Aldo Fornazieri
Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.
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Trump e as dores do Império, por Aldo Fornazieri

Trump e as dores do Império

por Aldo Fornazieri

” A história universal não é o palco da felicidade. Os períodos felizes são as páginas em branco, são os períodos dos acordos, das oposições ausentes”(Hegel).

Muitas explicações foram dadas para tentar entender a vitória de Donald Trump nas eleições americanas. Certamente, as causas do seu inesperado triunfo são múltiplos e a maior parte das explicações apresentadas é plausível. Novas explicações ainda surgirão e as páginas dos livros de história se ocuparão longamente do assunto, pois ele constitui uma singularidade que poderá ser decisiva para os rumos futuros dos Estados Unidos da América.

Aqueles que acreditam que “treino é treino e jogo é jogo”, como  o desorientado ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra acredita, acerca de que o Trump presidente será diferente do Trump candidato, estão enganados. Claro que nenhum presidente tem o poder de realizar todas as suas promessas. Existem vários limites e até limites legais e constitucionais que, no caso dos Estados Unidos, são muitos. Mas acreditar que Trump pode, simplesmente, dar um cavalo de pau nos eleitores que nele votaram é inverossímil, pois desacreditaria a figura do presidente na metade dos eleitores que nele confiaram e isto seria grave, já que a outra metade do país parece não confiar nele. Trump terá que se esforçar seriamente para entregar boa parte de suas promessas, mesmo que a missão seja bastante penosa.

Mas voltando às causas da surpresa mundial em face do inesperado resultado das eleições parece haver uma que foi apenas tangencialmente explorada. Trata-se da ideia de que o resultado expressa um sintoma da crise do Império americano e de que representa mais um indício da prenunciação do seu declínio. Esta avaliação parte da constatação de que, tanto a eleição de Obama quanto a de Trump, são dois pontos fora da curva, fora do padrão político e eleitoral dos Estados Unidos.

O próprio apoio popular que Bernie Sanders tinha e se as circunstâncias o tivessem feito presidente se enquadra nesse eixo explicativo. Hillary Clinton e outros candidatos republicanos eram e expressão do padrão sistêmico do establishment americano. O crescimento dos partidos pequenos, que amealharam mais de 5% dos votos, também parece ser um indicador da despadronização do “acordo” histórico que vinha se mantendo desde a Guerra de Secessão e que se traduzia na paz interna e na hegemonia do homem branco anglo-saxônico e que tomava por base o credo político emergido da Independência e da Constituição.  

Os pontos fora da curva e a evocação de Hegel

Se é verdade que os primeiros colonos recriaram o mito da nova Jerusalém, não deixa de sê-lo também que os Pais Fundadores o traduziram de forma laica e o reinterpretaram nos termos do mito de uma nova Roma. A república romana conseguiu manter séculos de equilíbrio e de paz internos promovendo a expansão territorial e guerras externas até o ponto de assumir feições imperiais, não antes sem guerras e revoluções internas que já expressavam o desequilíbrio e sinais de enfraquecimento do pacto republicano.

Thomas Jefferson e James Madison, de um lado, e Alexander Hamilton de outro, sabiam perfeitamente que a expansão era condição de manutenção da paz interna e da unidade dos treze estados que haviam se articulado na União Federal. Os dois primeiros advogaram a expansão territorial numa proposição mais romanizada da construção da República, enquanto que Hamilton enxergou prematuramente a potência de império propondo a expansão comercial. Até o final do século XIX prevaleceu a fórmula jeffersoniana e a partir do século XX foi incrementada a fórmula hamiltoniana, coroada pelas duas guerras mundiais.  Com a paz e o equilíbrio internos garantidos pela expansão, mesmo durante o período do capitalismo desregulado do século XIX e até a depressão de 1930, não havia a necessidade do desenvolvimento da regulação estatal para atenuar os conflitos internos já que a expansão produzia riqueza suficiente e permitia exportar excedentes de vários tipos conferindo cada vez mais feições imperiais à República.

Hegel, em Lições sobre a Filosofia da História Universal, foi um dos primeiros a captar esta dinâmica não estatal da condução da sociedade norte-americana. Para ele, os Estados Unidos, nas primeiras décadas do século XIX, em termos políticos, viviam numa realidade ainda não estatal, pois o Estado estava ali ainda num processo em formação, num movimento de porvir. A abundância de terras para a expansão faziam desnecessária a existência de um Estado forte, fixamente estabelecido e regulador. Somente quando o processo de expansão se esgotasse, emergindo daí as diferenças de classes, com grande riqueza de um lado e pobreza de outro, o “verdadeiro Estado e o verdadeiro governo”, se fariam necessários. Hegel imaginava que em algum dia a América chegaria a semelhante tensão e nessa ocasião o Estado seria obrigado a definir os seus fins, a adquirir uma eticidade objetiva, pois se passaria de uma regulação natural (de mercado) a uma regulação estatal (ética).

Sintomas de declínio e de conflitos

Com o fim da Segunda Guerra sobrevém o capitalismo regulado a partir do pacto que viabilizou o Estado do Bem Estar na Europa. Nos Estados Unidos esse pacto foi muito mais implícito do que explícito, pois o processo de expansão comercial estava em pleno curso. Com o declínio do capitalismo regulado a partir da década de 1980 o mercado financeiro operou cada vez mais à margem da regulação e da lei, desaguando na grande crise de 2008. Nesse processo não só se acentuaram as desigualdades, mas houve também uma profunda corrosão moral (Richard Sennet). Os valores da igualdade, da solidariedade, da fidelidade e da responsabilidade foram evaporando, dando lugar a um individualismo egoísta incontido. A globalização e as novas tecnologias não só favoreceram o individualismo e as visões antipolíticas, mas contribuíram para desestruturar as comunidades de trabalhadores e seus valores.

O capitalismo desregulado produziu excluídos da globalização e da revolução tecnológica, fenômeno agravado pelas imigrações legais e ilegais. O declínio da expansão externa deixou de regular o conflito interno, aumentando o número dos deserdados de direitos e serviços. O apelo à necessidade de regulação estatal tornou-se evidente. Uns querem serviços de saúde e assistência garantidos pelo Estado. O Obamacare e a demanda por outras proteções são a manifestação dessas necessidades. Outros querem a volta de empregos na indústria manufatureira e o protecionismo e as propostas anti-imigração são acenos para esses americanos que vivem sob a égide do medo. À direita ou à esquerda, com Obama, Trump ou Sanders, há uma evocação à regulação estatal, à estabilidade e previsibilidade da vida que se foram com o declínio da expansão externa, trazendo o agravamento da desigualdade e o fim da ideologia da fronteira aberta. O que se houve são lamentos das dores do Império.

Se nenhuma reviravolta acontecer, se a Ásia continuar se expandindo mais do que o Ocidente, os lamentos se tornarão cada vez mais pesarosos e os conflitos internos na América se tornarão mais agudos.  As páginas da história interna se tingirão com as cores das desavenças – poderão se tingir de sangue novamente. Os Estados Unidos poderão conhecer o seu ocaso, com a ruptura dos pactos tácitos e com o porvir de um período de infelicidade.   

Aldo Fornazieri – Professor da Escola de Sociologia e Política.

Aldo Fornazieri

Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.

23 Comentários

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  1. Helter Skelter

    O Aldo Fornazieri disse:

    “À direita ou à esquerda, com Obama, Trump ou Sanders, há uma evocação à regulação estatal, à estabilidade e previsibilidade da vida que se foram com o declínio da expansão externa, trazendo o agravamento da desigualdade e o fim da ideologia da fronteira aberta.”

    Acho que, no que diz respeito à evocação da previsibilidade, com Trump essa evocação se converte no seu contrário, isto é, em imprevisibilidade e o que é imprevisível não pode ser estável. Assim, com Trump, essa evocação de previsibilidade e de estabailidade estão comprometidas. Todo mundo faz prognóstico e mas a arrematação de tais prognósticos é: “Vamos esperar prá ver”.

    Na verdade, nem mesmo o Trump prevê como será sua gestão burguesa da crise. Ele deve estar mais perdido do que cego em tiroteio.

    1. Trump vai agir como um experimentalista empírico.

      Parece-me claro, Trump vai agir como um experimentalista empírico, ou seja, tentativa e erro, a cada êxito um grande sucesso, a cada erro uma tragédia.

        1. Se fosse prá isso, tem gente muito mais competente do que ele

          Prá isso ele não seria preciso. Faz muito tempo que o mundo é caótico.

          Só o que tem é gente competente para botar desordem no caos. Se fosse por ai, ele não seria necessário, seria supérfluo

  2. A 4a revolução industrial não poupará nenhum país

    Esta crise política nos EUA e Europa pode ser o início de uma crise generalizada do sistema-mundo.

    A quarta revolução industrial tem potencial para gerar desemprego em todos os países, incluindo a China. E o desemprego tecnológico não atinge só a indústria, mas também o comércio e os serviços – vejam o caso dos bancos e das vendas via internet.

    A crer nos especialistas que estudam as novas tecnologias e seus impactos sociais, o desemprego tecnológico se tornará estrutural e, ao contrário do passado, a tecnologia não criará novos postos de trabalho no lugar dos que foram extintos. A crise, então, seria generalizada, atingindo ocidente e oriente, pois a reprodução social de todas as sociedades é baseada no trabalho.

    A China ainda se aguenta por conta da quantidade de indústrias que ela sugou do mundo e porque as tecnologias da 4a revolução industrial não foram plenamente implementadas: lá, ainda tem muito emprego de baixo salário. Mas se ela decidir criar um mercado interno, aumentando os salários, os empresários vão apressar a troca de homens por máquinas.

    A quarta revolução industrilal pode tornar a maior parte do trabalho humano obsoleto.

    1. Do mesmo modo …

      Se a obsolescência de diversas formas de trabalho se concretizar, riscos maiores de convulsão social estarão presentes. Pessoas sem emprego ou renda podem tornar-se violentas face ao desespero encontrado. Não teremos paz social, tens razão, se a reprodução de forças do trabalho não ocorrer: a sociedade simplesmente quebrará!

    2.  
       “A quarta revolução

       

       “A quarta revolução industrilal pode tornar a maior parte do trabalho humano obsoleto.”

      Muito interessante Wilton sua observação…mas, …ai me ocorre uma preocupação. A quais filhos da puta, os empresários iriam vender a produção de suas fábricas?

      A não ser que os empresários encomendem aos tecnólogos de plantão, produzir uma robotização em massa. Quiçá, inspirando-se na ideia do exército de terracota do imperador chinês Qin Shi Huangdi. A sugestão que me ocorre é fabricar um grande exército de robôs consumidores. Cuidando-se de produzir robôs de alto padrão de consumo e de requintado gosto estético. Pronto! Tai uma factível saída para o enrosco que o capitalismo se meteu.

      Com isso, apenas um engenho tecnológico, seria capaz de matar dois coelhos com uma só porretada…elimina-se por um lado o desconforto da luta de classes, e do outro, nos livraria das oscilações de humor da população adulta mundial. O que tem tornado os sábios economistas em ridículos contadores de lorotas, ou, analistas de Contos da  Carochinha.

      Orlando

       

       

       

      1. Reprodução ampliada do capital: condição do dominio burguês

        A condição para o domínio da burguesia é a reprodução ampliada do capital. A reprodução ampliada do capital pressupõe a expansão dos mercados a fim de que o lucro seja realizado. Chegou-se a um ponto em que não há mais mercados a serem conquistados na face da terra a não ser na Coréia do Norte e, parcialmente, em Cuba, não tendo o capitalista como realizar a totalidade dos seus lucros. Uma guerra destrutiva de forças produtivas, de forma a fazê-las recuar ao nível das relações de produção burguesas, se tornou um problema, em vez de solução, pois uma guerra nuclear seria o caos total. O complexo industrial militar foi derrotado, já que sua testa de ferro, a candidata Clinton, foi derrotada por Trump. O valor de troca presupõe a utilidade. Por outro lado, o estado de guerra permanente, de forma a manter a sociedade hierarquizada, descrito por George Orwelll na obra 1984, não tem mais como continuar, já que as guerras não trazem mais lucros àqueles que a promovem, trazendo-lhes apenas prejuízos. Em sendo assim, porque os imperialistas continuariam fabricando armas e munições sem qualquer possibilidade de que elas venham a ser usados numa guerra e que portanto o capital nelas investidos venha a ser reproduzido mesmo com simplicidade?

        Destarte, como o capital vai se reproduzir ampliadamente e possibilitar a continuidade do dominio da burguesia sobre o mundo?

        Numa discussão travada há uns dois anos, foi dito que quando não mais houvesse a possibilidade de expensão dos mercados e que os capitalistas não vendessem mais bens de consumo para os trabalhadores dos países capitalistas, já que quanto maior o consumo dos operários, menor o lucro dos capitalistas, alguém sustentou que as empresas realizariam seus lucros vendendo bens de produção para outras empresas.

        Foi observado que:

        “O que as empresas lucrassem vendendo para outras empresas elas perderiam comprando de outras empresas e os lucros do conjunto da burguesia se anulariam.”

        Alguém entrou na discussão sustentando:

        “Se todo mundo fosse assalariado…
        camponês com TV de LCD 03/02/2010 16:38

        … o capitalismo se acabava.

        Os capitalistas sempre querem reduzir os salários dos trabalhadores, e portanto, o poder de compra dos consumidores.

        O dia em que 95% dos consumidores do planeta forem proletários assalariados, o capitalismo desaba, pois o poder de compra vai sempre diminuindo, e, portanto, as vendas, e, portanto, a produção. Rosa Luxemburgo já havia previsto isso há um século atrás em seu “A Acumulação do Capital”.

        O capitalismo sobrevive graças aos setores não capitalistas, ou recém incorporados ao capitalismo. Rosa também dizia isso. Atualmente, o grande balão de oxigênio do capitalismo são as massas camponesas da Índia e da China. Essas massas estão sendo gradualmente incorporadas ao sistema, parte delas como novos trabalhadores assalariados recém emigrados do campo para a cidade. Outra parte começa a consumir mais e mais produtos das grandes empresas, sem necessariamente terem se tornado assalariados ainda. A eletrificação rural contribui para isso.

        As enormes massas populacionais da Índia e China são a tábua de salvação do capitalismo na crise atual. Ninguém sabe até quando essa gambiarra vai funcionar.”

        Outro disse:

        “A meu ver, o capital em última instância tende a se desvincular completamente de suas últimas justificações humanas (a suposta produção “eficiente” de bens de consumo) e se tornar um sistema de produção pela produção (produção de bens de produção para empresas de bens de produção) sem qualquer sentido para o ser humano. Mas se isso acontecesse, dificilmente os seres humanos não derrubariam o sistema. Por isso o capital precisará sempre se justificar minimamente para não ser derrubado e como a produção de bens de consumo é sua principal justificativa, ele usará sempre essa isca para acalmar os descontentamentos. Aliás, minha tese é a de que a “sociedade de consumo” só ocorreu porque antes o descontentamento (década de 1920 principalmente) do proletariado pôs e cheque o capital em escala mundial.”

        Retrucou-se que:

        “Os bens de produção só têm valor de troca porque têm valor de uso, ou seja, eles são vendidos e comprados pelos capitalistas a fim de serem empregados na produção de bens de consumo (e também de bens de produção)” e que bens de produção não criam mais-valia nem lucro.

        Depois de mais debates, discutiu-se o seguinte:

        “Olá, Camarada, uma última citação (de Marx, prá variar) acerca do tempo de trabalho:

        “Desde que o trabalho, na sua forma imediata, deixou de ser a grande fonte da riqueza, o tempo de trabalho deixa, e tem que deixar, de ser a sua medida, e o valor de troca deixa também de ser a medida do valor de uso. O trabalho excedente da massa deixou de ser condição para o desenvolvimento da riqueza social, assim como o não trabalho de poucos deixou de ser a condição do desenvolvimento dos poderes gerais do intelecto humano. Por essa razão se desmorona a produção baseada no valor de troca, e o processo de produção material imediato perde também a forma da miséria e do antagonismo. Ocorre então o livre desenvolvimento da individualidade. (…) O capital é uma contradição em processo, pelo fato de que tende a reduzir o tempo de trabalho ao mínimo, enquanto, por outro lado, põe o tempo de trabalho como única medida e fonte da riqueza. (…) As forças produtivas e as relações – simples faces diferentes do desenvolvimento do individuo social – aparecem ao capital unicamente como meios para produzir a partir de sua base limitada. Mas, de fato, são estas condições materiais que fazem explodir esta base.” Marx

        Em relação à citação, o interlocutor respondeu:

        “Essa citação de Marx do teu último email é do chamado “Fragmentos sobre as máquinas” dos Grundrisse. Ele é citado naquele artigo (Reality check: Are We Living In An Immaterial World?) que me chamou atenção para os tais superlucros. Abaixo, traduzi essa parte, que me parece a principal desse artigo:

        Fim do valor enquanto medida?

        Como mencionado anteriormente, uma das características distintivas do pós-obreirismo [derivado de um ramo do marxismo italiano chamado operaismo] é a rejeição da assim chamada “lei do valor” de Marx. George Caffentzis nos lembra que o próprio Marx raramente falava de uma tal lei, mas que também não há dúvida sobre sua opinião de que, sob o domínio do capital, a quantidade de tempo de trabalho socialmente necessário para produzir mercadorias em última instância determina seu valor [20]. Rompendo com Marx a este respeito, os pós-obreiristas se inspiram em uma passagem dos Grundrisse conhecida como “Fragmento sobre as Máquinas”. Este prevê uma situação, alinhada com a tentativa perene do capital de se livrar da sua dependência do trabalho, onde o conhecimento se tornou o fluido vital do capital fixo, e o input direto de trabalho na produção é meramente incidental. Nestas circunstâncias, Marx argumenta, o capital efetivamente destrói a base que o sustenta, pois “Tão logo o trabalho na sua forma direta deixou de ser a grande fonte de riqueza, o tempo de trabalho deixa e deve deixar de ser sua medida e, portanto, o valor de troca [deve deixar de ser a medida] do valor de uso” [21].

        Negri, entre outros, tem insistido há muitos anos, e de várias maneiras, que o capital hoje atingiu esse estágio. Conclui que nada além da pura dominação mantém o domínio do capital: “a lógica do capital não mais funciona para o desenvolvimento, ela é simplesmente comando para sua própria reprodução” [22]. Na verdade, uma série de comentaristas sociais têm evocado o “Fragmento sobre as Máquinas” nos últimos tempos – aparte tudo o mais, tem mantido uma certa popularidade entre aqueles (como o reacionário futurologista Jeremy Rifkin) que nos dizem que vivemos em uma sociedade cada vez mais livre do trabalho. É uma pena, então, que, destes escritores, pouquíssimos seguiram a lógica do argumento de Marx nos Grundrisse até suas conclusões. Pois enquanto ele indica que o capital, de fato, busca “reduzir o tempo de trabalho a um mínimo”, Marx também nos lembra que o próprio capital não é nada mais do que o tempo de trabalho acumulado (trabalho abstrato enquanto valor) [23]. Em outras palavras, o capital é obrigado pela sua própria natureza, e durante o tempo que estamos presos a ele, a pôr o “tempo de trabalho … como única medida e fonte de riqueza”.

        Em seu esforço para escapar do trabalho, o capital tenta uma série de coisas que, cada uma à sua maneira, joga lenha aos argumentos que fazem o tempo de trabalho parecer como irrelevante como a medida do desenvolvimento do capital. Considerada com mais cuidado, no entanto, cada uma dessas coisas pode ser vista de um modo um tanto diferente. Para começar, o capital tenta externalizar ao máximo seus custos laborais: para dar um exemplo banal (embora não tão banal se você for um ex-empregado do banco), incentivando o serviço bancário online e máquinas de autoatendimento e desativando o atendimento de balcão. Quanto ao regime de trabalho de nós mesmos, muitos de nós levam para casa cada vez mais trabalho (até mesmo para o trem, ou o carro). Parecemos ter de oferecer uma prontidão cada vez maior, sempre acessíveis através da internet ou telefone. Somadas, estratégias desse tipo (que, para acrescentar confusão a tudo isso, pode muito bem cruzar com nossas próprias aspirações individuais por mais flexibilidade) ajudam em grande medida a explicar esse apagamento da separação entre os componentes “trabalho” e “não trabalho” em nosso cotidiano. Por outro lado, elas mostram essa separação sob uma perpectiva diferente da do colapso do tempo de trabalho como medida do valor, uma perspectiva em que – precisamente porque a quantidade de tempo de trabalho é crucial para a existência do capital – o máximo de trabalho possível passa a ser executado na sua forma não paga.

        Em segundo lugar, na tentativa de diminuir os custos laborais dentro de organizações individuais, o capital também reformula o processo pelo qual os lucros são distribuídos em uma escala setorial e global. Em uma série de ensaios nos últimos 15 anos, George Caffentzis delineou a idéia, primeiramente elaborada no terceiro volume de O Capital de Marx, de que as taxas médias de lucro sugam a mais-valia dos setores de trabalho intensivo para aqueles com um investimento maior em capital fixo:

        “Para que haja uma taxa média de lucro em todo o sistema capitalista, os ramos da indústria que empregam muito pouco trabalho, mas muita maquinaria devem ser capazes de ter o direito de reivindicar a reserva de valor que os ramos com low-tech e muito trabalho criam. Se não houvesse tais ramos ou tal direito, então a taxa média de lucro seria tão baixa nas industrias de alta tecnologia e pouco trabalho que todo o investimento pararia e o sistema chegaria ao fim. Consequentemente, “novos cercamentos” no campo devem acompanhar o aumento de “processos automáticos” na indústria, o computador requer o sweat shop, e a existência do ciborgue é baseada na escravo” [24].

        Neste exemplo, se não parece haver correlação imediata entre o valor de uma mercadoria individual e o lucro que ela retorna do mercado, a resposta pode bem ser que não há nenhuma: o quebra-cabeça só pode ser resolvido através da análise do setor como um todo, em uma extensão que vai muito além dos horizontes de trabalho imaterial. Aqui também, é uma questão de qual parâmetros escolhemos para emoldurar nossa investigação.

        Em terceiro lugar, e na sequência do acima, a divisão do trabalho em muitas organizações, indústrias e empresas atingiu o ponto em que é difícil – e provavelmente sem sentido – determinar a contribuição de um empregado individual para a massa de mercadorias que ele ajuda a produzir [25]. Novamente, isso pode favorecer a sensação de que o tempo de trabalho envolvido na produção de tais mercadorias (tangíveis ou não) é irrelevante para o valor que elas contém. Marx, por sua vez, argumentou que para tratar tudo isso, a questão central é de perspectiva:

        “Se considerarmos o trabalhador agregado, ou seja, se tomarmos em conjunto todos os membros que compõem a oficina, então vemos que a atividade combinada deles resulta materialmente num produto agregado que é ao mesmo tempo uma quantidade de bens. E aqui é totalmente indiferente se o trabalho de um operário em especial, que é meramente um membro desse trabalhador agregado, está a uma distância maior ou menor do trabahador manual real” [26].”

        O debate prosseguiu, sendo arrematado como segue:

        O capitalismo, por si mesmo, vai se perpetuando enquanto conseguir, depois de cada queda da taxa de lucro, sempre ir criando novo tempo de trabalho necessário em novos ramos, em novas mercadorias. Freneticamente. Será que essa criação de tempo de trabalho humanamente inútil não esbarrará em algum limite absoluto? Em uma catástrofe? Mas talvez um mundo que afundasse em catástrofes supérfluas e dificuldades inúteis seja o mundo ideal para a perpetuidade do capital, afinal o que requer mais trabalho necessário do que catástrofes? Uma guerra civil generalizada, com gangues armadas, máfias para todo lado etc. faria das menores coisas do cotidiano algo que requer muito tempo de trabalho necessário, quase tudo, até a alma (p ex.depressão traumática), se tornaria oportunidade para o capital efetuar tempo de trabalho necessário.

        Para o proletário o capitalismo é a crise permanente. Senão ele não tentaria se oferecer no mercado como objeto e ainda achar “bom” aceitarem sua oferta.

        Uma empresa-mundo, que suprimisse a concorrência, é uma empresa que deixou de sofrer pressão externa para acumular. Sobraria apenas a pressão interna. Resta então saber se essa pressão interna é capaz de reproduzir a empresa como capital. Se não for capaz, ela deixará de ser capital (a acumulação do capital subitamente parará) e se tornará como que um neo-feudo. O objetivo da empresa será certamente o “esbanjamento” da riqueza pelos que mandam nela como prova de poder (distribuição de presentes em troca da submissão e monopólio da violência para manter essa submissão e impedir a guerra civil generalizada) e performances ritualísticas (festas) cada vez mais elaboradas e impressionantes. Será que, sem concorrência, os que mandam na empresa poderão resistir a essa “tentação” pré-capitalista?

        Acho claro que a supressão da concorrência por um monopólio (mesmo cooperativo) jamais possa levar a uma ultrapassagem do capitalismo, mas sim a um retrocesso e uma recriação constante das condições de seus surgimento. Ultrapassar o capital envolve abolir a empresa, isto é, suprimir a propriedade privada (particular, estatal, cooperativa), tornando impossível que qualquer vida humana possa ser privada de suas condições práticas (produtivas) de existência. É a supressão da sociedade de classes, não só do capital.

        Valeu, camarada

        A roda da história não gira para trás

        Manifesto 11/03/2013 15:44

        Companheiro, é impossível a feudalização da sociedade com o atual nível das forças produtivas. Segundo Marx, o moinho de vento nos dá uma sociedade com senhor feudal; o motor a vapor, uma sociedade com o capitalista industrial.
        A distribuição de presentes em troca da submissão e monopólio da violência (PELA ELITE) para manter essa submissão já existem há muito tempo. A guerra civil generalizada é um fato. “Ao traçarmos as fases mais gerais do desenvolvimento do proletariado, seguimos de perto a guerra civil mais ou menos oculta no seio da sociedade existente, até ao ponto em que rebenta numa revolução aberta, e o proletariado, pela derrubada violenta da burguesia, funda a sua dominação.” Marx e Engels, Manifesto Comunista

        Você acha claro que a supressão da concorrência por um monopólio (mesmo cooperativo) jamais possa levar a uma ultrapassagem do capitalismo?

        “Esta expropriação completa-se pelo jogo das leis imanentes da própria produção capitalista, pela centralização dos capitais. Um capitalista mata sempre muitos. De braço dado com esta centralização ou com esta expropriação de muitos capitalistas por poucos, a forma cooperativa do processo de trabalho desenvolve-se numa escala sempre crescente; [desenvolve-se] a aplicação técnica consciente da ciência, a exploração planificada da terra, a transformação dos meios de trabalho em meios de trabalho utilizáveis apenas comuni-tariamente, a economia de todos os meios de produção através do seu uso como meios de produção de trabalho combinado, social, o entrelaçamento de todos os povos na rede do mercado mundial e, com isso, o carácter internacional do regime capitalista. Com o número continuamente decrescente de magnatas do capital, que usurpam e monopolizam todas as vantagens deste processo de transformação, cresce a massa da miséria, da opressão, da servidão, da degeneração, da exploração, mas também a revolta da classe operária, sempre a engrossar e instruída, unida e organizada pelo mecanismo do próprio processo de produção capitalista. O monopólio do capital torna-se um entrave para o modo de produção que com ele e sob ele floresceu. A centralização dos meios de produção e a socialização do trabalho atingem um ponto em que se tornam incompatíveis com o seu invólucro capitalista. Este é rompido. Soa a hora da propriedade privada capitalista. Os expropriadores são expropriados.” Marx

        XXXXXXXXXXXX

        Marx era um gênio, fez muitas contribuições fundamentais para o pensamento crítico e a luta do proletariado, porém, não ele não era um ser especial que tivesse acesso a uma verdade acima da história. Ele próprio nos ensinou que todo pensamento é pensamento na história, não acima e nem fora. Isto é, produção, praxis. Acreditar que exista uma verdade fora de produção da própria verdade na história é precisamente o que Marx chamava de ideologia.

        Você diz que é impossível a feudalização da sociedade. E eu concordo. Mas o que estávamos tentando discutir é o que ocorreria no caso de uma empresa que se tornasse um monopólio total (mundial). Eu sempre te falei que considero isso impossível de acontecer. Mas argumentei que, se acontecesse, é muito claro para mim que acarretaria a pré-capitalistalização da sociede de classes. Pois, como deixaria de existir concorrência, toda e qualquer pressão para acumular capital cessaria e daria lugar a muitos outros impulsos e motivações típicas da propriedade nas sociedades de classes no passado. A não ser que supuséssemos que exista uma pressão interna na empresa que leve a empresa a manter a acumulação do capital. Mas qual? Me diga.

        Sim, é-nos claro que substituir concorrência por um monopólio não pode levar à ultrapassagem nem do capitalismo e muito menos à ultrapassagem do principal, a sociedade de classes. Monopólio e concorrência são categorias que só fazem sentido no âmbito da propriedade privada, isto é, privação da população de meios de vida.
        Não importa à qual instituição (estado mundial, estados nacionais, cooperativas ou particulares) essa propriedade privada dos meios de produção juridicamente pertença, pois, qualquer que seja a forma de propriedade privada, a separação entre a vida e produção da vida é mantida e um extrato da população sempre vai se colocar como mediador que colmata essa separação.
        A ultrapassagem do capitalismo (e da sociedade de classes) só nos parece pensável como a radical supressão da produção enquanto esfera separada da vida, isto é, como o abolição da economia e a instauração da associação livre dos desejos, prazeres, necessidades e razões humanas com as forças produtivas, que passaram a ser livremente acessíveis após o fim da propriedade privada (de toda e qualquer forma de empresa, assalariamento, remuneração etc).

        A vitória do valor de troca na sociedade espetaculosa

        Espectadora 01/12/2013 17:17″O valor da troca não pode formar-se senão como agente do valor de uso, mas a sua vitória pelas suas próprias armas criou as condições da sua dominação autônoma. Mobilizando todo o uso humano e apoderando-se do monopólio da sua satisfação, ela acabou por dirigir o uso. O processo de troca identificou-se a todo o uso possível e reduziu-o à sua mercê. O valor de troca é o condottiere do valor de uso, que acaba por conduzir a guerra por sua própria conta.” Guy Debord – Sociedade do Espetáculo

         Então, os capitalistas criarão robôs consumistas para consumir seus produtos e serviços a fim de dar continuidade à sua dominação ou reduzirão a jornada de trabalho, dando lazer e emprego para todos?

        http://www.brasil.indymedia.org/pt/green/2012/07/509800.shtml

    3. Pero puede obsoletar tambien el exceso de trabajo y el desempleo

      Mas a quarta revolução industrial pode, também, tornar o sobretrabalho e o desemprego coisas do passado, pois ela vai aumentar ainda mais a produtividade do trabalho e, consequentemente, a produção. Essa produção em excesso não encontrará demanda nos mercados externos.

      Não há mais como intensificar a exploração dos antigos mercados e não há mais mercados novos a serem conquistados. A poupança de mão-de-obra só faz sentido quando há mercados externos aptos a absorver o excesso de produção e isso não há mais. Os países terão que se voltar para seus mercados internos e, para isso, terão que aumentar os salários de suas classes operárias, onde esses salários forem muito baixos, e reduzir a jornada de trabalho onde os salários forem elevados. Se reduzirem o número de empregados em vez de reduzirem a jornada de trabalho, seus produtos e serviços ficarão encalhados para sempre.

      Sem possibilidade de expansão dos mercados, a tecnologia deverá cooperar com o trabalhador, em vez de fazer-lhe concorrência.

      https://brasil.indymedia.org/eo/green/2010/03/466415.shtml

      A quarta revolução industrial turbinará ainda mais a superprodução. No século XX, a burguesia desencadeou a primeira guerra mundial para conquistar mercado para dar vazão à sua superprodução e desencadou a segunda grande guerra para destruir parcialmente suas forças produtivas. Atualmente, não há mais mercados a serem conquistados e uma guerra de destruição pioraria a situação em vez de solucioná-la. Só resta, num mundo sensato, a redução da jornada de trabalho ou o desemprego em larga escala, o que piorará igualmente a situação, em vez de resolver o problema.

  3. Excelente

    Apreciei muito a análise do prof. Aldo. Exatamente o que eu estava tentando entender sobre a situação imperial dos EUA: a expansão foi sempre com um estado internamente light e focado apenas no complexo militar-industrial. Agora existe a demanda por estado se envolvendo na vida civil.

    E parabenizo por não falar (mal) do PT pela 2ª semana seguida eu acho kkkkkk

     

    Att

     

    Tio_Zé

  4. O ocidente mostrou em pelo

    O ocidente mostrou em pelo menos quatro ocasiões que não há democracia no seu mundo real. Fato Nº 1: povo grego vota contra o acordo com a Troika, nada adianta, Ministro da Fazenda pede demissão e primeiro ministro assina com a Troika. Fato Nº 2: povo brasileiro vota em Dilma, o Judiciário-Globo-Legislativo-EUA derrubam o governo eleito em um ano e meio. Fato Nº 3: o povo inglês vota pelo Brexit, mudam-se as regras e agora o parlamento inglês terá de aprovar a saída. Fato Nº 4: o povo colombiano vota contra a Paz, pois havia um pacote indigesto (casamento gay), logo já se negocia uma “paz” contra a vontade do povo.

    Fato Nº 5 em curso: Trump vence contra tudo e contra todos do establishment mundial, jornalista afirma no twitter que é uma boa hora para um assassinato presidencial.

    O ocidente-rico estava em plena expansão neocolonial, vendendo “democracia”, impondo a agenda neoliberal econômica e empurrando de guela abaixo valores humanos simplistas e homogeneizadores como ambientalismo, indigenismo, mudanças climáticas, direitos humanos, desenvolvimento sustentável, agenda 21 que mais asfixiou que ajudou o “terceiro” mundo. No entanto, o lastro americano se mostrou ineficiente, dispendioso, corrupto e completamente descontrolado – as forças armadas e suas 1000 bases militares ao redor do mundo.

    Quem leu as propostas de Trump observará que está escrito o seu compromisso de diminuir o seu orçamento militar anual de U$ 600 bilhões (a Rússia tem orçamento anual militar de 60 bi), que não mais apostará na política de mudança de regime e de imposição da democracia e que não apostará mais nesse barco furado que são as tais mudança climáticas (contestada por climatólogos de todo o mundo). Todo o recurso que sobrar (previsão inicial de 10bi em 10 anos) serão investidos em infra-estrutura nacional. Também está escrita a renegociação no ambito do NAFT, TTIP e outros acordos que são bons para o capital mas péssimos para os americanos.

    O muro na fronteira do México talvez nem seja necessário, e é mais uma oportunidade para esse país Caribenho do que um mal.

    A esquerda mundial comemorou a vitória de Trump, mas a nacional aqui no Brasil acompanha a narrativa do mainstream. Surreal. Está bem clara a proposta de Trump. Protecionismo interno e multilateralismo internacional.  Ele terá de demitir muita gente no deep state para poder governar sem ser traído como Dilma o foi.

    O ocidente perdeu fôlego e as máscaras caíram. Trump propõe um renegociação mundial, e isso é mais uma oportunidade que um malefício. As questões sobre mulçumanos, imigração e outras coisas do gênero são minúsculas diante dessa corrente anti-establishment atual. O establishment ganhou nos primeiros quatro fatos. E no quinto?

  5. A evocação de estabilidade e previsibilidade se desmanchar no ar

    “A burguesia só pode existir com a condição de revolucionar incessantemente os instrumentos de produção, por conseguinte, as relações de produção e, com isso, todas as relações sociais. A conservação inalterada (previsibilidade/estabilidade) do antigo modo de produção constituía, pelo contrário, a primeira condição de existência de todas as classes industriais anteriores. Essa subversão contínua da produção, esse abalo constante de todo o sistema social, essa agitação permanente e essa falta de segurança distinguem a época burguesa de todas as precedentes. Dissolvem-se todas as relações sociais antigas e cristalizadas, com seu cortejo de concepções e de idéias secularmente veneradas, as relações que as substituem tornam-se antiquadas antes mesmo de ossificar-se. Tudo que era SÓLIDO E ESTÁVEL se esfuma, tudo o que era sagrado é profanado e os homens são obrigados finalmente a encarar com serenidade suas condições de existência e suas relações recíprocas.” Marx e Engels

  6. “Leni Refienstahal do Tea Party” é estrategista de Trump.

    Donald Trump anunciou hoje o estrategista de seu governo, Steve Bannon. Steve Bannon é editor e dono de um site de noticias de exterma direita, se define como conservador. Steve Bannon trabalhou no Goldman Saches na década de 1990, depois teve uma produtora de cinema e dirigiu alguns filmes. Entre seus filmes está um filme celebra a vitória de Ronald Reagan contra o ‘comunismo’, um documentário que celebra o Tea PArty e outro sobre SAra Pallin. Com o documentário sobre Sara Pallin, Bannon acabou conhecendo Andrew Breitbart que estava fundando um site de noticias alternativo conservador. Breitbart afirmou sobre Bannon, o novo estrategista de Trump: “ele é a Leni Refienstahal do TEa PArty”. Para quem não sabe Leni Refienstahal era a cineasta preferida de Hitler e  fez vários documentários e filmes de apologia ao nazismo.(o perfil de Bannon está no bloomberg news, em matéria de 08 de outubro de 2015)

    Bannon passou a trabalhar no site de noticias conservadoras e depois virou seu sócio com a morte do dono. Nas mãos de BAnnon o site deixou de ser apenas conservador e se aproximou da extrema direita: racismo, misogenia, anti-semitismo, memes neonazistas, e a defesa da ‘supremacia branca’ passaram a da dar a tônica do site de notícias. (mais informações podem ser encontradas no sites Mother Jones, no Alternet, no Southern Poverty Law Center e Anti-Defamation League).

    Ah, mas é um complô da midia neoliberal e globalista dirão os idiota úteis (ou quinta coluna disfarçados?) daqui. O site de Bannon é uma midia alternativa, mas de extrema direita. Bannon escreveu o seguinte sobre a midia em livro: “A esquerda ganha porque ela controla a narrativa. A narrativa é controlada pela midia. A esquerda é a midia”(a citação está em matéria do Washington Post em 18 de agosto desse ano). Se alguem mal informado nunca foi a ‘midia alternativa’ do MBL vai encontrar algum muito próximo disso.

    Depois dessa informação que não é um ato de campanha, mas de governo eu acredito que os comentaristas do GGN que se dizem de esquerda e estão celebrando a eleição de Trump ou deveriam se retratar ou sair logo do ‘undereground’ e assumirem de uma vez que são de extrema direita. A esquerda não precisa de quinta coluna, quinta coluna é inimigo.

    1. Conflito…

      Acho que a luta que está ocorrendo nos EEUU não está sendo bem compreendida no Brasil…

      Steve Bannon é considerado antissemita pelos sionistas.  Isso significa que, como o próprio jornal israelense Haaretz noticiou: ‘os judeus americanos se transformara, virtualmente da noite para o dia, de infiltrados em estranhos.’

      Trump também declarou em uma entrevista que não vai tolerar ‘lobbies’ de forma algum.  Isso significa outro desastre para os zionistas, que são ultraliberais.

      Isso tanto é verdade que, como diz o Guardian, está havendo uma enorme pressão para que Trump reveja essa decisão…

        1. Estou sendo acusada de ser Quinta Coluna?

          Acho que quem me acusa já compreendeu bem que é exatamente o contrário:  que eu estou alertando para a verdade que está sendo distorcida.

          Bannon foi realmente atacado pelos judeus sionistas por dizer a verdade: que o governo dos EEUU tem mais de 20% de funcionários judeus, quando a população judia do país é de apenas 1.2%. Ele também vem denunciando o fato de que os judeus americanos são ricos e influentes, que muitos deles têm dupla cidadania (americano-israelense), e que os EEUU doa bilhões de dólares ao projeto de Estado apartheid (denominado isreal) todos os anos enquanto milhões de americanos estão desempregados e precisando de auxílio. Convem lembrar que israel usa esse dinheiro para avançar sobre as terras Palestinas, que invadiram em 1948, e para sustentar uma rede de espiões e terroristas denominada Mossad.

          Os sionistas são ultraliberais – e portanto imperialistas, a favor de guerras e golpes de estado em países vulneráveis – para explorar os povos através da USURA – altos juros por empréstimos (a grande maioria dos bancos do mundo pertence a judeus sionistas). Os sionistas são também a favor de comportamentos sociais nem sempre aceitos pela maioria da sociedade, como homossexualidade, pedofilia, etc., e usam a SUA mídia para nos impor tais comportamentos.

    2. Essa comparação coms os Nazi

      Essa comparação coms os Nazi deve ser ponderada. Nada mais nazista que o cerco Judeu na Palestina.

      Hoje não é possível se posicionar pessoalmente como esquerda e direita pois as narrativas são capciosas e os argumentos difíceis de serem validados. Comparar Tea Party e Nazismo, por exemplo. A nossa extrema direita é entreguista, a dos EUA é protecionista. Os nossos extremistas de direita nazi querem entregar o nosso pré-sal, os de lá proteger os empregos deles.

      Essa história de quinta coluna é simplificar demais o debate e acusar pessoas de atos conspiratórios e aí você entra em terreno minado.

      É necessário ver até onde vai o cavalo de pau nos EUA. Quais serão os Secretários de Estado e da Defesa? Haverá modificações nas relações mundiais? Em que grau a força militar será reduzida ou redirecionada.

      Invocar Hitler para argumentar sobre fatos atuais não tem o menor cabimento. Mesmo porque quem investiu na Grande Guerra saiu lucrando e se fingindo de santo.

      1. É cego que não quer ver (ou ler).

        Não fui eu quem invocou Hitler, acho que voce é uma pessoa alfabetizada, sabe ler: Leni Refhestein do Tea Party foi como um amigo do estrategista do presidente Trump se referiu a ele. Não fui eu, foi o cara que colocou o novo estrategista do presidente americano na editoria de um site de notícias.

    3. Quinta Coluna?

      Quinta Coluna são aqueles que, infiltrados, propositalmente barram a soberania dos povos através de distorções ideológicas como a ideia de que o nacionalismo é um mal. Para os povos do mundo, o nacionalismo é a salvação. Ser Quinta Coluna é ser reacionário, é estar do lado errado da história, é querer continuidade. O nacionalismo implica em mudança.

      Leonel Brizola foi o mais expressivo nacionalista brasileiro. Ele iria imediatamente ver a vantagem, para os povos oprimidos do mundo, dessa grande virada paradigmática nos EEUU. Ainda é cedo para dizermos exatamente o que vai ocorrer; mas, podemos nos preparar com otimismo. Talvez até começar a prever a queda do governo golpista neoliberal do Brasil e o retorno de um governo nacionalista nos moldes do PT.

    4. Acho que isso não vem ao caso

      As pessoas podem dar uma chance prá todo mundo e todo mundo pode mudar. Jesus Cristo deu uma chance a Judas, o Iscariotes. O cara poderia mudar de vida em vez de trair Jesus, vendendo-o por 30 moedas.

  7. Excelente artigo! Um dos

    Excelente artigo! Um dos melhores que li sobre o assunto! Hegel nos assombra… como assombrou os jovens de então,…  de um lado ou do outro,

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