Datafolha: bom pra Bolsonaro, melhor ainda para Ciro e Haddad, por Marcos Soares

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Datafolha: bom pra Bolsonaro, melhor ainda para Ciro e Haddad

por Marcos Soares

Bolsonaro cresce, mas nem tanto

Semana passada comentei aqui a última pesquisa Ibope e alertei que aquela análise poderia ter nascido velha pois havia sido feita logo após o episódio em que Bolsonaro foi atacado, o que gerou uma expectativa de impacto significativo no cenário da disputa. Não é o que se percebe ao verificar os resultados da pesquisa Datafolha feita e divulgada ontem.

O ex-capitão oscilou positivamente 2 pontos, dentro da margem de erro portanto. Aquém do que era esperado diante da enorme exposição que recebeu nos dias seguintes ao episodio.

 

 

E o mais grave pra ele: a rejeição ao seu nome continuou sendo a mais alta. Foram 43% que mencionaram não votar nele de jeito nenhum, praticamente o mesmo resultado da pesquisa Ibope feita antes do ataque (44%). Destaque para a rejeição de quase a metade do eleitorado feminino, da maioria dos nordestinos e da maior parte daqueles com renda familiar mensal de até dois salários mínimos.

 

 

Ainda assim, é possível afirmar que o voto em Bolsonaro é o que mais se consolidou. A intenção de voto espontânea subiu 5 pontos e alcançou 20%, bem próximo da intenção de voto estimulada que é de 24%. O destaque positivo é o crescimento acima da média da intenção de voto estimulada na região sudeste, que foi de 5 pontos.

 

Confirmada a tendência de queda de Marina Silva

Marina é quem deve estar mais preocupada com o resultado das últimas pesquisas. É evidente o esvaziamento de sua base eleitoral desde o início da campanha. O mesmo Datafolha lhe dava 16% em 22 de agosto e passados dez dias de propaganda eleitoral na TV seu patamar é de 11%. É de longe quem mais perdeu com a pouca exposição mas principalmente com a incapacidade de se posicionar. O muro ficou estreito demais e Marina não percebeu.

 

 

Alckmin estagnado

Outra tendência confirmada é a estagnação da intenção de voto em Geraldo Alckmin. Nem mesmo o maior tempo de TV foi suficiente para incrementar seu potencial. O tucano continua oscilando entre 9% e 10% desde o início de agosto. E a consolidação de Bolsonaro pós-ataque tornou o caminho de Alckmin ao segundo turno bem mais difícil, uma vez que era desse eleitorado que ele pretendia extrair os votos que lhe faltam.

 

 

Ciro e Haddad surfando a onda lulista

Quem mais se beneficia com a saída de Lula da disputa, sem dúvida, são Ciro e Haddad. A tendência de alta de ambos é visível.

 

Os dois crescem em estratos considerados redutos lulistas: entre aqueles com ensino fundamental, renda de até 2 salários mínimos e na região nordeste. Nesses estratos eles cresceram acima da média.

No nordeste, Ciro cresceu 6 pontos e Haddad 8 pontos.

 

Potencial de Haddad é maior

Se Ciro e Haddad são os que mais crescem com a saída de Lula, o provável substituto petista apresenta potencial de crescimento ainda maior pois só agora será anunciado como candidato a presidente. Até aqui seu nome tem sido apresentado como candidato a vice, dado o imbróglio jurídico envolvendo o ex-presidente.

Além da tendência de crescimento nos estratos apontados acima, outros dois dados sustentam essa impressão: o seu desempenho entre o eleitorado que tem preferência pelo PT e o aumento daqueles que dizem que “com certeza votariam” em um candidato apoiado por Lula.

Entre aqueles que tem preferência pelo PT, Haddad lidera, mas com apenas 30%. É perfeitamente razoável supor que qualquer candidato do PT teria a grande maioria dos votos desse eleitorado, que na pesquisa anterior do Datafolha era de 24%. 80% desse eleitorado já somariam 19% do eleitorado total.

 

 

E finalmente, o dado que desperta mais curiosidade nos analistas: conseguirá Lula transferir seu eleitorado ao seu substituto?

Perguntados se votariam em um candidato apoiado por Lula, um terço dos entrevistados, 33%, disse que “com certeza votaria”. Esse patamar era de 31% em agosto.

 

 

Hoje é o prazo limite estabelecido pelo TSE para que o PT apresente um substituto ao nome de Lula, uma vez que o tribunal negou o registro de sua candidatura. O partido estará portanto autorizado a apresentar o agora “vice do Lula’ como “candidato a presidente do Lula”. Ao final dessa semana, a partir de nova rodada de pesquisas, será possível ter uma pista se essa estratégia será suficiente para alavancar o candidato petista.

 
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

3 Comentários

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  1. Com a divulgacao da pesquisa
    Com a divulgacao da pesquisa do Datafolha de ontem, a bolsa abriu hj em forte queda e com o dólar em disparada mesmo após o governo interferir com a venda de swaps de aproximadamente 10 bilhões de dólares.

    O Bolsonaro creio que já bateu no teto e começará uma trajetória de queda; o Ciro vem comendo pelas beiradas e é o candidato que vem mostrando uma trajetória de ascensão com o seu discurso desenvolvimentista e nacionalista, vai angariar muitos votos do centro e de muitos petistas que utilizarão a tática do voto útil para o segundo turno.

    O Haddad vai crescer também bastante e não me surpreendera se os dois candidatos cheguem ao final do mês com grandes possibilidades de disputar o segundo turno e o Bozo cair fora devido aos altos índices de rejeição.

    Em tempo, a prisão do único tucano gordo Beto Richa logo após a pesquisa do Datafolha pode ser um sinal de que a lava jato queira mostrar-se por fim imparcial e esteja atuando diretamente nesta direção a fim de influir no resultado eleitoral e não permitir que os dois candidatos da esquerda cheguem ao segundo turno, ou seja, a lava jato queira levantar o candidato deles que é o Álvaro Dias, o Alckmin ou o Bolsonaro.

    Vamos ver no que vai dar e torcendo pra que o Ciro e o Haddad disputem o segundo turno. Seria a desmoralização consagradora do golpe, da mídia, do STF, do MPF etc.

    1. Bebeu? Voto útil petista em Ciro? Toma seu remedinho…

      Quando Haddad tem toda a chance de ir ao segundo turno, mais até que Ciro? Deixa de má fé, vc é quem está vendo se isso cola…

      1. Deixa eu desenhar aqui: voto
        Deixa eu desenhar aqui: voto útil pra conquistar votos dos eleitores do centro e parte da direita não extremista e que jamais votaria em um candidato do PT no segundo turno, aliás, essa deveria ter sido a estratégia desde o início, com o PSDB e a direita fiadora do Temer , poderíamos ter liquidado a fatura de primeira.

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