estiver em sua lista negra.

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