Para entender as cabeças em torno do programa econômico do PT, por Luis Nassif

Por isso mesmo, quem quiser entender o futuro programa econômico de Lula, mesmo com todos os vácuos de decisão, deve prestar atenção no ex-Ministro da Saúde Alexandre Padilha.

O primeiro passo é separar a figura de Lula do PT. O PT é o partido de Lula. Mas o governo de Lula é uma frente ampla, na qual o PT terá papel preponderante, mas não a palavra final. Por isso mesmo, os trabalhos elaborados pela Fundação Perseu Abramo são relevantes, mas não serão definitivas para o governo Lula. A última palavra será, sempre, de Lula, negociando com os parceiros.

Aí entra o fator Aloisio Mercadante. Ele tem história no PT, participou das origens, no início dos anos 90 fazia parte do setor econômico do PT – ao lado de Guido Mantega -, tornou-se interlocutor de grandes empresas e com a mídia e consolidou um estilo político rompedor. Tem dificuldades de relacionamento, é grosseiro, imperial. E não menciono essas características como crítica pessoal, mesmo porque temos mais de 30 anos de convivência e seus arroubos nunca atrapalharam nosso relacionamento.

Essas características são defeitos políticos. Na grande crise do impeachment, um dos maiores obstáculos encontrados, por aqueles que tentavam salvar o governo Dilma, eram as mágoas dos políticos com o tratamento recebido de Mercadante e da própria Dilma. Além de uma megalomania, que o fez explodir alguns programas criados por Fernando Haddad, inchando-os além do que recomendava a prudência.

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Agora, Mercadante quer impor as ideias de seu grupo. E o faz com a desenvoltura dos ignaros, sem preocupação com a linguagem, com estratégias para contornar os preconceitos que se abatem sobre o PT. A divulgação não visa combater as propostas liberais – inexistentes -, mas os próprios estudos que estão sendo conduzidos por especialistas diretamente ligados a Lula.

Por isso mesmo, quem quiser entender o futuro programa econômico de Lula, mesmo com todos os vácuos de decisão, deve prestar atenção no ex-Ministro da Saúde Alexandre Padilha. Ele não é o especialista econômico, mas o interlocutor que tem conduzido um diálogo firme e com credibilidade junto ao tal do mercado e setores empresariais. E, na medida do possível, tenta consertar os estragos de Mercadante, que se tornou a festa dos editorialistas do Estadão, Globo e Folha.

Luis Nassif

13 Comentários

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  1. Mercadonte, o atrasado.
    Que as deusas e os deuses te ouçam, Nassif, e que me leiam, por favor, Lula, Padilha e os não mercadontes. A última atuação de Mercandante na gestão pública foi à frente do MEC, quando das duas maiores greves da universidade pública (2012 e 2015). O MEC, sob os governos Dilma conseguiram um ‘bi-campeonato’ diante de FHC ( até então a maior greve ocorrera em 2001). Resultado: dividiram o movimento sindical de esquerda no ensino superior (Proifes e ANDES até hoje são antagónicos). Com endosso cúmplice do Proifes , corroeram e desmantelaram a carreira docente criando novos degraus de progressão para ingressantes, extinguiram direito de preservar 75% do último salário anterior a aposentadoria, limitando esta ao teto da previdência- sendo que Lula já havia ‘mordido’ 25% do direito a aposentadoria integral, porque, até FCH, era 100%. Mas Lula compensou investindo em expansão física-estrutural e em verba pra pesquisa e formação, e não houve sequer uma greve em seus governos, negociando, diferente de Dilma e Mercadante, que, em 2015, fechados em copas e sem dialogar com comando de greve, chamaram a PM do DF para expulsar à pancada manifestantes que ocuparam o saguão do MEC, e excluiram as Ciências Humanas do Ciência Sem Fronteiras. Antes que me apedrejem com a pecha de ‘defensor de privilégios’, convém lembrar que quem opta por carreira docente, em qualquer área, abdica de anos de atuação no mercado privado para se dedicar à formação de graduação e pós-graduação que pode levar até 15 anos no país no qual são raros os apoios para tal. Apesar de tudo, a academia foi uma trincheira contra o Golpe do Impeachment de 2016. E há quem estranhe que os reitores não eleitos nomeados por Bolsonaro tenham apoiadores e assessores mesmo que não sejam pessoas de direita…
    Portanto, restou aberta uma cicatriz resultante desses erros desastrosos de Dilma e Mercadante na Educação, que só se fechará com a reversão de medidas equivocadas adotadas em 2012-15, reestruturando a carreira docente, senão em patamares anteriores, ao menos não tão corrosivos como os atuais, que não apontam para perspectivas positivas futuras a quem nela almeja nela permanecer tendo nela ingressado após o desastre que foi Mercandate . Imaginem o que não seria (será?) da Economia tendo-o à frente?

  2. O Túlio diz tudo, para quem é professor universitário. Na greve, a Dilma recusou ouvir os professores, quem tomou posse em 2013 e em 2014 têm progressões de carreira distintas. Para um exemplo claro, ela preteriu as ciências sociais e humanas do Programa Ciência sem Fronteiras, e tomou um golpe de estado. Tudo o que cientistas das sociais e humanas fazem é colocar a inteligência para assegurar uma vida melhor em sociedade, e a democracia é uma grande conquista. Ela tomou um golpe de estado… isso é didático.

  3. Se o Mercadante é tão nocivo, por que foi convocado para participar do possível governo? Esse é o problema do PT e do Lula, não conseguem se desvencilhar dos ‘companheiros’ por mais tóxicos que sejam. Uma prática suicida da qual o PT não consegue se desvencilhar.

  4. Waldorf–Astoria ,aali se reuniu Mercadante com FHC,seu filho,Tasso e Aécio combinando uma candidatura do PT ao governo Paulista para perder,esse á a fraude esquerdista Mercadante.
    Com esse sujeito nada vai mudar ,tudo vai ficar com está para saber como ficará.

  5. O sonho do Mercadante era ser o sucessor da Dona Dilma. Mercadante e o Zé da Justiça formam uma dupla perigosa. Portanto, o Lula sabe o que os dois fizeram do verão passado. Tenha o inimigo debaixo dos seus olhos.

  6. Economistas são otimistas em si. Olham números, constroem graficos, e acham que pra tudo tem solução. Estudam teorias, escolas, analisam tendências e sempre as consideram dominantes, desprezando as contratendências. Mas a economia é economia política, e pessoas sem esse faro são inúteis. Padilha? Sei não

  7. A força da chapa do campo profresasista-democrático, o fiador da mudança é o Lula. Graças a Deus e a Inteligencia Política do Lula , ha chance real de ganhar no 1º Turno. Desde que o PT nao atrapalhe.

  8. Sempre me pergunto a razão pela qual o Mercadante continuar em alta dentro do PT. Impressionante o muro que existe dentro do PT que não deixa acontecer renovação de tudo que nunca funcionou.
    Sempre sinto calafrios assustadores quando leio o nome do Arrogante, fico sempre achando que não vai demorar aparecer o nome do José Eduardo Cardoso pra recompor a dupla de lunáticos que contribuiu pra levar a Dilma (e consequentemente o Brasil) pro fundo do poço.
    Comentário perfeito do tulio sobre a passagem do Arrogante pelo MEC.

  9. Nassif, veja o que é defender um médico para Economia.

    https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/eletrobras-padilha-afirma-que-lula-nao-tem-historico-de-rasgar-contratos/

    Ciro Gomes e sua retórica não organiza nada, sabemos. Como o velho brizolismo é um caudilhismo sem a elegância natural e autêntica gaúcha, mas diz que não aceita a entrega da Eletrobrás. Pense bem, se a juventude vai defender uma chapa Lula-Chuchu. No DCE da USP os petistas e lulistas levaram uma goleada agora. Tem certeza que o problema é economia ou ou o cara que Lula vai indicar ao cargo?

    Sem contar o último doutor que Lula escolheu. A história se repete e Lula não aprende…

  10. Padilha já começou a pisar na bola, garantindo que “Lula não é de rasgar contrato” a respeito do crime de lesa pátria da entrega da nossa segurança energética, junto com a Eletrobras, ao mercado vadio, digo, financeiro, mundial. A recuperação do controle da Eletrobrás pela União tem de ser promessa explícita no programa de Lula. Se não, votar para que?

  11. Nassif,

    O mercadante pode ser tudo que voce escreveu, mas, por isso mesmo, do lado dele nao vem surpresas. Por piores que sejam, sempre serao noticias esperadas.
    Com o dr. alexandre padilha – quisera eu que ele fosse como voce descreve – as coisas sao diferentes e as súrpresas serao constantes. Tipo um medico ser o iterlocutor do programa ecoomico de um partido com 500 mil economistas – alguns bastante competentes.

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