Marina é favorita, mas divergências com PSB podem surpreender

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O acidente aéreo que resultou na morte do candidato Eduardo Campos (PSB) e de mais seis pessoas, na manhã desta quarta (13), em São Paulo, já arranca diversas análises e especulações quanto ao pleito eleitoral deste ano. Há, por exemplo, quem diga que as pesquisas divulgadas até agora possam ser vertidas em lixo.

Oficialmente, o PSB tem até 10 dias para eleger o novo candidato a presidente. Marina é favorita graças ao pleito de 2010, mas divergências entre os marinistas da Rede e os pessebistas podem impôr um arranjo diferente do esperado. Nada está completamente certo e levará uns dias até que a ex-senadora fale sobre o assunto. É o que analisa Renato Rovai na Revista Fórum.

A substituição de Eduardo Campos por Marina não é tão certa quanto parece

Por Renato Rovai, na Revista Fórum

Quem conhece um pouco mais do estilo Marina Silva sabe que ela não admitirá que se trate de qualquer coisa que não seja a dor da perda de Eduardo Campos nos próximos dias. A tendência é que a ex-senadora participe das despedidas de Campos e se recolha. O tempo de Marina não será o tempo da política tradicional.

O PSB tem legalmente até 10 dias para escolher o nome do substituto de Campos à disputa presidencial, mas o horário eleitoral começa já no dia 20. A possibilidade é de que o primeiro programa seja dedicado à memória de Campos, mas depois o jogo tem que ser jogado.

Quem conhece um pouco do estilo Marina também sabe que ela pode simplesmente não aceitar a tarefa de substituí-lo. Primeiro, por saber que terá muitos problemas na relação com o PSB (muito mais do que teve com o PV) e segundo porque não gostaria de se sentir usurpando da vaga de alguém que passou a ser amiga.

Pessoas próximas a Marina dizem que a relação dela com Campos era muito afetiva. Ela passou a tê-lo de fato como um amigo.

Há, porém, outras questões que podem tirá-la da sucessão. Na coligação formada para apoiar Campos, certamente já há gente cogitando desembarcar do projeto por conta do falecimento dele. Como vice, Marina passava. Como candidata a presidente, não.

Evidente que as chances de Marina vir a ser ungida candidata na vaga de Campos são imensas. Até porque suas chances de vitória seriam grandes. Mas não se trata de favas contadas. O PSB é um partido mais complicado do que parece, com gente muito próxima ao PSDB por um lado. E gente de fato de esquerda do outro. Os de esquerda não teriam dificuldade em caminhar com a Marina. Mas os quase-tucanos, não a engolem.

Na votação do Código Florestal, por exemplo, lembrada ontem na entrevista ao Jornal Nacional, a ampla maioria dos parlamentares do partido votaram contra as posições históricas e públicas de Marina.

Nos próximos dois ou três dias o assunto da substituição de Campos será tratada de forma comedida em público, mas nos bastidores políticos desde já só se fala nisso. E o que se passa na cabeça de Marina passa a ser a pauta da vez.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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  1. http://www.brasil247.com/pt/2
    http://www.brasil247.com/pt/247/poder/150007/Não-há-hipótese-de-não-termos-candidato-próprio.htm O deputado Márcio França (PSB/SP), vice na chapa de Geraldo Alckmin e uma das principais lideranças do PSB, afirmou, nesta quarta-feira, que o partido terá candidatura própria à presidência da República; no entanto, ele não sinalizou que a vaga é cativa de Marina Silva, que se filiou ao PSB depois que o registro da Rede não saiu a tempo; “Ninguém tem cabeça para pensar nisso agora”, disse ele; internamente, França é adversário de Marina, que tentou vetar sua aliança com Alckmin; PSB terá briga renhida nos próximos dez dias 13 DE AGOSTO DE 2014 ÀS 15:47247 – O PSB terá uma disputa renhida nos próximos dez dias sobre a substituição, ou não, de Eduardo Campos, pela vice Marina Silva. O deputado Márcio França (PSB/SP), adversário de Marina, que tentou vetar sua aliança com Geraldo Alckmin, afirmou que o partido terá candidatura própria. Mas não garantiu que será Marina Silva. Leia, abaixo, notícia do portal Infomoney:SÃO PAULO – O presidente estadual do PSB, Marcio França, afirmou há pouco que não existe a possibilidade de a legenda não ter candidato próprio à presidência da república. Ainda assim, ele disse que ninguém tem condições de especular sobre um possível substituto de Campos.”Não há a possibilidade de abrirmos mão de candidatura própria”, disse presidente do PSB, evitando falar sobre os próximos passos da Coligação “Unidos Pelo Brasil”. “Ninguém tem cabeça para pensar nisso agora”, completou, preferindo manter silêncio sobre a possibilidade da companheira de chapa de Campos, Marina Silva, se tornar a presidenciável do PSB.Emocionado, o presidente do partido afirmou que o neto de Miguel Arraes era o jovem mais brilhante e engajado que a política brasileira produziu nos últimos anos. 

     

     

  2. A DIREITA NÃO PERDE TEMPO –

    A DIREITA NÃO PERDE TEMPO – MATA

    Com os atuais números, a eleição provavelmente seria decidida no 1º turno, a favor de Dilma.

    Tudo que a direita não contava. CIA, bancos, mídia etc esperavam que no início da propaganda na TV a oposição estivesse empatada com Dilma. Não deu. Solução, morte ao mais fraco  e imediato “incensamento da Blablarina” (PHA).

    A direta matou dois coelhos com uma cajadada só: divide o eleitorado feminino (50%  de brasileiros) e concentra o eleitorado pentecostal (22% de brasileiros) na candidata evangélica. BINGO: 2º turno a vista.

    A candidata evangélica não chega ao 2º turno, mas empurra o pleyboy do Leblon para lá. Aí é outra conversa: tempo de TV igual e a mídia amiga criando torpedo de papel, aloprados e quejandos.

    Não custa lembrar, quando contrariada, a direita trucidou Lincoln e John Kennedy.

  3. Não vamos subestimar a mídia tucana

    Para aécio não interessa a candidatura de Marina. E a razão é bem simples: se isto ocorrer ela, e não ele, passará para o segundo turno, que agora se torna mais provável.

  4. Aécio que se cuide…

    Marina, entrando no jogo da disputa presidencial quem mais deve temer seu posto num eventual segundo turno é o Aécio Never que somente decola se for de Cláudio.

    Tremei tucanos!

  5. A criatividade do mal

    Me chamaram atenção duas coisas que vi hoje.

    Uma delas é a insistência da CBN em citar a pågina do ƒacebook do piloto, na qual este mencionava que estava trabalhando pra caramba e que estava cansado.

    A outra é o texto psicografado do Golbery intimando a Marina a ser candidata e, de quebra, se possível, ter a iluminação de ser vice do Aécio. 

    Vejam bem. Os bombeiros estão neste momento ainda tentando remover os corpos do local do acidente. Os corpos ainda estão lá. 

    Há uma criatividade macabra nisso tudo. 

    Quem ouviu a CBN teve que rebolar pra não achar que os pilotos causaram o acidente por sobrecarga de trabalho. Mesmo com as observações em contrário de especialistas. De toda forma, acharam a caixa preta, a qual trará um pouco de luz sobre isso.

    Já em relação ao texto/manifesto político as intenções ficam claras, embora soe absolutamente infeliz dar uma de grande estrategista político com os corpos lá, ainda no local da tragédia. Vejam bem. O cara quis reunir Arraes e Tancredo, numa salada misturando o ontem com o hoje (o hoje do pós meio dia), para justificar uma união em torno de uma terceira via que poderia morrer mas que talvez renasça com Marina e, melhor ainda, com ela de repente sendo vice de Aécio (peraí: terceira ou segunda via? A criatividade prega peças….). 

    Repito. Isso tudo com os corpos ainda no local do acidente.

    Mas voltando: tudo isso ele propõe porque acredita que esta é a melhor forma de….. vencer o PT! Este é o nectar: acabar com o PT.

    Esta fixação nos traz peças raras, revelações criativas do mais alto grau de morbidez e insensibilidade. Por um milésimo, por muito pouco o Golbery, aquele que pensa além, muito além que nos escapa compreensão, não psicografou que este momento seria uma “oportunidade”. 

    Isso tudo com os corpos sequer recolhidos do local. 

    Precisamos urgentemente de um Edgar Allan Poe.

    ==========

     

     

    O CORVO *
    (de Edgar Allan Poe)

    Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
    Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
    E já quase adormecia, ouvi o que parecia
    O som de algúem que batia levemente a meus umbrais.
    “Uma visita”, eu me disse, “está batendo a meus umbrais.

    É só isto, e nada mais.”

    Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
    E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
    Como eu qu’ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
    P’ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais –
    Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,

    Mas sem nome aqui jamais!

    Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
    Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
    Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,
    “É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
    Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.

    É só isto, e nada mais”.

    E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
    “Senhor”, eu disse, “ou senhora, decerto me desculpais;
    Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
    Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
    Que mal ouvi…” E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.

    Noite, noite e nada mais.

    A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
    Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
    Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
    E a única palavra dita foi um nome cheio de ais –
    Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.

    Isso só e nada mais.

    Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
    Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
    “Por certo”, disse eu, “aquela bulha é na minha janela.
    Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.”
    Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.

    “É o vento, e nada mais.”

    Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
    Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
    Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
    Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,
    Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,

    Foi, pousou, e nada mais.

    E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
    Com o solene decoro de seus ares rituais.
    “Tens o aspecto tosquiado”, disse eu, “mas de nobre e ousado,
    Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
    Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais.”

    Disse o corvo, “Nunca mais”.

    Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
    Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
    Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
    Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,
    Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,

    Com o nome “Nunca mais”.

    Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
    Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
    Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
    Perdido, murmurei lento, “Amigo, sonhos – mortais
    Todos – todos já se foram. Amanhã também te vais”.

    Disse o corvo, “Nunca mais”.

    A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
    “Por certo”, disse eu, “são estas vozes usuais,
    Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
    Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
    E o bordão de desesp’rança de seu canto cheio de ais

    Era este “Nunca mais”.

    Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
    Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
    E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
    Que qu’ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,
    Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,

    Com aquele “Nunca mais”.

    Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
    À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
    Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
    No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,
    Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais,

    Reclinar-se-á nunca mais!

    Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
    Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
    “Maldito!”, a mim disse, “deu-te Deus, por anjos concedeu-te
    O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
    O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!”

    Disse o corvo, “Nunca mais”.

    “Profeta”, disse eu, “profeta – ou demônio ou ave preta!
    Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
    A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,
    A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais
    Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!

    Disse o corvo, “Nunca mais”.

    “Profeta”, disse eu, “profeta – ou demônio ou ave preta!
    Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.
    Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
    Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
    Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!”

    Disse o corvo, “Nunca mais”.

    “Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!”, eu disse. “Parte!
    Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
    Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
    Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
    Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!”

    Disse o corvo, “Nunca mais”.

    E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
    No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
    Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,
    E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,

    Libertar-se-á… nunca mais!

     

     

     

     

     

     

     

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