FHC e a qualidade dos serviços públicos, por Renato Janine

Por Renato Janine Ribeiro, via facebook

Li o artigo de Fernando Henrique Cardoso no Globo. Eu tinha certeza, e quase havia escrito isso no Valor faz duas semanas, de que ele falaria que, quando se começa a reduzir a desigualdade, as queixas, a insatisfação e as demandas aumentam, e não o contrário. É a lição da Revolução Francesa: Luís XVI, que ela derrubou e executou, não foi o pior ou mais cruel rei da França. Luís XIV ou XV mereceriam mil vezes mais que ele a guilhotina! Mas foi porque em seu governo começou a “abertura”.

Também, tem toda a razão em cobrar, dos governos, eficiência. Os serviços públicos estão muito ruins. E quando fala dos estopins de maio/junho 2013, está correto em termos gerais. 

A questão está muito na dosagem. Porque, infelizmente, no restante, FHC faz uma pintura rósea demais do PSDB e escura demais do PT. Luiz Eduardo Soares começou no Rio a mudar a segurança pública muito antes que os tucanos sequer pensassem nisso. Brizola inventou os CIEPs, para educação integral, e demorou dois anos para que um dos principais secretários de Montoro soubesse disso (herdeiros do CIEP são os CEUs paulistanos, que NÃO foram obra do PSDB). Pior que isso, o discurso da eficiência na gestão é um dos temas-chave do PSDB desde praticamente o início – “choque de capitalismo” (Covas) ou “choque de gestão” (Alckmin) são bordões seus permanentes. Mas não os vi ocorrer em São Paulo, em que pesem quase vinte anos de gestão deles.

Mas o artigo é positivo, porque mais ou menos delineia um campo de debate em que fatos podem ser arguidos. É muito melhor do que a mera ideologia em que muito se trava. E mais uma vez, implicitamente ou não, FHC retoma sua tese de que seu público é a classe média, não os mais pobres (quando fala do Minha casa, minha vida, não atendendo os assalariados mais bem pagos). Com um artigo e um articulista assim, dá para debater.

 

Redação

15 Comentários

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  1. Pessoal,
    a análise tem muita

    Pessoal,

    a análise tem muita a ver com o que penso sobre a tal “eficiência na gestão” tão propagada pelos tucanos. Os caras estã há 20 anos no comando do maior estado brasileiro, mas, infelizmente, São Paulo não é referência em saúde, educação, transporte público, habitação, promoção social, segurança pública, recuperação de menores infratores etc etc etc. E até mesmo aquele discurso moralista, segundo o qual não se envolviam em corrupção, já não cola há muito tempo. Ou seja, não é por acaso que o PSDB está sem discurso, sem proposta e sem voto. Não fosse a grande mídia, estaria menor que o PPS (Papagaio de Pirata do Serra) do Roberto Freire. 

    1. Roberto Freire, o PPS

      Roberto Freire, o PPS (papagaio de pirata do Serra) valeu o post e a semana. Nem todos os tratados sociológicos juntos seriam capaz de tão precisa definição.

  2. Quanto aos CIEPS, é bom

    Quanto aos CIEPS, é bom lembrar, o esforço sobre midiático de Roberto Marinho,para  destruir  o projeto  do seu arqui-inimigo,Leonel Brizola.

    Travestido  de mecenas,mamou  generosamente  nas  tetas  do MEC,através  dos  seus  “projetos”. Criou a fundação que leva seu nome para aliviar-se fiscalmente,lavar algum excedente  de capital e promover sua generosidade  de capitalista convicto.

    Esse capítulo da sabotagem sistemática do ensino público de qualidade pela  maior organização de comunicações 

    da América do Sul, ainda  está para ser  revelada  , debatida , denunciada e desmascarada perante  os  foros   domésticos e internacionais.

    Seria uma oportuna e  eficaz  resposta à  campanha  encetada  maciçamente pelo PIG contra o projeto libertário

    do iniciado por Lula e continuado por Dilma..

  3. Pensei que ele fosse falar da

    Pensei que ele fosse falar da relação entre o TRENSALÃO e a péssima qualidade do metrô paulista. Mas seria demais esperar tanta honestidade intelectual do Janine Ribeiro.

  4. só para lembrar

    só para lembrar, foi esse tal de FHC que criou as tais “agências reguladoras” que nã o regulam nada, ou melhor, regulam as taxas de lucros das empresas “reguladas”, e que são as campeãs de reclamações no PROCON.

  5. Minha única opção.

    O PT ficar eternamente no poder não é nada bom. O rodízio de poder é que faz a oxigenação da democracia. Acontece que as opções contrárias são francamente sinistras. No governo FHC houve decisões expressamente absurdas, que não podem ser debitadas a erros de gestão e sim à má-fé de uma minoria que queria se dar bem. Genoíno está preso, mas continua pobre. Ex-diretores do BACEN no octênio tucano passaram de professores assalariados da PUC-RJ a grandes empresários, criadores de cavalos de corrida etc., estão soltos. Não vou votar na Dilma porque quero. Trata-se de um gesto de legítima defesa. Defesa dos mais pobres, defesa dos indefesos, defesa da juventude que não tinha horizonte nem futuro em 1995. Quando aparecer alguém que preste, que pense o Brasil, que tenha propostas melhores, que não tire os sapatos nos aeroportos estadunidenses, que não tenha fama de playboy espancador de mulheres e cheirador de cocaína, que não defenda gente como o deputado Feliciano, que não esfaqueie pelas costas aquele que lhe deu a mão, quando surgir alguém assim, voto nele. Ou nela.

  6. O drama do fhc e do psdb é

    que acham que não precisam pensar, mas só acertar o discurso com os frias/civitas/marinhos/mesquitas.

    O pequeno problema é que os tais e os que eles empregam são um bando de boçais. E depois de ler “Operação banqueiro” eu ia acrescentar algo, mas vou ficar por aí em respeito a minha saúde.

  7. > Porque, infelizmente, no

    > Porque, infelizmente, no restante, FHC faz uma pintura rósea demais do PSDB e escura demais do PT.

    É o papel dele, não? Levantar a bola do seu partido e tentar murchar a do PT. Esquisito esse tipo de “crítica”. Em mais de uma década de governo petista não me lembro de ter visto palavras abonadoras do partido, dos seus próceres e dos seus militantes dirigidas a seus adversários.

  8. eu concordo com os  serviços

    eu concordo com os  serviços publicos estao pessimos,  mais  os governantes com a ganancia de puxar sarna para  seu estado  nao visam o melhor para a sua populaçao,  se por um lado  dao emprego  e deixam outras regioes do país sem,  por  outro  aumenta o numero de gente em transportes publico justamente  por  esta razao. 

    Exemplo bem  classico.,  Sao  Bernardo do Campo vai ser  o lugar  para a industria  AERO ESPACIAL,  ou seja  a industria dos  caças  vai  ficar numa  regiao ja  abortada  de gente  e que precisa de transporte  com ela  soma-se  as pessoas  que iram no exodo   para la. 

    Na verdade  esta industria deveria ficar  justamente no  semi arido  brasileiro onde  nao nasce  quase nada, e  assim eles teriam ate mais  area para teste  e desenvolveria a regiao. 

    Sao paulo por exemplo  mesmo  com muita gente deixando o estado para voltar para suas regioes  mais  o dobro chega para somar aos que ja estao. e  quanto  mais  industrias por la for  colocadas mais gente se desloca atraz de trabalho. 

    Vamos ser sensatos, vamos distribuir  as industrias  pelo  Brasil    principalmente pelo sertao   onde mais  é preciso  e acima de tudo  regioes  com muita dificuldade  e que poderiam alcançar o desenvolvimento  com   essas industrias desafogando regioes como SP. 

    Quando aparece uma nova industria para ser  instalado em solo brasileiro, começa  a briga,  SP, RJ  RGS  MINAS, sao os principais  e que sempre ganham  em detrimento  de regioes Norte e Nordeste,  

  9. me desculpe o cidadao que diz

    me desculpe o cidadao que diz que rodizio de poder  é que  faz  a oxigenaçao da democracia,  voce  esquece que se um candidato é reeleito é porque a populaçao o aprova.  será que voce diria o mesmo dos  20 anos de PSDB em SP, roubando descaradamente,  o que  ja  se soma    40 bilhoes   desviados dos   trens  e  metros  de SP.  fora  a mafia do ISS,  

    Nao ja ouviu o ditado que diz  EM TIME  QUE  ESTA GANHANDO NAO SE MEXE –  pois  é quem vai  querer  trocar a tranquilidade  que  estamos tendo durante esses  11 anos  por um tucanos  LADRAO.  quem vai querer  botar no poder um homem por exemplo que ja deu entrada no Hospital  por  OVERDOSE,  o seu  AECIM,  e me  mostre quem  tem cacife  para manter  o que este governo vem fazendo?  seja realista, nao seja  tucanado/lavado,  use o bom senso.  Nos  estamos  muito obem obrigado, podemos melhorar  mais, mais infelizmente  temos  o PARTIDO DA IMPRENSA GOLPIS,  DIREITA E EXTREMA DIREITA  LUTANDO  CONTRA O PROGRESSO DO BRASIL. e gente como voce  com a cabeça lavada  ou que  quer lavar a cabeça dos  incautos. me faça o favor  

  10. FHC A QUALIDADE DOS SERVIÇOS PUBLICOS.

    a culpa  maior  é da ganancia dos governantes  principalmente de SP,  pois  a cada nova industria que  se prepara para se instalar no Brasil os governantes de estados como  SP ,RJ, MINAS  RGS,  entram na briga para  conseguir  que fique no seu  respectivo estado em detrimento de regioes  mais apropriadas para  sua instalaçao. é o caso da  industria  dos  caças  que ja  vai ser instalada em SAO BERNARDO DO CAMPO, Ora sabemos que houve  o jogo de interesse  por isso mais  a regiao  apropriada  para tal industria seria  o  Sertao brasileiro, ou  seja   NORTE OU NORDESTE, isso porque eles teriam ate mais  area para  testes  e alojamento das  aeronaves.  

    Sabemos que  Sao Bernardo que ja  vive  aborrotado de gente  vai ter sua  capacidade ainda mais aumentada  o que  demanda  da necessidade de aumento  de transportes publicos  que ja  é o caos, 

    Para se ter um ideia do que é capaz  certos politicos do Brasil,  temos o exemplo na  BAHIA: o polo petroquimico  de Camaçari  vem sendo desmontado aos poucos  e   montado  no RJ,   isso  é vero.  O  que por la funciona  sao algumas industrias mais  a maioria  ou está parada  ou foram  transferidas.   ai  voce ver o resultado  de  Estados  super populosos  ou mais precisamente cidades  como SP.  S. Bernardo  e outros  por causa  dessa burrice  pois nos  EUA  eles escolheram justamente regioes  onde nada se produz  para  instalar  industrias  quimica  e outras. Isso é planejamento   e o jogo de interesses fica   de lado. 

    POR  OUTRO LADO. FHC nao pode abrir a boca para falar de qualidade dos  serviços  publicos, ele esteve a  frente  da Presidencia por 8 anos  e nao fez nada,  quebrou muitas indsutrias, destruiu o resto da malha ferroviaria do país,  entregou a Lula  a Malha rodoviaria  em  frangalhos   e nao sou eu que estouy dizendo   sao  revistas internacionais, portanto  ele  deve parar  de  RELINCHAR.  

  11. Banco Mundial

    Enquanto o FHC não muda o tom, o Banco Mundial pensa diferente:

    http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=1&id_noticia=235027

     

    Banco Mundial quer levar exemplo do Bolsa Família a outros países

     

    O programa de transferência de renda que virou referência do governo brasileiro, o Bolsa Família, acaba de virar produto de exportação. Isso porque, a convite do Banco Mundial, que quer firmar uma parceria com o Brasil, a iniciativa implementada no governo Lula e que tirou milhões de brasileiros da pobreza deverá ser transferida para países em desenvolvimento interessados em investir nos mais pobres. 

    De acordo com a ministra Tereza Campello, do Desenvolvimento Social, os parceiros são países que já “usam o exemplo do Brasil como inspiração”. Uma das ações sugeridas é criar uma plataforma tecnológica para transferir informações e resultados do Bolsa Família, definido pela ministra como “o programa mais estudado do mundo”.

    Na semana passada, a ministra viajou a Washington para se reunir com altos funcionários do organismo internacional, a fim de explorar a parceria com o Brasil.

    Para o deputado Pedro Eugênio (PT-PE), o reconhecimento da eficiência do Bolsa Família apenas atesta o sucesso do programa dentro do Brasil. “O Bolsa Família não é apenas um programa de complementação de renda. Ele também cuida da promoção social das famílias assistidas, cobra a contrapartida da frequência das crianças à escola e abre espaço para a capacitação dos beneficiários”, ressaltou.

    Sobre as críticas ainda existentes ao programa, o parlamentar disse que elas partem de setores minoritários e retrógrados da sociedade contrários à mobilidade social no País. “Mas é bom que essas ideias apareçam, para que a maioria da sociedade possa saber quem são aqueles que não querem ver o novo Brasil que surgiu após o governo Lula e que tem continuidade com a presidenta Dilma”, destacou.

  12. Renato Janine Ribeiro é cândido com FHC

     

    Luis Nassif,

    O texto de Renato Janine Ribeiro que saiu no facebook e você o transformou em post aqui no seu blog fala de um artigo de Fernando Henrique Cardoso que você certamente lera. Achei ruim você não ter contextualizado o texto de Renato Janine Ribeiro e também não ter deixado uma indicação do artigo de Fernando Henrique Cardoso a que Renato Janine Ribeiro se referia. E diga-se que o pior foi o próprio Renato Janine Ribeiro não ter datado o comentário dele e ao mesmo tempo não ter dado o título do artigo de Fernando Henrique Cardoso.

    Não vou fazer dessas falhas um cavalo de batalha. Até porque gosto de Renato Janine Ribeiro como filósofo embora como colunista no jornal Valor Econômico parece-me que ele procura aumentar o número de leitores emitindo opinião que em meu entendimento o desmerece. Um exemplo de uma análise dele que mais aproxima de querer expressar aquilo que mais atrai leitores é o artigo dele intitulado “A luta contra a corrupção desanima” de segunda-feira, 01/08/2011, publicado antes das manifestações de junho de 2013 e centrada no processo de faxina que segundo a mídia a presidenta Dilma executava no início do seu governo. Por indicação do comentarista Paulo Cezar, o artigo “A luta contra a corrupção desanima” foi transformado em post aqui no seu blog com o título de “Corrupção: o seletivo é conivente, por Renato Janine” de segunda-feira, 01/08/2011 às 18:49 que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/corrupcao-o-seletivo-e-conivente-por-renato-janine

    O artigo não é de todo ruim, e, apesar de ser mais específico sobre o Brasil, soube iniciar bem caracterizando que o que ele falava sobre o Brasil era aplicável ao resto do mundo. Justificando porque a luta contra a corrupção desanima, título do artigo, Renato Janine Ribeiro refere-se a três problemas da corrupção e que seriam: a) a suspeita de que o desvio de dinheiro público esteja crescendo em vez de diminuir, b) a percepção de que não ocorre castigo e c) a percepção de que a maioria das manifestações (escritas) emana de pessoas absolutamente indiferentes à corrupção (apenas se instrumentaliza o combate a corrupção para fins políticos).

    Bem, da leitura do primeiro problema relativo à corrupção e identificado por Renato Janine Ribeiro percebe-se que ele se refere à corrupção em termos genéricos, pois a corrupção legal é recebimento de dinheiro privado para a prática de ato. Não incluindo no sentido que ele dá para o termo corrupção o que se poderia chamar de corrupção da alma, tenho por mim que é primário e tacanho, ou mesmo infantil, supor que a corrupção esteja aumentando. A capacidade de controle dos gastos públicos está em condições muitas vezes melhores do que há 10, 20, 50, 100 anos.

    Fiz comentários ao post e os enviei para Paulo Cezar que dera a sugestão. Lá em meus comentários, eu faço crítica aos três problemas concernentes à corrupção e apontados por Renato Janine Ribeiro. Em relação ao segundo problema, eu dizia que se se fizer pesquisa vai-se constatar que o castigo está se verificando e está aumentando. E quanto ao terceiro problema, eu considerava legítimo que a oposição instrumentalizasse o combate à corrupção como forma de criticar o governo.

    Para justificar minha crítica à afirmação de Renato Janine Ribeiro de que o combate a corrupção estava sendo instrumentalizado, eu, em comentário que enviei para Paulo Cezar segunda-feira, 01/08/2011 às 20:34, mencionei o artigo de José Arthur Giannotti aparecido na Folha de S. Paulo de 17/05/2001 com o título “Acusar o inimigo de imoral é arma política, instrumento para anular o ser político do adversário”.

    Foi-me ruim ter que citar o filósofo, José Arthur Giannotti, de quem eu não gosto para criticar Renato Janine Ribeiro de quem eu gosto. No post “Chauí e Giannotti”, de 24/08/2005, no blog de Na Prática a Teoria é Outra, eu deixei o link para o artigo de José Arthur Giannotti. Lá ainda há outros links importantes e então coloco a seguir o link para esse post “Chauí e Giannotti”.

    http://napraticaateoriaeoutra.org/?p=300

    Nos comentários que enviei para Paulo Cezar junto ao post “Corrupção: o seletivo é conivente, por Renato Janine”, eu ainda desanco o artigo de Renato Janine Ribeiro por outros trechos que eu considerei bastante fracos. Até uma alteração na redação de uma frase de Rui Barbosa me pareceu que foi uma forma de tornar a frase mais ajustada à situação e palatável ao leitor.

    Também não gostei deste texto que Renato Janine Ribeiro disponibilizou no facebook dele. Em primeiro lugar pelas razões já mencionadas acima: falta de contextualização, não apresentando sequer a data do texto e falta de indicação sequer do título do artigo de Fernando Henrique Cardoso. Em segundo lugar porque é necessário ser mais enfático em apontar os lugares comuns dos textos de Fernando Henrique Cardoso. Normalmente, Fernando Henrique Cardoso utiliza de todo um cabedal de conhecimentos acumulado ao longo de uma vida de quem viveu para adquirir conhecimento para dizer quase coisa nenhuma. E o conhecimento que Renato Janine Ribeiro possui dá a ele condições de apontar essas deficiências nos textos de Fernando Henrique Cardoso.

    E terceiro, pareceu-me um tanto fora do lugar à referência à Revolução Francesa. Não me parece que o reinado de Luis XVI possa ser a lição que se tem para se saber que “quando se começa a reduzir a desigualdade, as queixas, a insatisfação e as demandas aumentam, e não o contrário”. Pode até ser que a diminuição de desigualdade tenha ocorrido no reinado de Luis XVI, afinal um dos fatores estimuladores para a Revolução Francesa foi a alta inflação que então existia. E a inflação é alta quando o governo tenta fazer muita coisa ao mesmo tempo. Então pode ser que naquela época o governo sem uma bom sistema de arrecadação tenta fazer muita coisa criando emprego que acaba favorecendo a classe mais pobre, mas precisando de imprimir dinheiro acaba gerando inflação e com isso cresce o descontentamento popular. E o pior foi dizer que Luis XVI tinha realizado a abertura, supondo então que esta abertura é que deu vazão às queixas e à insatisfação e assim cresceram as demandas e veio então a revolução.

    Mais bem teria feito Renato Janine Ribeiro se houvesse mencionado Adolph Wagner. Está disponível em pdf no seguinte endereço:

    http://econometrix.com.br/pdf/bdbb81e2a2c4f153b743f82783bbaed553322c82.pdf

    O trabalho intitulado “A Lei de Wagner” com 13 páginas. Infelizmente não há a indicação da autoria do texto e da data do mesmo. O importante é que o artigo traz as três seguintes regras ou leis formuladas por Adolph Wagner (O trecho sublinhado a seguir estava no original em itálico):

    “O nível dos gastos totais de um governo não pode ser determinado in abstracto”;

    “O gasto do governo poderá ser maior, quer em termos absolutos, quer em termos de relação à renda nacional, à medida que os serviços públicos sejam maiores, à medida que sua contribuição para a produtividade geral da economia seja maior e, finalmente, à medida que sua renda como produtor (isto é, renda não tributária) seja maior”;

    ““Law of incrasing expansion of public, and particularly state, ativities” = “Law of increasing expansion of fiscal requirements” – Estas duas variáveis crescem, e, mais acentuadamente, aquelas relativas aos governos locais, quando a administração é descentralizada e os governos locais são bem organizados”.

    Ao término do trabalho o autor, ou autores, rescreve a Lei de Wagner, assim chamada em homenagem a Adolph Heinrich Gotthelf Wagner que a concebeu e a publicou em 1992, portanto há mais de 120 anos, da seguinte forma:

    “Quanto maior for o nível de bem-estar de uma sociedade, maior será a participação do setor público nesse sistema econômico”.

    A justificativa se fundamenta na idéia de que à medida que a renda per capita aumenta mais exigente se torna a população e, portanto, maior é a necessidade de o Estado fornecer serviços a esta população.

    E deixo indicado o artigo de Fernando Henrique Cardoso e que teria sido publicado no jornal O Globo. Trata-se do artigo “Mudar, com pé no chão” de domingo, 02/02/2014 e que pode ser visto no blog de Ricardo Noblat no seguinte endereço:

    http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2014/02/02/mudar-com-pe-no-chao-522771.asp

    A leitura do artigo “Mudar, com pé no chão” vai permitir observar que não há nada de novo no texto. O próprio Renato Janine Ribeiro diz que Fernando Henrique Cardoso retoma a tese de que o público dele “é a classe média”. Retoma, porque trata-se de tese antiga de Fernando Henrique Cardoso. Faltou também aqui uma referência ao artigo de Fernando Henrique Cardoso em que ele lança esta tese. Trata-se do artigo “O Papel da Oposição” e que pode ser visto também no blog de Ricardo Noblat no seguinte endereço:

    http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2011/04/12/o-papel-da-oposicao-374379.asp

    O artigo foi postado no blog de Ricardo Noblat segunda-feira, 12/04/2011 às 8p1m. E vale lembrar que naquela época Aécio fazia o discurso dele no Senado Federal ganhando repercussões semelhantes a que Fernando Henrique Cardoso ganhara com o novo artigo dele.

    É bom que se diga que, embora eu considere que Lula tem mais articulação discursiva, mais empatia, nas suas falas com a população, eu não vou deixar de ler um artigo de Fernando Henrique Cardoso apesar de o saber recheado de lugares comuns e de truísmos desnecessários para ler um texto de Lula a menos que tenha sido Luiz Soares Dulci quem o escreveu.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 03/02/2014

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