Eliminação do Brasil na Copa reflete a supremacia europeia no futebol, por Tiago Barbosa

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Por Tiago Barbosa

No Diário do Centro do Mundo

A derrota para a Bélgica amarga não só pela óbvia saída brasileira da Copa e a interrupção do sonho do hexa.
 
O adeus prematuro aborta a tentativa de equilibrar as forças do futebol no plano internacional e rebaixa de vez o nosso continente ao papel secundário de exportador de talentos.
 
Até o penta do Brasil, em 2002, havia um revezamento natural entre América do Sul e Europa, centros tradicionais da prática do esporte, na conquista do torneio – e nenhum dos dois continentes havia faturado três vezes seguidas a competição.
 
A queda brasileira na Rússia, somada à derrocada uruguaia mais cedo, ampliou o fosso aberto na copa passada e consolidou a supremacia europeia – agora, só seleções do Velho Continente podem ganhar em 2018.
 
O fenômeno se escora – e retroalimenta – no fortalecimento contínuo dos torneios europeus em detrimento dos campeonatos sul-americanos, cada vez mais subvalorizados na comparação com os rivais do além-mar.
 
O dano do eurocentrismo é evidente: em vez de turbinar nossas competições com craques locais, assistimos a partidas com jogadores recusados pelo mercado da bola ou prestes a serem comprados pelos supertimes de lá.
 
Talentos zarpam daqui cada vez mais cedo, seduzidos por propostas milionárias, e inspiram o sonho de jogar na Europa como sinônimo de realização profissional.
 
Nossos técnicos precisam “aprender” a moda europeia de jogar para serem validados pela mídia nativa, cada vez mais embasbacada com esquemas e modelos estrangeiros.
 
A combinação do desterro profissional com a importação da “visão de jogo moderna” – aliada, claro, às falcatruas dos dirigentes e dos negócios escusos das transmissões – ameaça até mesmo a nossa identidade futebolística, porque já não enaltecemos e aplicamos o modo próprio de jogar.
 
O horizonte não é animador: a cada copa, esse termômetro sazonal do futebol, o funil das fases finais nos empurra para a série B da elite da bola.
 
Esse placar precisa virar.

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

10 Comentários

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  1. Quantos paises há na Europa?

    Quantos paises há na Europa? Uns 50

      Quantos paises há na Amér ica  DO SUL ? 12

      Quantos paises há na áfrica ? 54

     Quantos paises há na Ásia ? 48 ou 15, depende da sua leitura.

    Como pode o menor berço da civilização ser pentacampão ?

           Porque é esporte. No tênis  Suécia,

    e Suiça e agora Espanha tem os melhores tenistas.

              Então,falar sobre a supremacia Europeia  no futebol além de ser uma tremenda mentira, não faz sentido pra comparação.

      O velocista Bolt ,nascido e vivido na Jamaica, podemos dizer que Jamaica com menos de 2,600 milhões de habitantes é da ”supremacia ”?

                 Bobagem.

      Um dos maiores gênios da história, corrijo : 3, Nasceram em vilarejos na Italia.

                E por isso a Italia é o berço intectual ? Nem de longe. Só a Grécia ganha dela. 

  2. Cenário desanimador?

    Futebol é um negócio, colega.

    Quando não colocar adequadamente isto no contexto, a discussão sobre futebol será… populista…

  3. Futebol de segunda, por enquanto. Em breve, de terceira!

    Contem nas ruas as camisas do Barcelona, Real, Juventus, City, United, esses e outros times que são verdadeiras seleções à disposição o ano inteiro. O torcedor brasileiro, assim me parece, transformou-se em alguém que acompanha seu time pelo que restou de paixão e não pelo futebol, em verdade de divisão bem inferior ao oferecido pelas principais ligas europeias. 

    Ainda produto para milhões, os grandes do Brasil são grandes pela tradição, mas estão encolhendo. E, curiosamente, o ainda produto para milhões é oferecido em único balcão – no caso, emissora detentora da exclusividade na transmissão. Por que apenas uma emissora? Por que não vender os direitos a quem se dispuser a comprá-los? Por que não tomar o caminho de fortalecimento o esporte brasileiro?

    No país da concorrência proibida, aos dirigentes caberia a resposta, quem sabe se alguém perguntar. Como lhes caberia explicar a política de preços de ingressos, horários, infindável número de jogos, incapacidade de os clubes honrarem salários e quitar a conta de energia.

     

  4. Europeus abandonaram o arcaico modelo de Concentração Canina

    o senso comum ainda prevalencente, acredita que com brasileiros tem que ser assim, aprisionados, com mil proibições “conceentrados” pra saírem com todo o gás (e o enorme peso de venceer como uma guerra de matar ou morrer). Perdeu-se o senso de jogo, do lúdico (mesmo profissionais da empresa CBF e FIFA, autoritárias e … puras, jogam). Tal senso comum acredita que com brasileiros, iriam cair na gandaia, cervejinha, sexo, passeios, indisciplinas. Nossa herança escravocrata que vai muito além da herança militaresca (que conta, claro). Mudar tal “cultura” é muito difícil. Então…

  5. 2×1

    Foi um 2 x 1 com chance de ter empatado e ido pro tempo extra.

    Alemanha foi eliminada …

    Está catando cabelo em ovo.

    Nosso futebol só melhora quando a economia melhorar , futebol queira ou não hoje é negócio.

     

     

  6. O fato é que o aumento do
    O fato é que o aumento do peso relativo da publicidade afetou muito mais a cultura do esporte por aqui do que lá na Europa.

    Tatica, tecnica e garra sempre estiveram presentes em suas varias combinaçoes na historia do futebol.

    Por aqui, no entanto, passaram a achar que tecnica é embaixadinha e pedalada. A “qualidade”…

    Lá fora jamais deixaram de entender que técnica é passe e finalização.

    É uma pena que façam um uso muito torto das estatisticas por aqui. Quem tiver curiosidade, procure ver as estatisticas de passes errados do campeonato brasileiro nos ultimos vinte anos: arrisco dizer que é um dos piores toques de bola do mundo (entre as principais naçoes do futebol); um horror! Os campeões, os campeões erram em media, em média quarenta passes por partida: quarenta! Em media!

    Mas a embaixadinha e a pedalada vão bem, obrigado. A publicidade adora!

    1. Já que falou em estatísticas
      Eu simplesmente não aguento assistir meio jogo por causa do número de faltas. Compare com um jogo da Europa. É de dar dó.

      1. Tem razão: é outra coisa
        Tem razão: é outra coisa terrível; o jogo é todo picotado.

        Pior: se o arbitro deixa o jogo correr, a porrada come! Os hominideos começam a reclamar e reclamar “nao marcou essa aqui e marcou aquela lá. Marcouessa aqui e nso marcou aquela lá”…

        Da canela passa pro joelho; do joelho pra linha de cintura e…pronto, melou o jogo.

        E, pra compmetar, vem um comentarista dizer que o “arbitro nao soube ‘segurar’ a partida”…

        Ou seja, a cultura do esporte foi completamente deformada. A propria torcida por aqui pede falta em qualquer lance, enquanto no resto do mundo a torcida vaia quem se joga. É surpresa um Neymar?

        Demorou foi muito pra virar chacota internacional. As reservas tecnicas de respeito ao futebol brasileiro precisaram ser exauridas. E ainda assim muita gente nao esta percebendo.

        Ou se reúnem e combinam um fim pra isso, ou vai ser tarde demais.

  7. Supremacia Europeia ou simplesmente o imperialismo regendo…..

    Supremacia Europeia ou simplesmente o imperialismo regendo o futebol.

    Distorcer a realidade e esconder os fatos pode levar a conclusões extremamente importantes aos donos do capital, e esta visão que há uma supremacia europeia é um produto deste tipo de distorção.

    Vamos aos fatos, quem são os jogadores das brilhantes supremacistas seleções europeias, ou melhor, quem são os jogadores das maiores equipes estrangeiras?

    Não é necessário ser um profissional da área de genealogia para verificar que na imensa parte dos jogadores das grandes equipes são importados recentes ou até muitos que são praticamente retirados de seus países em idades precoces, não só  para servirem as equipes profissionais, mas naturalizando-se no país que os sequestram, passarem a ser defensores de sua bandeira.

    Ou seja, em pleno século XXI temos um verdadeiro comércio de escravos que induzem estes novos escravos a trabalhando a serviço do grande capital. Os salários são fantásticos, porém o lucro que o imperialismo obtém com todo este tráfico equivalente ao que se fazia nos séculos anteriores ao século XIX da África para a América para o sustento dos seus proprietários. Porém eles poderão se naturalizar, mas na verdade continuarão a serem não cidadãos, mas sim pessoas sem raízes.

    Certamente nos dias atuais, não há o chicote nem outras punições para que estes novos escravos trabalhem, pois para jogar futebol há o contrato. Se alguém duvida da posição de novos escravos simplesmente enxerguem com clareza o porquê Neymar não é aceito por grande parte dos “torcedores” de futebol e até por parte dos seus colegas, simplesmente porque ele não é “humilde”, ou seja, ele não compreendeu que não basta ele ser um dos melhores do mundo, ele tem que aparentar estar agradecido por receber uma pequena parcela dos lucros que ele dá ao Imperialismo Internacional.

    Se Neymar andasse de cabeça baixa, se aceitasse estoicamente as verdadeiras chibatadas que seus adversários lhe dão nas canelas, nos pés e até nas costas, ele seria um novo Pelé, que não aceitava as chibatadas, revidava com vigor, mas as luzes da imprensa e do mundo aparecia como alguém submisso.

    Não senhores, o futebol brasileiro não foi vencido pela supremacia da Europa, o futebol brasileiro perdeu uma partida como ocorre sempre para um dos lados do jogo, porém a inveja, a não aceitação da falta de humildade, não resistiu a crítica dos ventríloquos nacionais que simplesmente repetem a propaganda internacional que diz uma mentira, que os europeus tem a supremacia do esporte. A onde está a supremacia da fantástica seleção alemã que em 2014 obteve uma grande vitória com apoio da imprensa pátria e grande parte da população de direita e de esquerda, que passou anos a dizer que não haveria a copa.

    Para o grande capital a vitória do Brasil em 2014 seria intolerável, pois além de organizar um grande espetáculo que foi impecável, passando a ser uma referência de como deveria ser uma copa, o país não poderia obter uma vitória completa, pois aí sim, a supremacia brasileira seria inevitável.

     

  8. Distribuição de renda, miscigenação e futebol

    Apesar da supremacia européia na copa, o Brasil ainda desenvolve um grande futebol, neste confronto com a seleção classificada como a terceira melhor do mundo pela FIFA, criamos mais de onze chances reais de gol, das quais efetivamos apenas uma, contra apenas cinco do adversário

    Tivemos grandes chances, mas não concluímos, no futebol isto é fatal, com raras exceções.

    Na Europa a melhor distribuição renda, proporciona o fortalecimento dos clubes, com a venda de ingresso, direitos de TV, e material esportivo e uniformes completos com a marca do clube.

    Além disso, a melhor distribuição permite que as crianças pratiquem o futebol, escolas, clubes e cursos, bancados pelas famílias, enquanto que no Brasil a grande maioria dos praticantes do futebol, abandonam os treinamentos específicos muito cedo para trabalhar, restando apenas os dias de folga para prática do futebol, mas bem longe dos clubes e dos centros de treinamentos.

    Outro a ser considerado, cujo considero o mais importante, é a miscigenação, que no Brasil tem origens desde do inicio da prática do futebol, na Europa é processo recente, provocado pelo tão criticada onda de imigração.
    Uma melhor distribuição de renda certamente irá proporcionar que os mais pobres possam praticar o futebol nos clubes e/ou centros de treinamentos por mais tempo, e também fortalecerá os clubes brasileiros.

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