Ataque à embaixada iraniana mostra violação contínua da legislação internacional por Israel

Carla Castanho
Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN
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Conflito no Oriente Médio tem se concentrado nos ataques do Irã a Israel, ignorando o bombardeio de Israel à embaixada iraniana na Síria

O conflito entre Israel e Irã tem se concentrado nos recentes ataques do Irã a Israel, aparentemente ignorando o primeiro ataque de Israel à embaixada do Irã em Damasco, na Síria. O que ressalta a violação contínua da legislação internacional que ocorre há décadas por parte do Estado de Israel, e reiterada no governo Netanyahu. 

A opinião é do cientista político Claudio Couto, um dos analistas do programa Política na Veia – junto do jornalista Luis Nassif – exibido toda terça-feira, na TV GGN [confira o link abaixo].

“Essa violação sistemática que o Estado de Israel comete há décadas, não é só o governo Netanyahu, é um cometimento sistemático de violações da lei internacional, isso se refletiu também nesse ataque à embaixada iraniana. Não era um alvo militar, era uma embaixada”, analisa o cientista político.

O bombardeio citado por Couto vitimou sete membros da Guarda Revolucionária Iraniana e seis cidadãos sírios, no consulado iraniano em Damasco, na Síria, no início do mês.

“O fato de haver militares na embaixada não se justifica, assim como não se justifica a ação que está sendo perpetrada em Gaza, em que sob o pretexto de atacar supostos alvos militares se destrói tudo, toda a infraestrutura de Gaza, residências, se matam pessoas a rodo e até reféns israelenses”, observa.

O ataque do Irã, portanto, foi uma “resposta habilidosa”, de acordo com o jornalista Luís Nassif, que destacou também o comunicado feito por Teerã às autoridades da Turquia, Jordânia e Iraque para que Israel pudesse se precaver. 

“A resposta do Irã foi uma resposta habilidosa, diria que aqui no Brasil foi uma resposta mineira, antes de Minas ser representado pelo Zema. Ele fez um ataque pequeno, alertou antecipadamente, mostrou que tem condições de ampliar o ataque, mas não teve vítimas civis. Deu espaço para que Estados Unidos e Europa segurassem Israel para evitar uma escalada do conflito”, pondera Nassif.

Para Nassif, apesar da moderação por parte do Irã e o direito de autodefesa, a escalada do conflito pode culminar numa nova retaliação de Israel, já que “a lógica do Netanyahu só se sustenta enquanto tiver guerra, ele fez uma provocação para tentar ampliar a guerra e ampliando a guerra, Europa, Estados Unidos acabam com as restrições em relação a Israel”. 

“O único ponto fora da curva que não obedece a racionalidade é Netanyahu, se não obedece, não dá pra esperar coisa boa”, conclui.

A fracassada mudança sutil de rota dos Estados Unidos

Um outro ângulo do debate do programa desta terça foi o envolvimento dos Estados Unidos, que vinha tentando uma “mudança sutil de rota” sobre a posição de Israel à luz do massacre em Gaza. No entanto, se mostrou fiel ao se aliar ao Estado no contra-ataque do Irã, o que fez com que, ao lado de britânicos, franceses e jordanianos, interceptassem 99% das ameaças recebidas – entre drones e mísseis.

“O Biden vai ter muita dificuldade, foi um episódio muito ruim para ele, ele vinha tentando depois de muita tergiversação uma certa mudança muito sutil de rota com algum tipo de crítica. No que veio esse episódio, teve que se perfilar de novo, por conta das suas escolhas, preferências, que é a tradição da política norte-americana com relação a Israel”, analisa.

Ainda que o Irã diga que tenha cumprido seu objetivo justificando uma defesa legítima, na ONU, o país iraniano reitera que o conflito pode se intensificar caso haja uma nova resposta de Israel e EUA. 

“Mas ainda sendo o Irã um notório inimigo dos EUA, chamado por eles de grande satã, enquanto que Israel seria o pequeno satã, na terminologia da revolução islâmica iraniana,  se envolve o Irã, aí claro que eles iriam se perfilar ao lado de Israel”.

A conduta, portanto, deixa ainda mais claro que os EUA estarão ao lado de Israel haja o que houver. “Caso o Netanyahu resolva engrossar pra cima do Irã e entrar numa aventura militar, o que ele acabou dizendo é que os EUA estarão ao lado dele [Israel].

Assista ao programa completo pelo link abaixo:

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Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN

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  1. Os israelenses tanto fizeram – e continuam fazendo – que vão acabar cancelando definitivamente antigos laços históricos que unem os judeus aos iranianos, quando o grande rei Dario da antiga Pérsia, hoje Irã, liberou esse povinho do cativeiro em Babilônia. —— As vítimas assassinadas no ataque à embaixada eram todas conselheiros militares convidados, ao contrário dos ocupantes militares ilegais dos EUA que se recusam a deixar a Síria e o Iraque” escreveu Joachim Hagopian, formado em West Point, ex-oficial do Exército e autor de “Don’t Let the Bastards Getcha Down”, que expõe o sistema podre e viciado do comando militar dos EUA. —— Mentiras e distorções de fatos nos relatos do que acontece no Oriente Medio demonstram como o padrão jornalístico notoriamente baixo pode ser rebaixado ainda mais, escreveu o analista Philip Giraldi no Global Research. Ignorar o bombardeio de Israel à embaixada iraniana faz parte da manipulação midiática. Jeremy Scahill e Ryan Grim são autores do artigo “New York Times dá instruções aos jornalista de não usarem “genocidio”, “limpeza étnica” e “territórios ocupados”. E por que tanta deferência a Israel? Muito simples. Christopher Bollyn, jornalista investigativo revela: o New York Times é de propriedade da sionista B’nai B’rith, Loja maçônica super exclusiva e recorda que esse jornal publicou no dia 11 de setembro de 2004, na seção Opinion Pages, referindo-se ao atentado às Torres Gêmeas, um memorável exemplo de engenharia social: “Nesses três anos, começamos a entender o que aconteceu, sem saber o que aconteceu”.

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