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Em Casca (RS) práticas de inspiração nazista ameaçam eleitores de Lula, denuncia advogada Janaina Ramos
por Arnaldo Cardoso
Em live realizada no último domingo (6) pelo médico psiquiatra Táki Cordás, doutor pela USP, professor e escritor, a advogada Janaina Ramos, moradora da cidade gaúcha de Casca, localizada à 70 quilômetros de Passo Fundo, relatou as graves violações de direitos e ameaças que vem sendo perpetradas por bolsonaristas contra cidadãos que deram seu voto ao candidato vencedor da eleição presidencial de 2022.
A cidade de Casca tem 9070 habitantes e sua economia está baseada nos setores da agricultura e pecuária que ativam os setores de serviços e atividades industriais. Ari Domingos Caovilla (MDB) é o prefeito da cidade.
No segundo turno da eleição presidencial de 2022, Bolsonaro obteve 4557 votos (71%) e Lula 1748 votos (22%).
Como relatado pela advogada na live, desde o período da campanha eleitoral o clima de intimidação e medo já impedia os opositores de Bolsonaro de se manifestarem. Com a proclamação do resultado do segundo turno as coisas ficaram ainda piores.
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Listas com nomes de cidadãos, profissionais liberais e estabelecimentos comerciais indicados como eleitores/apoiadores de Lula passaram a circular em redes sociais digitais sugerindo boicotes e represálias.
A advogada Janaina Ramos ainda relatou que nestas postagens antidemocráticas foi sugerido que sejam colocadas estrelas vermelhas nas portas de estabelecimentos para identificar quem votou no PT e, assim, prejudicar economicamente esses pequenos e microempresários, dentre os quais salões de beleza, quitandas, floriculturas, escritórios e consultórios.
Liderando e estimulando essas ações estariam eleitores de Bolsonaro especialmente empresários ligados ao agronegócio que, nos últimos quatro anos, acumularam bons resultados financeiros e trabalharam ativamente na campanha do presidente-candidato à reeleição.
A advogada apresentou denúncia ao Ministério Público Eleitoral, por crime de acordo com o artigo 301 do Código Eleitoral – constrangimento em decorrência do voto – e aguarda manifestação do MPE.
Na mídia local não há divulgação dessas graves ocorrências. Segundo a advogada esses veículos são apoiadores de Bolsonaro e dependem financeiramente da cadeia de negócios da cidade. Sobre os bloqueios de vias públicas a advogada ressalta que seus realizadores são, em grande parte, portadores de armas com licenças de CAC’s.
A doutora Ramos lembra que, quando em 2018 Bolsonaro venceu a eleição aqueles que não votaram nele se resignaram e aceitaram democraticamente o resultado. Hoje estão sendo constrangidas e ameaçadas, sendo impedidas de circular livremente, de trabalhar, prover seu sustento e se manifestar. Ela indaga “Qual é a liberdade que esses bolsonaristas defendem?”
O fascismo precisa ser enfrentado, diz a advogada, não podemos nos conformar com a condição de reféns.
A referida live pode ser assistida em: https://www.instagram.com/tv/CkoTr5ut6B4/?igshid=MDJmNzVkMjY%3D
Arnaldo Cardoso, sociólogo e cientista político pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professor e pesquisador nas áreas de Economia Brasileira, Relações Internacionais e Sociologia.
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