O episódio Claudine Gay e a ação da extrema-direita nas Universidades, por Samuel Braun

Jornal detalha como a reitoria da Penn State foi atacada por realizar um festival de literatura Palestina nesse momento

Divulgação Harvard

Professor de Políticas Públicas da UERJ, o sociólogo Samuel Braun usou sua conta no X para considerações sobre a ação de sionistas em seu perfil e no episódio de Claudine Gay, ex-reitora da Harvard University.

“Os perfis sionistas invadiram meu perfil no post anterior. Provavelmente oriundos de Schwartzman, CONIB e outros adeptos do racismo sionista. Vieram justificar a perseguição à primeira reitora negra de Harvard. E nesse post vou mostrar a sórdida mentira que usam, nos EUA e aqui.

Antes, quero destacar que 90% dos ataques vieram de perfis que compartilham Milei, Kataguiri, Hasselman, Moro, Bolsonaro e esse lixo de extrema-direita. Os 10% restantes eram “sionistas de esquerda” muito bem ambientados com os 90% que eles apoiam. Houve mais de uma mensagem falando em matar antissionistas, dezenas de ataques racistas contra a reitora… esse é o nível do sionismo.

Vamos aos fatos:

1.Claudine se tornou a primeira reitora negra há 6 meses.

2.Há 3 meses, Israel escalou o genocídio em Gaza.

3.Estudantes iniciaram protestos contra Israel.

4.Os alunos gritavam a favor de intifadas, termo árabe pra revolta.

5.A extrema-direita chamou pra depor os reitores de Penn State, MIT e Harvard. Só se debateu antissemitismo, sem uma só menção a islamofobia.

6.Republicanos disseram que intifada é genocídio judeu. E cobraram que quem usasse o termo fosse punido por apologia ao genocida judeu.

7.Reitores negaram a hilária equiparação e qualquer punição.

8.Não só a extrema-direita como os democratas sionistas iniciaram campanha contra os reitores.

9.Deputados, senadores e governadores democratas sionistas pedem a demissão dos reitores.

10.Investidores sionistas ameaçam cortar doações se reitores não forem demitidos.

11.Só então sites anônimos surgem com denúncias de paráfrases sem citação contra Claudine.

12.O Conselho de Harvard, em procedimento rotineiro, cobra que ela corrija as citações. 700 professores a defendem da perseguição.

13.Governador democrata, doadores bilionários e outros sionistas exigem demissão.

14.Claudine sucumbe, se demite e clama ter sido vítima de racismo.

15.Reitores das outras universidades seguem sob pressão, mas ainda se seguram nos cargos.

The New York Times acompanhou passo a passo o caso e define como deturpação “da extrema-direita”:

O The New York Times fez reportagem onde desnuda essa história. Diz que os reitores deram “respostas jurídicas legalmente corretas” que contudo não satisfizeram “ex-alunos e doadores judeus” (o certo aqui seria sionistas) que se opõem aos protestos pró-Palestina nos campus. Segundo o NYT “o governador democrata Shapiro” também cobra da Penn State a demissão da reitora.

O jornal relata ainda que os reitores afirmaram não haver qualquer registro de pedido de morte aos judeus nos campus. Sionistas na audiência retrucaram que se gritava “intifada”, e que isso, segundo eles, significa “eliminação do povo judeu”, ao que os reitores responderam que tal associação por si é ilógica, e que só um contexto específico a tornaria possível – e que não era o caso.

O jornal estadunidense cita ainda bilionários que estão pressionando pela demissão dos três reitores, como Bill Ackman, sionista gestor de fundos de hedge em Wall Street.

Em outra matéria, o mesmo jornal detalha como a reitoria da Penn State foi atacada por realizar um festival de literatura Palestina nesse momento e que, entre os 100 palestrantes, estava Roger Waters. Por fim, cobraram a reitora de Harvard por que a bandeira de Israel não foi hasteada no campus, como a da Ucrânia, ao que a reitora respondeu que o hasteamento de uma bandeira que não dos EUA foi um erro de seu antecessor.

O jornal britânico The Guardian também descreveu a audiência: a deputada republicana Elise Stefanik, crítica de Harvard por considerar a instituição de esquerda, tentou associar o termo “intifada” ao genocídio de judeus. Depois, questionou os três reitores sobre se o apelo ao genocídio dos judeus, ou seja, a menção a intifada, violaria os códigos de conduta de cada instituição. Noticia, por fim, que a posição dos reitores foi deturpada por grupos de extrema-direita americanos, e menciona o jornal The New York Times.”

Samuel Braun – é professor de Políticas Públicas da UERJ, tem Doutorado Economia Política Internacional na UFRJ, Mestre em Ciência Política pela UFRRJ e sociólogo pela UERJ.

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Redação

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