O depois
por Felipe Bueno
Uma vez superada a intensa e disputada campanha eleitoral (risos) que garantiu Vladimir Putin por mais seis anos na presidência, a Rússia não tardou a dar novos sinais de sua potência e de suas intenções.
À parte o já por demais assumido objetivo de controlar o que considera seu espaço vital, o líder russo chegou a usar o “argumento” da vingança contra a Ucrânia por recentes ataques.
Nada de novo.
Também não é nada de novo dizer que uma coisa é o aprendizado por páginas de livros. Outra é ter a oportunidade de ver a História sendo feita, dia após dia, bombardeio após bombardeio, êxodo após êxodo, morte após morte.
Há tempos em que essas oportunidades são aproveitadas por grandes lideranças, que se unem e ousam elevar a humanidade a outro patamar.
Há tempos, no entanto, em que o mundo não tem tais pessoas à disposição; e em vez de superar a crise, aguarda, incapaz, a lenta ebulição que antecede grandes explosões.
Das partes do Ocidente com as quais poderia contar, é de se admirar que a Ucrânia ainda espere ajuda. Uma, mais distante, está ocupada com a possibilidade real da ressurreição em território interno de Donald Trump e tudo que ele representa em termos de preconceito, intransigência, negacionismo e extremismo; outra, teme, justamente pela proximidade, que alimentar o avatar ucraniano possa, na prática, produzir uma reação desproporcional do outro lado, e, nesse caso, os estilhaços vão fazer bem mais que apenas barulho.
Os números recentes da economia mostram que a Rússia virou a chave e assumiu seu lado máquina de guerra. Aguentará muito? Não sabemos, mas não convém tentar a sorte.
Internamente, do que nos é permitido saber sobre a realidade russa – e aqui devemos sempre ter a humildade de admitir surpresas e reviravoltas – os indícios são de que nada mudará; não haverá exército, nem branco nem vermelho, levantando a voz, seja pelo fim da violência contra a Ucrânia ou pela preservação do urso pardo siberiano.
E nessas poucas linhas estamos, modestamente, nos debruçando sobre apenas um dos sérios conflitos em andamento no planeta.
O mundo vive preocupado com o depois, mas dá demonstrações claras de que não sabe como sobreviver ao durante.
Felipe Bueno é jornalista desde 1995 com experiência em rádio, TV, jornal, agência de notícias, digital e podcast. Tem graduação em Jornalismo e História, com especializações em Política Contemporânea, Ética na Administração Pública, Introdução ao Orçamento Público, LAI, Marketing Digital, Relações Internacionais e História da Arte.
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