África: ataque de milícia islâmica a escola em Uganda deixa mais de 30 mortos

Pelo menos 37 pessoas, a maioria estudantes, morreram vítimas de um atentado na noite de sexta-feira (16) no oeste de Uganda

Familiares das vítimas nos arredores da escola de Mpondwe, alvo de um ataque da ADF, uma milícia jihadista. © AFP

da RFI

África: ataque de milícia islâmica a escola em Uganda deixa mais de 30 mortos

O ataque visou a Lhubiriha High School, uma escola secundária em Mpondwe, no distrito de Kasese, perto da fronteira da República Democrática do Congo. Dormitórios foram queimados e os estudantes foram esfaqueados até a morte. O porta-voz da polícia local, Fred Enanga, informou que os autores também “saquearam” uma loja de alimentos.

A polícia foi alertada no final da noite e, ao chegar ao local, encontraram a escola em chamas e os cadáveres dos alunos espalhados pelo chão. Várias pessoas também podem ter sido sequestradas, de acordo com o porta-voz das Forças Armadas de Uganda, Felix Kulayigye. “Nossas forças estão perseguindo o inimigo para resgatar aqueles que foram capturados e destruir este grupo”, disse ele em um comunicado.

Segundo o Exército, o ataque foi cometido por membros das Forças Democráticas Aliadas (ADF, na sigla em inglês), uma milícia islâmica. O grupo está entre os mais violentos em atividade na região.

O general Dick Olum disse à AFP que os serviços de inteligência já haviam identificado a presença das ADF na área pelo menos dois dias antes do ataque. Segundo ele, os jihadistas tinham informações detalhadas sobre a escola. “Eles sabiam exatamente onde estavam os dormitórios das meninas e dos meninos”, relatou. “Então trancaram a ala dos meninos e colocaram fogo. A ala das meninas não foi trancada e, quando elas tentaram fugir, foram atacadas com facões e algumas foram abatidas imediatamente”. Segundo ele, alguns corpos estavam tão queimados que será necessário realizar testes de DNA para identificá-los.

Os agressores fugiram em direção ao Parque Nacional de Virunga, localizado em território congolês, mas que também faz fronteira com Ruanda. O local é uma das mais antigas reservas naturais da África, santuário de várias espécies raras, entre elas os gorilas das montanhas.

Recompensa para captura do chefe da milícia

O episódio já está sendo considerado o mais mortal em Uganda desde duplo atentado em  Kampala, em 2010, quando 76 pessoas morreram vítimas de um ataque reivindicado pelo grupo islâmico Shebab, com sede na Somália.

Mpondwe, onde está situada a escola atacada, fica a menos de dois quilômetros da fronteira. A região é conhecida pela presença ativa dos membros das ADF. A milícia é acusada de ter executado milhares de civis desde a década de 1990.

As ADF é um grupo formado principalmente por rebeldes ugandenses, a maioria deles muçulmanos. Desde 2019 eles juraram lealdade ao grupo Estado Islâmico, que os apresenta como seu braço na África Central.

Este não é o primeiro ataque a uma escola em Uganda atribuído às ADF. Em junho de 1998, 80 estudantes foram queimados até a morte em seus dormitórios em um ataque das ADF ao Instituto Técnico de Kichwamba, também perto da fronteira com a República Democrática do Congo. Mais de 100 estudantes foram sequestrados na ocasião.

Uganda e a República Democrática do Congo lançaram uma ofensiva conjunta em 2021 para expulsar as ADF de seus redutos congoleses, mas essas operações não conseguiram até agora acabar com os ataques do grupo.

Os Estados Unidos anunciaram no início de março que ofereciam uma recompensa de até US$ 5 milhões por qualquer informação que pudesse levar ao seu líder, o ugandense Musa Baluku.

(Com AFP)

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